Direita francesa à procura de um possível Presidente. Quem são os candidatos?

por Christopher Marques - RTP
Os candidatos participaram esta quinta-feira no último debate televisivo antes da primeira volta da Primária. Reuters

A direita republicana francesa escolhe o seu candidato ao Eliseu a 20 e 27 de novembro. Sete personalidades políticas procuram uma nomeação que tem vista privilegiada para o palácio presidencial. Alain Juppé, Nicolas Sarkozy e François Fillon são favoritos.

Pela primeira vez, o candidato presidencial da direita será eleito no âmbito de uma primária aberta a todos os franceses.

A Primária da direita é apenas uma parte do complexo tabuleiro político francês. Saiba o que está em jogo num país que poderá ter Marine Le Pen como sua próxima Presidente.A eleição reúne pretendentes do centro e da direita, com sete candidatos a competir por um lugar privilegiado na corrida ao Eliseu.

A primeira volta da primária republicana realiza-se este domingo.

Uma segunda votação entre os dois candidatos melhor colocados terá lugar no dia 27 de novembro.

O ex-Presidente Nicolas Sarkozy e os ex-primeiro-ministros Alain Juppé e François Fillon aparecem como favoritos.

Alain Juppé
É o favorito à vitória na eleição primária e aquele que, dizem as sondagens, mais facilmente venceria Marine Le Pen numa segunda volta das presidenciais.
 
Alain Juppé foi primeiro-ministro de Jacques Chirac (1995 – 1997) tendo já passado por inúmeros ministérios, inclusivamente sob a Presidência de Nicolas Sarkozy. É atualmente presidente do município de Bordéus, sendo visto como um candidato mais moderado do que os restantes.

Em 2004, Juppé foi condenado por apropriação indevida de dinheiros públicos para financiar ilegalmente o partido RPR, que viria a dar lugar à UMP, agora rebatizada de Les Républicains.

Nicolas Sarkozy
Foi eleito Presidente em 2007, perdeu a reeleição em 2012 e tenta agora regressar ao Eliseu. Nicolas Sarkozy é o mais conhecido dos candidatos à primária. Caso regresse ao palácio presidencial, o aspirante propõe agora que sejam negociados novos tratados europeus e quer proibir a utilização de símbolos religiosos em locais públicos como escolas e universidades.

Antes de chegar ao Eliseu, Sarkozy ganhou notoriedade como ministro do Interior, cargo que ocupou durante os motins de 2005. Alguns meses mais tarde, o então ministro prometia “livrar” a cidade de Argenteuil da “escumalha”, referindo-se a centenas de jovens que protestavam nas ruas.

Sarkozy chegou ao Eliseu em 2007, mas os franceses não lhe concederam a reeleição em 2012. Depois de alguns meses de afastamento, acabaria por regressar em 2014 para voltar a liderar os destinos da ainda UMP, então afetada por crises sucessivas e por uma verdadeira luta pelo poder protagonizada por François Fillon e Jean-François Copé.

A carreira política de Nicolas Sarkozy tem sido atravessada por inúmeros escândalos. O candidato aparece envolvido em diferentes investigações de tráfico de influências e ainda relacionadas com o financiamento de campanhas políticas. Recentemente surgiram novas acusações referentes a um alegado financiamento da sua campanha em 2007 pelo ditador líbio Muammar Kadhafi.
François Fillon
É a surpresa da última semana. Quando parecia que a primária ficaria decidida entre Juppé e Sarkozy, as sondagens apresentam uma subida em flecha das intenções de voto no candidato François Fillon.

Há mesmo uma sondagem que prevê uma vitória de Fillon na segunda volta, quer contra Nicolas Sarkozy quer contra Alain Juppé.

Fillon surpreende, mas não é novo nos corredores da política francesa. Desde a década de 90 que chefiou diferentes ministérios, tendo assumido a liderança do Governo quando Nicolas Sarkozy chegou ao Eliseu.

Fillon é um primeiro-ministro discreto durante os cinco anos em Matignon, tendo sido o único chefe de Governo da V República a manter-se no cargo durante todo o mandato presidencial.

Depois da derrota de Sarkozy em 2012, Fillon candidata-se à liderança da UMP contra Jean-François Copé. Os dois obtêm resultados muito próximos, denunciam irregularidades no processo e reclamam vitória, abrindo uma forte crise no partido.

Agora candidato ao Eliseu, François Fillon defende a criação de um governo para a Zona Euro e a proibição do polémico Burkini.
Jean-François Copé
Com menos hipóteses de conseguir chegar à segunda volta estão os restantes quatro candidatos.

Jean-François Copé foi ministro de Sarkozy, tendo sido o protagonista da crise interna vivida na UMP a partir de 2012.

Acabou por deixar a liderança do partido perante o caso Bygmalion, uma investigação a falsas faturas passadas em nome do partido para disfarçar os custos excessivos da campanha de Nicolas Sarkozy.

Bruno Le Maire
Tal como a maioria dos demais, Bruno Le Maire foi ministro de Nicolas Sarkozy. O agora candidato à Primária passou pela Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus, tendo depois assumido a liderança do Ministério da Alimentação, Agricultura e Pescas.

Em 2014, Le Maire tentou chegar à presidência da UMP, mas perdeu contra Nicolas Sarkozy.

Os primeiros passos na política deram-se muito antes, sempre próximos do ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, com quem começou a trabalhar no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Le Maire foi conselheiro político e depois chefe de gabinete do então primeiro-ministro de Jacques Chirac.
Nathalie Kosciusko-Morizet

Nathalie Kosciusko-Morizet é a única mulher candidata à nomeação republicana.

Conhecida por NKM, Kosciusko-Morizet exerceu também funções governativas durante a presidência Sarkozy, tendo ainda sido sua vice-presidente no partido.

NKM foi a candidata da direita à câmara de Paris nas eleições municipais de 2014, tendo perdido para a socialista Anne Hidalgo. Desde então que é a líder da oposição na capital francesa.
Jean-Frédéric Poisson
Jean-Frédéric Poisson apresenta-se como o outsider desta corrida.

O presidente do Partido Cristão-Democrata chocou quando afirmou que o Islão “representa um problema para a sociedade” e quando falou de Hillary Clinton como uma pessoa “submissa aos lobbies sionistas”.

Poisson apresenta-se contra o aborto, o casamento e a adoção por casais do mesmo sexo. Esta semana o candidato abandonou o estúdio da France 3 contra o que diz ser a forma “indigna” como tem sido tratado pelo grupo público de comunicação social.
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