Reportagem

Eleições em Espanha. Os resultados do escrutínio e os discursos da noite

Mais de 37,4 milhões de espanhóis foram este domingo chamados a escolher, nas urnas, 350 deputados e 208 senadores em eleições gerais antecipadas. O PP de Alberto Núñez Feijóo venceu e chama a si um processo de formação do próximo executivo que, admite, "não vai ser fácil". Ao mesmo tempo, o PSOE de Pedro Sánchez, que, contra o que se previa, logrou crescer em votos e assentos, deixa no ar a possibilidade de se manter no poder.

Carlos Santos Neves - RTP /

Emissão da RTP3


Juan Medina - Reuters

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Os resultados
RTP /

Apurados 99,9% dos votos, o PP obtém 33,3%, elegendo 136 deputados. O PSOE obtém 31,7% e elege 122 deputados ao Congresso. O Vox soma 12,4%, garantindo 33 assentos. O Sumar obtém 12,3% e elege 31 deputados.

ERC, Junts, EH Bildu, PNV, BNG e CCA garantem, respetivamente, sete, sete, seis, cinco, um e um assentos.
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"Que ninguém tenha a tentação de voltar a bloquear Espanha". O discurso de Feijóo
RTP /

"Vou encarregar-me de iniciar o diálogo para formar governo", afirmou o líder do PP, no termo de uma noite eleitoral que pode abrir caminho a semanas de dúvida no desenho da próxima solução de poder executivo em Espanha.

O presidente do Partido Popular afirmou, a partir do balcão da sede na Rua de Génova, em Madrid, que, "sete anos depois" da última vitória da sua formação, "voltou a ganhar eleições gerais".

"Os espanhóis sabem que passámos de segunda força, com 89 deputados, para partido mais votado, com 136 assentos, 136 deputados. Passámos de uma percentagem de voto de menos de 21 por cento para 33 por cento. Ganhámos em 40 das 52 províncias e cidades autónomas de Espanha e temos uma grande maioria que, provavelmente, será uma maioria absoluta no Senado", vincou Alberto Núñez Feijóo, captando os aplausos dos milhares de apoiantes que o ouviam.

"Nunca, nunca antes o nosso partido havia subido com tanta intensidade em eleições gerais. Superámos o PSOE em votos e assentos e, enquanto o PP sobe 47 assentos, o Governo de coligação não ganhou nem um assento relativamente às eleições anteriores", prosseguiu Feijóo.



"Amigos, obtivemos um resultado que, há pouco mais de um ano, parecia impossível. Conseguimos oito milhões de votos, mais três milhões de votos do que nas últimas gerais. Qual é a nossa obrigação, agora? A nossa obrigação é que não se abra um período de incertezas em Espanha. Os espanhóis deram-nos a confiança no PP e também disseram a todos os partidos do arco parlamentar para que dialoguemos. Como candidato do partido mais votado, creio que o meu dever é abrir o diálogo, para liderar desde o primeiro minuto, esse diálogo e tentar governar o nosso país de acordo com os resultados eleitorais e a vitória eleitoral", sustentou.

"Vou encarregar-me de iniciar o diálogo para formar governo de acordo com a vontade maioritária dos espanhóis expressa nas urnas este domingo. E peço formalmente que ninguém tenha a tentação de voltar a bloquear Espanha", acentuou.

Feijóo reconheceria: "O que temos pela frente não vai ser fácil".
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Abascal traz "uma má notícia para os espanhóis"
RTP /

"Sánchez poderia inclusivamente ser investido", admite o líder do Vox, da extrema-direita, no seu discurso da noite eleitoral.

"Quero felicitar o senhor Feijóo como vencedor das eleições", começou por afirmar Santiago Abascal, na sede do Vox em Madrid.

"Quero assinalar o que é uma má notícia para todos os espanhóis: Pedro Sánchez, embora perdendo as eleições, pode bloquear uma investidura. E, pior ainda, Pedro Sánchez poderia inclusivamente ser investido com o apoio do comunismo, do independentismo golpista e do terrorismo", disparou eem seguida o dirigente partidário, que ficou aquém do que lhe atribuíam as sondagens.


