Destruição de mesquita em Mossul vista como "admissão de derrota" do Estado Islâmico

por Sandra Salvado - RTP
Youssef Boudlal - Reuters

O exército iraquiano acusa o Estado Islâmico de ter feito explodir esta madrugada a mesquita histórica de Al-Nuri, em Mossul, no Iraque. Mas a organização extremista responsabilizou a aviação norte-americana. O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, defende que a destruição do monumento corresponde a uma "admissão de derrota".

Era um dos locais mais venerados pelos que praticam a fé islâmica, mas a mesquita Al-Nuri foi totalmente arrasada. Tudo acontece numa altura em que o exército iraquiano lançou uma operação para expulsar os terroristas da cidade.

"As nossas forças estavam a avançar em direção aos seus alvos, na zona história de Mossul, e quando estavam a 50 metros da mesquita de Al-Nuri o EI cometeu outro crime histórico ao fazer explodir as mesquitas de Nuri e de Hadba", referiu o comandante da ofensiva, o general Abdulamir Yarallah.

"O bombardeamento do minarete Al-Hadba e da mesquita de Al-Nuri pelo Daesh é uma declaração formal da sua derrota", disse esta quinta-feira o primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi.

Reuters

Citado pela BBC e pela CNN, Abadi considera que o Estado Islâmico acabou por reconhecer que perdeu a batalha pelo último bastião urbano no país, ao destruir a grande mesquita de Al-Nuri, onde Abu Bakr al-Baghdadi, líder do grupo extremista Estado Islâmico, declarou o seu califado no verão de 2014.

A operação militar para expulsar os jihadistas da zona histórica de Mossul arrancou no início desta semana. As Forças Armadas do Iraque estimam que existam apenas cerca de 300 militantes do Estado Islâmico na cidade de Mossul, de um total de seis mil até há pouco tempo.

"Com os nossos parceiros iraquianos a aproximarem-se da mesquita de Al-Nuri, o Daesh destruiu um dos grandes tesouros de Mossul e do Iraque", disse o major-general Joseph Martin, que comanda as forças da coligação.

"Este é um crime contra o povo de Mossul e de todo o Iraque e mais um exemplo de como esta organização brutal tem de ser aniquilada. A responsabilidade por esta devastação está firmemente depositada à porta do Daesh. Continuaremos a apoiar os nossos parceiros iraquianos à medida que forem trazendo estes terroristas à Justiça”, referiu ainda Joseph Martin.

Contudo, este responsável diz que a batalha pela libertação de Mossul ainda não está concluída e que continuam “focados no apoio às forças de segurança iraquianas com esse objetivo em mente".
A versão do Estado Islâmico

Já os jihadistas garantem que a histórica mesquita foi atingida por bombardeamentos aéreos da coligação internacional.

As forças norte-americanas desmentem aquela versão, dizendo que não executaram nenhum ataque aéreo na cidade velha de Mossul, local onde as forças iraquianas estão a tentar aceder há oito meses para expulsarem a organização extremista.

As Nações Unidas já vieram documentar uma série de casos de combatentes do Estado Islâmico que mataram os filhos das famílias que tentam fugir dos bairros controlados pelo Estado Islâmico, na segunda maior cidade iraquiana.

Um relatório da Unicef dá conta de que 1.075 crianças foram mortas e 1.130 feridas desde que os combatentes do Estado Islâmico tomaram o controlo de quase um terço do Iraque em 2014.
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