"Desafio direto à ordem internacional". UE condena encontro entre Putin, Xi Jinping e Kim Jong-un

A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, considerou esta quarta-feira o encontro entre os presidentes russo, chinês e norte-coreano um "desafio direto à ordem internacional". Os três líderes estiveram juntos em Pequim, onde assistiram à parada militar para assinalar o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: Vladimir Smirnov - Sputnik via Reuters

Na opinião da alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, o encontro entre Vladimir Putin, Xi Jinping e Kim Jong-un não só envia "sinais anti-ocidentais" como representa um "desafio direto à ordem internacional".

"E isto não é apenas simbólico", alertou Kallas. "A guerra da Rússia na Ucrânia é apoiada pela China. São realidades que a Europa tem de enfrentar".

As declarações de Kaja Kallas surgiram antes de uma conferência de imprensa da Comissão Europeia em Bruxelas sobre o acordo comercial com os países do Mercosul. "Enquanto os líderes ocidentais se juntam em diplomacia, uma aliança autocrática procura uma via rápida para uma nova ordem mundial", acusou.

Kallas sublinhou ainda que "a China e a Rússia também estão a falar em fazer mudanças conjuntas que não são vistas há um século" na arquitetura de segurança global.

A chefe da diplomacia da UE frisou que "Putin, Kim e Xi apareceram juntos em público pela primeira vez, projetando uma visão de paz através do cano de uma arma. Não é isso que significa paz para a Europa".
Kallas pede "coragem política" aos 27

O presidente chinês e os seus homólogos russo e norte-coreano assistiram esta quarta-feira, em Pequim, à parada militar que assinalou o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

Os três líderes subiram juntos à tribuna de honra, depois de terem saudado individualmente cinco veteranos da Segunda Guerra Mundial, alguns com mais de 100 anos.

Xi Jinping aproveitou a ocasião para apresentar o seu país como "imparável". "O renascimento da nação chinesa é imparável e a nobre causa da paz e do desenvolvimento da humanidade irá certamente triunfar", afirmou no seu discurso.

"A humanidade enfrenta mais uma vez uma escolha entre a paz ou a guerra, o diálogo ou o confronto", continuou, apelando a que se evite a repetição de "tragédias históricas", como a que levou à morte de milhões de chineses pelas tropas japonesas há mais de 80 anos.

Após estas declarações, Kaja Kallas sublinhou que, neste período de grande tensão geopolítica, a Europa deve "reforçar o seu poder (...) para participar como um ator de pleno direito".

A responsável referiu também Gaza como "um exemplo de uma situação na qual não estamos a usar o nosso poder geopolítico" devido à falta de "união", pelo que pediu aos Estados-membros que demonstrem "coragem política" em conjunto.

Os países da UE não têm conseguido chegar a acordo sobre sanções contra Israel, apesar da situação humanitária catastrófica em Gaza.

c/ agências
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