"Estivemos em toda a campanha a alertar para o perigo de sondagens claramente manipuladas e que levaram alguns a vender a pele do urso antes de o caçar", rematou.
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"Não passarão". Sánchez faz discurso próximo do tom de vitória
RTP /

Perante os apoiantes concentrados diante da sede dos socialistas, o líder do PSOE festejou o que descreveu como o "fracasso" das direitas. "Tivemos mais votos e mais assentos do que há quatro anos", fez notar Pedro Sánchez.

O presidente cessante do Governo espanhol, que surgiu perante os apoiantes antes de a líder do Sumar terminar o seu discurso, viu a sua intervenção entrecortada por gritos de "presidente, presidente" e "não passarão", uma farpa clara à extrema-direita e ao Vox de Santiago Abascal.



"Conseguimos mais votos e mais assentos e maior percentagem do que há quatro anos", propugnou Sánchez. "O bloco do retrocesso, que defendia a derrogação dos avanços dos últimos quatro anos, fracassou", completou.
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"Ganhámos. Hoje temos um país melhor", clama Yolanda Díaz
RTP /

A líder do Sumar já fez o seu discurso da noite. "Hoje creio que as pessoas vão dormir mais tranquilas", lançou Yolanda Díaz.

O Sumar, parceiro natural do PSOE, elege 31 deputados ao Congresso.

"A partir de amanhã, temos de prosseguir a conquista de direitos e comprometemo-nos a fazê-lo. Mais direitos para as mulheres, as pessoas LGTBI e os trabalhadores e trabalhadoras. A partir de amanhã, estarei a dialogar com todas as forças progressistas do nosso país para garantir o governo de Espanha", sinalizou Yolanda Díaz.
Díaz fez-se acompanhar pelo porta-voz da campanha, Ernest Urtasun, pela líder do Más Madrid, Mónica García, pela secretária-geral do Podemos, Ione Belarra, pelo coordenador da Esquerda Unida, Alberto Garzón, e pelo líder do Más País, Iñigo Errejón.
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PP antecipa discurso de Feijóo
RTP /

Fontes do Partido Popular, citadas pela RTVE, adiantam que Feijóo se prepara para reivindicar o direito a formar governo.

Alberto Feijóo deverá apelar às demais forças políticas para que "permitam a investidura do candidato que ganhou as eleições".
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Escrutínio na reta final
RTP /

Com mais de 90% dos sufrágios apurados, o PP obtém 136 assentos parlamentares, o PSOE 122, o Vox 33 e o Sumar 31.

ERC, Junts, EH Bildu, PNV, BNG, Coalición Canaria e UPN asseguram sete, sete, seis, cinco, um, um e um, respetivamente.

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Contados 87,70% dos votos. Há quase um impacto técnico entre dois blocos
RTP /

O Partido Popular alcança 136 assentos no Congresso dos Deputados, ao passo que o PSOE chega aos 122. Vox e Sumar conservam, respetivamente, 33 e 31 assentos.

As lideranças dos dois maiores partidos, o PSOE e o PP, mantêm, por agora, um prudente silêncio.

Entretanto, o líder dos socialistas, Pedro Sánchez, já se encontra na sede do partido.


Entre os apoiantes do PP, a euforia inicial parece ter perdido ímpeto, à medida que o escrutínio foi avançando.
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Uma "alegria contida" no quartel-general do PSOE
Momento-Chave
Prossegue o apuramento de resultados: 77% dos votos contados
RTP /

O PP soma neste momento 132 deputados, o PSOE 126, o Vox 33 e o Sumar 30.

ERC, Junts, EHBildu, PNV, BNG, Coalición Canaria, UPN e Nueva Canarias somam sete, seis, cinco, um, um e um, respetivamente.
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70% dos votos apurados
RTP /

O PP soma agora 131 assentos, o PSOE 128, o Vox 33 e o Sumar 30.

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Mais de 50% dos votos apurados
RTP /

O PP toma a dianteira com 54% do escrutínio completo - soma 131 assentos contra 130 do PSOE. O Vox soma 31 assentos, mais um do que o Sumar.

