Dois anos de guerra na Ucrânia. Zelensky estima que já tenham morrido 31 mil soldados

por Inês Moreira Santos - RTP
David Araújo - RTP

Numa longa conferência de imprensa, este domingo, Volodymyr Zelensky indicou um primeiro número oficial do último ano sobre as baixas militares. De acordo com o presidente da Ucrânia, já terão morrido 31 mil soldados ucranianos, desde o início da invasão russa. Apesar de divulgar a estimativa de mortos, o chefe de Estado não adiantou o número de feridos, alegando que isso ajudaria o planeamento militar da Rússia.

“Trinta e um mil ucranianos, militares, morreram nesta guerra” que começou há dois anos, disse Zelensky numa conferência de imprensa realizada em Kiev, por ocasião do segundo aniversário do conflito.

Este número estimado, como explicou, não inclui soldados feridos ou desaparecidos.

“Não são 300 mil, nem 150 mil. (…) No entanto, esta é uma grande perda para nós”, lamentou, rejeitando estimativas que apontavam para cerca de 300 mil mortos na Ucrânia.

O presidente ucraniano não quis divulgar dados sobre militares feridos para evitar que a Rússia saiba o número de ucranianos que foram para a frente de guerra, mas referiu ainda que 180 mil soldados russos morreram na guerra e meio milhão foram feridos nos combates.

Sublinhando que o número exato só será conhecido quando a guerra terminar, o chefe de Estado garantiu que “dezenas de milhares de civis” morreram ou foram assassinados após serem torturados nos territórios ocupados pela Rússia.

Segundo Zelensky, em algumas regiões como Kharkiv o número de soldados russos e a vantagem das forças russas está a diminuir. A redução das tropas russas no território ucraniano, salientou ainda, depende da capacidade de armamento de Kiev, apelando ao Ocidente que acelere os acordos de apoio militar.

O presidente ucraniano não negou, contudo, estar confiante numa ajuda para breve dos Estados Unidos.

“A questão de saber se a Ucrânia vai perder, se a situação vai ser muito difícil e se vai haver um grande número de baixas depende de vós, dos nossos parceiros, do mundo ocidental", disse Volodymyr Zelensky, numa conferência de imprensa realizada em Kiev por ocasião do segundo aniversário do conflito.

"Se formos fortes, com armas, não perderemos esta guerra", precisou.
O chefe de Estado mostrou-se otimista quanto à possibilidade de o Congresso norte-americano aprovar um pacote de ajuda de 60 mil milhões de dólares, atualmente bloqueado pelos membros republicanos da Câmara dos Representantes.

"Estou certo de que a votação será positiva", afirmou.

Na mesma conferência, o presidente ucraniano voltou a afirmar que exclui a possibilidade de negociações com o homólogo russo até que Vladimir Putin aceite a derrota na guerra.

"É possível falar com uma pessoa surda? É possível falar com uma pessoa que mata os seus oponentes?"
, disse Zelensky, questionado pelos jornalistas presentes sobre a possibilidade de procurar uma saída negociada para a guerra, insistindo na própria "Fórmula de Paz" - um documento que exige, entre outros, a retirada das tropas russas de todo o território ucraniano - como o único quadro de negociação possível.

"Vamos oferecer-lhe uma forma de aceitar que perdeu a guerra e que esta foi um grande erro", continuou Zelensky, que pretende realizar uma cimeira internacional na Suíça, na primavera, para conseguir que o maior número possível de países apoie esta "Fórmula de Paz".

Nas palavras do presidente ucraniano, uma vez obtido o apoio destes países, o documento será apresentado a Putin, tal como foi feito com o acordo sobre os cereais patrocinado pela Turquia e pelas Nações Unidas – acordo no qual que Putin concordou, entre julho de 2022 e julho de 2023, em permitir o trânsito de cereais através do mar Negro, a partir dos portos ucranianos, em troca do levantamento das sanções impostas ao setor agrícola ucraniano.
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