Diplomatas do Sudeste Asiático e China abordam fricções no mar do Sul da China

por Lusa

Os chefes da diplomacia dos países do Sudeste Asiático reuniram-se hoje em Vienciana, no Laos, com o homólogo chinês, num período de crescente fricção devido às reivindicações de Pequim no mar do Sul da China.

Vários membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) mantêm disputas com a China, o que levou a confrontos diretos, que muitos receiam poder resultar num conflito mais vasto.

"Um passo em falso no mar do Sul da China transformará um pequeno incêndio numa terrível tempestade", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Retno Marsudi, antes das conversações com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.

Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei, membros da ASEAN, têm conflitos com a China devido às suas reivindicações de soberania sobre praticamente todo o mar do Sul da China, uma das vias navegáveis mais importantes do mundo. A Indonésia também manifestou preocupação com o que considera ser a invasão de Pequim na sua zona económica exclusiva.

Os Estados Unidos e aliados têm efetuado regularmente exercícios militares e patrulhas na zona para afirmar a sua política de "Indo-Pacífico livre e aberto", incluindo o direito de navegar em águas internacionais - o que suscita críticas da China.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deverá chegar no sábado para participar nas reuniões da ASEAN e deverá encontrar-se com Wang para conversações bilaterais.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, também está a participar nas reuniões e já esteve reunido com Wang.

Este ano, as tensões entre as Filipinas -- país aliado dos Estados Unidos - e a China aumentaram. Em junho, uma embarcação chinesa e um navio de abastecimento filipino colidiram perto das disputadas ilhas Spratly no Mar do Sul da China, provocando alarme.

Os países da ASEAN - Indonésia, Tailândia, Singapura, Filipinas, Vietname, Malásia, Myanmar (antiga Birmânia), Camboja, Brunei e Laos - sublinharam, nas suas reuniões de abertura, que é importante não se deixarem arrastar pela China e pelos EUA, que procuram expandir a influência.

Após as conversações, Marsudi disse que o grupo sublinhou que o bloco regional de dez membros não deve alinhar com qualquer potência, caso contrário "será difícil para a ASEAN tornar-se uma âncora para a estabilidade e paz regional".

Não foram divulgados pormenores sobre as conversações de hoje entre Wang e os ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN.

Mas após as conversações de quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês, Maris Sangiampongsa, afirmou que o grupo tinha discutido a importância de produzir o código de conduta do mar do Sul da China, que tem vindo a ser trabalhado há algum tempo com Pequim, e planeou novas conversações sobre o assunto.

As Filipinas informaram na reunião que têm estado a tentar estabelecer contactos com a China, o que é considerado um bom sinal.

China e Filipinas disseram no domingo que chegaram a um acordo que visa pôr fim aos confrontos.

Há divisões no seio da ASEAN quanto à forma de lidar com as reivindicações marítimas da China e as Filipinas têm criticado a aparente falta de apoio do bloco.

Nas conversações de quinta-feira, as Filipinas insistiram que o embate de junho fosse incluído no comunicado conjunto, a publicar no final das reuniões.

O Camboja e o Laos, países próximos da China, opuseram-se à redação do comunicado, de acordo com um diplomata de alto nível do Sudeste Asiático que participou nas negociações à porta fechada e que falou sem querer ser identificado.

Segundo o diplomata, citado pela Associated Press, a proposta de Manila referiu que um incidente recente no mar do Sul da China causou "danos materiais" e "ferimentos", sem mencionar pormenores específicos como o nome do banco de areia e as forças em conflito.

 

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