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RTP /

André Ventura a contar com reflexos eleitorais de Espanha em Portugal

Foto: Tiago Petinga - Lusa

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Já se festeja entre os apoiantes do PP
RTP /

Militantes do partido de Feijóo concentram-se diante da sede do partido em Madrid

A concentração está a engrossar desde as 20h00 locais, tendo em vista "as celebrações" da vitória nas legislativas antecipadas deste domingo. Logo após a divulgação das projeções, havia largas dezenas de militantes do PP na Rua Génova, no coração de Madrid. Os números estão a aumentar.

O partido, observa a agência Lusa, montou ali um palco a partir da varanda do edifício, com um ecrã gigante e o slogan que o PP empregou na campanha: "É o momento".
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Participação mais elevada do que em 2019
RTP /

Segundo os dados mais recentes, a participação eleitoral situa-se em 68,49%. São mais 2,26 pontos do que nas últimas eleições.

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27,2% dos votos apurados
RTP /

O escrutínio prossegue. Falta ainda conhecer os números da votação por correspondência e as grandes circunscrições

Quando estavam apurados 27,2 por cento dos sufrágios, o PSOE obtinha 133 assentos no Congresso dos Deputados e o PP 128. O Vox elegia 32 deputados e o Sumar 29.
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As projeções em síntese
RTP /

Espanhóis terão mesmo votado pela mudança, apontam as projeções reveladas imediatamente após o fecho das urnas

Alberto Feijóo, o líder do PP, poderá ser o novo primeiro-ministro espanhol com 34,2 por cento dos votos. Segundo a RTVE, o PP deverá eleger entre 145 e 150 deputados. O PSOE, de Pedro Sánchez, está atrás com 28,9 por cento e pode eleger entre 113 e 118 deputados.

A confirmarem-se tais resultados, o Partido Popular não alcança a maioria absoluta, mas consegue sozinho mais do que o PSOE e o Sumar congregados.O terceiro e o quarto lugares nestas legislativas revelam-se, por isso mesmo, decisivos para a formação do próximo governo.


O Sumar, que junta as esquerdas, poderá eleger entre 28 e 31 deputados, com 13,3 por cento dos votos. O lhe dará um terceiro lugar.

O Vox, da extrema-direita, perde lugares face à última eleição, em 2019. Com 11,2 por cento dos votos, obtém entre 24 e 27 assentos parlamentares. Resultado que, a confirmar-se, pode dar maioria absoluta ao PP, caso se coligue ao partido Vox.
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Galego Mario /

"Há uma tendência de voto útil muitíssimo acentuada do Vox para o PP"

Rodrigo Jimenez - EPA

O Partido Popular deverá vencer as eleições, mas necessitará de se coligar com o Vox para conseguir uma maioria governamental.

Para Bernardo Pires de Lima, "há uma tendência de voto útil muitíssimo acentuada do Vox para o PP".
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As primeiras reações dos partidos
RTP /

À direita, na sede do PP, sobressai já a ideia de que Alberto Núñez Feijóo será o próximo inquilino da Moncloa

O Vox foi o primeiro partido a reagir aos números das projeções, pela voz do secretário-geral Ignacio Garriga.



Pelo PP pronunciou-se Cuca Gamarra, secretária-geral do partido.



Prudência foi a primeira palavra de ordem a sair do quartel-general do Sumar. A reação coube ao porta-voz Ernest Urtasun.



A primeira reação do PSOE, do presidente cessante do Governo, Pedro Sánchez, coube à porta-voz Pilar Alegria.



"Estamos a trabalhar com as avaliações", sublinhou, com "máxima prudência".
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O ambiente nos quartéis-generais de PP e PSOE
RTP /

Entre os socialistas, reina a cautela face às projeções

É o que descreve a correspondente da RTP Ana Romeu, que está junto do estado-maior do partido de Pedro Sánchez.


Por sua vez, a enviada especial a Espanha Ana Marques Faria está a aguardar as reações do PP.
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Projeções após o fecho das urnas
RTP /

Segundo a projeção da RTVE, o PP ganha e pode alcançar a maioria absoluta com o Vox

O PP consegue 145 a 150 assentos parlamentares. O PSOE ficará com 113 a 118 e o Sumar, à esquerda, pode ser a terceira força mais votada, com 28 a 31 assentos. O Vox, da extrema-direita, desce em relação às últimas eleições, em 2019, e terá entre 24 a 27 assentos.
É o que indica a sondagem que acaba de ser divulgada pela televisão pública espanhola.É um cenário de alguma incerteza este que é traçado pela projeção da emissora pública espanhola.


Em síntese, o PP seria o partido mais votado, com 34,2 por cento dos votos. Num cenário de coligação com o Vox, que poderá obter 11,2 por cento dos sufrágios, ambas as forças à direita obteriam 169 a 177 assentos. O que só daria uma maioria absoluta aos populares de Alberto Núñez Feijóo no cenário mais favorável.

O PSOE, de Pedro Sánchez, obterá 28,9 por cento dos votos. Ou seja, os socialistas melhoram o resultado de 2019 em votos, mas não em assentos parlamentares.

O Sumar, força parceira do PSOE, pode alcançar os 13,3 por cento.

Está em curso o escrutínio.



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Os dados da participação
RTP /

53,12% votaram até às 18h33

Até às 18h33, a participação nestas eleições espanholas era de 53,12 por cento, menos 3,73 do que nas últimas eleições. As estimativas não têm em conta os 2,47 milhões de votos depositados por correio.

Apesar do forte dispositivo de segurança montado para o ato eleitoral, não foi reportado qualquer incidente até ao final da tarde, de acordo com os secretários de Estado espanhóis da Comunicação, Francesc Vallès, e do Interior, Isabel Goicoeche.
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RTP /

Aproxima-se o momento da decisão

São 19h30 em Madrid. Começamos a acompanhar aqui, ao minuto, os acontecimentos no país vizinho, quando se aproxima a hora de fecho das urnas para a contagem dos votos: 20h00 locais, 19h00 em Lisboa.A disputar as eleições gerais antecipadas estão o presidente cessante do governo espanhol, Pedro Sánchez, líder do PSOE, Alberto Feijóo, número um do PP, Santiago Abascal, rosto do Vox, da extrema-direita, e Yolanda Díaz do Sumar.

Os quatro principais candidatos votaram logo pela manhã. Sanchéz, Feijóo, Días e Abascal deixaram apelos para que os espanhóis se deslocassem às mesas de voto, acenando como potencial histórico do ato eleitoral.
Ao início da tarde, a correspondente da RTP em Espanha, Ana Romeu, sintetizava o que estavam em jogo neste escrutínio.
Às 14h00 locais, a participação eleitoral era de 40,23 por cento, mais 2,4 do que nas últimas eleições gerais, de 10 de Novembro de 2019, de acordo com dados do Ministério espanhol do Interior.Ao final da tarde, pelas 18h00 locais, a participação cifrava-se em 53,01 por cento, menos 3,78 pontos face a 2019.

A maior parte das sondagens publicadas até à última semana apontou para uma viragem à direita, com a vitória do Partido Popular, mas sem uma maioria absoluta. O que poderia implicar uma aliança com o Vox. Só uma das sondagens, a derradeira a ser publicada pelo público Centro de Investigações Sociológicas, deu a vitória aos socialistas, com a nova plataforma de esquerda, Sumar, a ficar no terceiro lugar.

Na sexta-feira, no cair do pano sobre a campanha, os quatro principais líderes fizeram um último apelo ao voto.

Sánchez alertou para os perigos de um governo de coligação entre PP e Vox. Por seu turno, Alberto Núnez Feijóo pediu uma maioria confortável para governar sozinho.
Ana Romeu, correspondente da RTP em Espanha

PSOE, Vox e PP escolheram Madrid para os últimos comícios. Só o PP optou pelo encerramento da campanha na Galiza.

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Rachel Mestre Mesquita - RTP /

Sánchez, Feijóo, Abascal ou Díaz. Os candidatos e os programas em jogo nas eleições de Espanha

Candidatos às eleições legislativas de 23 de julho em Espanha: líder da esquerda Sumar, Yolanda Díaz, primeiro-ministro e líder socialista Pedro Sánchez, líder do Partido Popular da oposição, Alberto Núñez Feijóo e líder do partido de extrema-direita Vox, Santiago Abascal (da esquerda para a direita) Edição RTP | 1. Miguel Vidal - Reuters, 2. Juan Medina - Reuters, 3. Albert Gea - Reuters, 4. Jon Nazca - Reuters

Tudo aponta, de acordo com a maioria das sondagens publicadas até terça-feira, para uma viragem à direita com a vitória do Partido Popular, de Alberto Nuñez Feijóo. Mas sem maioria absoluta será necessária uma coligação com o partido de extrema-direita Vox, de Santiago Abascal, para que o PP possa governar.

Apenas uma das sondagens, a última publicada pelo organismo público Centro de Investigações Sociológicas (CIS), contradiz as previsões de vantagem da direita e dá a vitória ao Partido Socialista (PSOE), de Pedro Sánchez, com a nova plataforma de esquerda o Sumar, de Yolanda Díaz, a assumir o terceiro lugar.

A luta pelo terceiro lugar, entre o Vox, de Santiago Abascal, e o Sumar, de Yolanda Díaz, é decisiva para o futuro de Espanha. O partido a consagrar-se como terceira força política poderá permitir revalidar um governo progressista com o PSOE, neste cenário o Sumar, ou mudar o rumo do país e formar um novo governo conservador e nacionalista, o que aconteceria com o Vox.

Os quatro candidatos favoritos à presidência do governo espanhol apresentam ideias, propostas e visões distintas para o país.

Quem são os candidatos que querem governar e o que pretendem fazer com Espanha?


Programas Eleitorais do Sumar, PSOE, PP e Vox | Edição - RTP

  • Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista (PSOE)

Pedro Sánchez (Madrid, 51 anos) é o atual primeiro-ministro espanhol e líder do Partido Socialista Operário Espanhol. Chegou ao poder em 2018, depois de uma moção de censura bem-sucedida contra Mariano Rajoy, e foi reeleito como primeiro-ministro nas eleições legislativas de novembro de 2019. O líder do Governo é conhecido pela abordagem progressista e pela defesa de políticas sociais e económicas mais inclusivas, com foco na igualdade social e no investimento em serviços públicos e na transição ecológica.

Principais medidas:

  • “Política económica ao serviço da cidadania”: estímulo ao crescimento económico sustentável e à criação de empregos, com medidas de apoio às pequenas e médias empresas.
  •  “Elevador social que garanta o bem-estar e a igualdade de oportunidades”: investimento em educação e saúde pública para melhorar o acesso e a qualidade dos serviços.
  • “Uma agenda verde”: implementação de políticas para impulsionar a transição ecológica, através das energias renováveis e combater as mudanças climáticas.
  • “Espanha Feminista”: promoção de políticas de igualdade e inclusão social, com foco em questões de género e igualdade salarial. “Aberta ao mundo”: fortalecimento da coesão europeia, manifestação de apoio à Ucrânia na luta pela paz, liberdade, soberania e integridade territorial.
  • Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular (PP)

Alberto Núñez Feijóo (Ourense, Galiza, 61 anos) é o atual presidente do Partido Popular e antigo chefe do governo regional da Galiza. O novo líder do partido de centro-direita sucedeu a Pablo Casado em abril do ano passado, depois de ter estado à frente dos destinos da região autónoma da Galiza durante quatro mandatos com maioria absoluta. Conhecido por ser mais centrista do que conservador, defende a estabilidade económica e a unidade nacional como pilares fundamentais.

Principais medidas:
  • “Crescer de forma sustentável”: Redução da carga fiscal e um “desagravamento fiscal imediato para as famílias”, eliminando o imposto sobre as grandes fortunas, para estimular o crescimento económico e aumentar a competitividade das empresas.
  • “Cuidar e prosperar”: Implementação de um pacto de Estado que melhore a conciliação da vida profissional e familiar, a maternidade, a paternidade e a família, e de um exame único de acesso à universidade para todo o país.
  • “Regenerar e respeitar”: Reforma da “Lei da Memória Democrática” por uma nova lei consensual e da da Lei Orgânica do Tribunal Constitucional "para restaurar o seu prestígio institucional, garantir a excelência profissional, a desvinculação política e a exemplaridade dos seus membros".
  • “Servir”: Promoção dos direitos dos cidadãos, em relação à ação administrativa e à inteligência, pretende reformar a Administração Geral do Estado que ofereça um serviço mais transparente “com horários alargados e sem marcação prévia”, recuperando “o atendimento pessoal, presencial e sem demoras”.
  • “Liderar e influir": Compromisso em reforçar os laços com a comunidade ibero-americana de nações e a “liderar os esforços europeus para assinar o acordo UE-Mercosul.

Aceda aqui ao Programa Eleitoral do PP

  • Santiago Abascal, líder do partido Vox
Santiago Abascal (Bilbau, País Basco, 47 anos) é o líder do partido de extrema-direita espanhola Vox, desde 2014 e candidato pela quarta vez consecutiva nas eleições legislativas. Conhecido pela abordagem nacionalista, eurocética e anti-imigração, defende a proteção dos valores tradicionais espanhóis, o controlo das fronteiras e uma maior centralização do poder do Estado.

Principais medidas:
  • “Igualdade entre os espanhóis”: redução da autonomia regional e centralização do poder em Madrid, com uma devolução imediata ao Estado das competências em matéria de educação, saúde, segurança e justiça.
  • “Unidade de Espanha”: defesa da unidade nacional, oposição ao separatismo catalão, revogação da lei da Memória Democrática ou LGBTI.
  • “Empregos e salários dignos”: aumento dos salários, redução drástica dos impostos e da regulação abusiva, aumento dos incentivos fiscais para a contratação jovem, maior de 45 anos, grávidas ou mães e pais de filhos com incapacidade;
  • “Tributação para a prosperidade”: supressão do Imposto sobre a riqueza das grandes fortunas, eliminação do imposto sobre o património, sobre as sucessões, as doações e as mais-valias em todo o território nacional.
  • “Segurança e Defesa”: fortalecimento das fronteiras e políticas de imigração mais restritivas.

  • Yolanda Díaz, líder do partido Sumar
Yolanda Díaz (Fene, Corunha, 52 anos) é a líder do Sumar, vice-presidente do atual governo de Pedro Sánchez, desde 2021 e ministra do Trabalho e da Economia Social, desde 2020. Até setembro de 2021, era uma das principais figuras do partido Unida Podemos. A líder de esquerda, considerada progressista, ambiciona “melhorar a vida das pessoas” através de uma “democracia económica e socio ecológica” e uma “sociedade do bem-estar” que seja justa, saudável e verde.

Principais medidas:

  • Mais emprego, com melhores condições de trabalho” através da diminuição da taxa de desemprego, da criação de novos postos de trabalho, da redução do horário de trabalho sem reduzir o salário ou do aumento do salário mínimo.
  • “Aumentar o poder de compra face aos efeitos da inflação” controlando o preço dos arrendamentos, estabelecendo um cabaz de compras básico, variado, de qualidade e acessível a todas as famílias ou facilitando o pagamento de hipotecas de taxa variável às famílias.
  • “Promover a igualdade de género no mercado de trabalho e na prestação de cuidados” através da eliminação das disparidades salarias entre homens e mulheres e a aplicação do princípio, de um salário igual para trabalho igual.
  • “Mais igualdade e melhor proteção social” através da implementação de um “Subsidio Universal” de 20 000 euros, aos 23 anos de idade, para ajudar os jovens a prosseguirem os estudos ou a iniciarem uma carreira e a tornarem-se independentes.
  • “Uma tributação justa” por meio de uma reforma profunda do sistema fiscal espanhol e promovendo melhor políticas públicas.

Aceda aqui ao Programa Eleitoral do Sumar


As eleições decorrem este domingo. Pedro Sánchez decidiu antecipar o fim da XIV Legislatura depois da derrota dos partidos de esquerda nas eleições municipais e regionais, em maio. Uma data em que muitos cidadãos estão de férias de verão.

Registou-se o maior número de pedidos de voto por correio da história - 2,6 milhões -, de acordo com os Correios de Espanha. Mais de 2,47 milhões de eleitores fizeram esta opção, segundo dados conhecidos no sábado.

Vitória da esquerda ou da direita, maioria absoluta ou coligações, o destino do país vizinho contínua em aberto até ao encerramento das urnas.
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Antena 1 /

Espanhóis almejam que situação política fique definida nestas eleições

Vincent West - Reuters

Os votos por correspondência, que atingiram o maior valor de sempre nestas eleições, por acontecerem no verão, não entram ainda para estes dados.

E esta realidade, a par com a bipolarização, reforçam as incertezas sobre os resultados como se percebe da reportagem de Isabel Cunha junto de alguns eleitores de Madrid.
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RTP /

Como as autoridades eleitorais espanholas se adaptaram a férias e calor

Foto: Angeles Visdomine - EPA

Reportagem dos enviados especiais da RTP Fátima Marques Faria e Pedro Miguel Gomes.
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Antena 1 /

Fortes medidas de segurança rodeiam eleições espanholas

Juan Medina - Reuters

De referir que estes 40 por cento de participação eleitoral não está contabilizado o voto por correio. A participação eleitoral subiu mais nas comunidades autónomas da Galiza e da Estremadura, revela ainda os últimos dados.

Estas eleições decorrem sob fortes medidas de segurança e com recursos pouco habituais. São as primeiras em pleno verão e por causa do calor há ventoinhas, aparelhos portáteis de ar condicionado e águas para distribuir aos eleitores.

Elementos que complementam uma complicada operação logística, como constatou o enviado especial da Antena 1 a Espanha, Mário Antunes.
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RTP /

Número histórico em Espanha. Mais de 2,47 milhões votaram por correio

O anterior máximo histórico de votos por correio, de 1,4 milhões, havia sido registado em 2016 Rodrigo Jimenez - EPA

A legislação espanhola permite que todos os recenseados em território do país possam votar por correio. Mais de 2,6 milhões de eleitores pediram para o fazer. Mais de 2,4 milhões - 94,2 por cento - entregaram o voto numa estação da rede dos Correios, segundo a empresa.O facto de estas eleições se realizarem em época de férias catapultou o número de pedidos de voto por correio.

Para as eleições gerais antecipadas de domingo são chamados a votar 37.469.142 de eleitores, aos quais é confiada a escolha de 350 deputados e 208 senadores.

Ana Romeu, correspondente da RTP em Espanha

Face à quantidade de pedidos, a empresa pública Correios acautelou um contingente de 21 mil profissionais. E os horários das estações de correio foram expandidos até às 22h00.

Para votar desta forma, um eleitor espanhol deve fazer um pedido prévio, na internet ou numa estação de Correios. A documentação é-lhe entregue em mãos. A entrega do voto tem de ser feita obrigatoriamente numa estação da empresa pelo próprio eleitor, cuja identidade é confirmada por um funcionário.O prazo para votar por correspondência chegou ao fim às 14h00 de sexta-feira.

Durante a campanha eleitoral, o líder do Partido Popular, força de direita que encabeçou a generalidade das sondagens, apelou aos carteiros que que, "independentemente dos chefes", distribuíssem a documentação para votar, trabalhando "de manhã, à tarde e à noite".

Alberto Núñez Feijóo garantiu mesmo que pagaria as horas extraordinárias dos carteiros, caso se tornasse presidente do governo, logo no primeiro Conselho de Ministros.

As palavras de Feijóo, que chegou a presidir à administração dos Correios, valeram-lhe críticas de partidos, sindicatos e da direção dos Correios. O líder do PP foi acusado de enveredar por uma estratégia "trumpista". Uma referência ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que alega ter sido vítima de fraude na eleição que ditou a vitória de Joe Biden.

O ex-presidente do governo regional da Galiza diria posteriormente que não quisera acenar com a suspeita de uma tentativa de fraude ou manipulação de votos, mas aos riscos de um "congestionamento" na distribuição.

c/ agências
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Rachel Mestre Mesquita - RTP /

A ascensão da extrema-direita do norte ao sul da Europa

Comício de abertura da campanha eleitoral do partido espanhol de extrema-direita Vox em Puerto Almerimar, El Ejido, a 6 de julho de 2023 Jon Nazca - Reuters

Cada vez mais se fazem sentir os efeitos do recrudescimento da extrema-direita no Velho Continente: eleição após eleição, os partidos da direita moderada e da direita radical, denominados conservadores, populistas, soberanistas ou nacionalistas, têm conquistado o apoio do eleitorado.

Suécia, Itália, Finlândia, Grécia, Alemanha - multiplicam-se os países europeus que têm celebrado vitórias de pendor populista e pactos de direita e de extrema-direita nas eleições legislativas, regionais e locais dos últimos meses.

Espanha poderá ser o próximo país na lista
, com o cenário da formação de um governo partihado pelo Partido Popular (PP), de Alberto Feijóo, e o Vox, de Santiago Abascal. Isto de acordo com as possibilidades traçadas pelas sondagens e após a vitória da direita e da extrema-direita espanholas nas eleições regionais e locais de 28 de maio.

No último ano, a extrema-direita conseguiu resultados nunca antes alcançados em democracia: em Itália tornou-se a primeira força política do país, na Suécia e na Finlândia converteu-se na segunda maior de ambos os países, entrou nos governos e impôs o seu programa eleitoral, na Grécia conseguiu uma representação sem precedentes no Parlamento e na Alemanha conseguiu conquistar o seu primeiro governo regional.

Tudo começou na Suécia, em setembro do ano anterior, depois de os Democratas Suecos (SD) liderados por Jimmie Akesson - um partido conservador e nacionalista e com raízes neonazis - terem chegado ao poder, através da coligação com o partido conservador Moderados, do atual primeiro-ministro Ulf Kristersson, e se ter tornado a segunda maior força política do país.

O maior triunfo da extrema-direita na Europa, até agora, aconteceu semanas depois em Itália, com a vitória do partido conservador Irmãos de Itália (Fdl), historicamente neofascista, que venceu as eleições legislativas com 26 por cento dos votos e converteu a sua líder, Giorgia Meloni, em primeira-ministra. O domínio do Parlamento italiano só foi possível através de uma coligação com os partidos da direita tradicional, a Força Itália (Fl) do falecido Silvio Berlusconi, liderada por Antonio Tajani, e da extrema-direita da Liga Norte (LN), liderada por Matteo Salvini.
Seguiu-se a Finlândia. Depois do êxito nas eleições de abril de 2023, com 20 por cento dos votos, apenas uma diferença de 0,2 por cento para o mais votado, o movimento extremista Partido dos Finlandeses (PS), conhecido como “Verdadeiros Finlandeses”, de Riikka Purra, conseguiu entrar na coligação liderada pelo atual primeiro-ministro Petteri Orpo, do Partido de Coligação Nacional (PCN), um partido da direita tradicional.

O Partido dos Finlandeses garantiu não só o cargo de vice-primeira-ministra à líder do partido, Riikka Purra, como um terço de ministérios importantes no atual Governo. Além disso, o atual presidente do Parlamento finlandês e ex-presidente do partido Verdadeiros Finlandeses, Jussi Halla-aho, anunciou a intenção de apresentar a candidatura às presidenciais, marcadas para janeiro de 2024.

No passado mês de junho, na Grécia, com uma vitória clara (40,5 por cento dos votos), o partido conservador de direita Nova Democracia (ND), de Kyriakos Mitsotakis, garantiu um novo mandato. E a extrema-direita também aumentou a presença no Parlamento grego: entre o partido da direita cristã ortodoxa Niki, o partido neonazi Espartanos, apoiado pelo ex-líder da Aurora Dourada, e os ultranacionalistas da Solução Grega (EL), conseguiu quase 13 por cento dos votos.

O último avanço da extrema-direita aconteceu na Alemanha, onde a Alternativa para a Alemanha (AfD), de Robert Sesselmann, ganhou com 53 por cento dos votos as eleições regionais para o condado de Sonneberg, na Turíngia, no leste do país, no passado dia 25 de junho.
Em muitos outros países europeus a extrema-direita não integra governos, mas tem conseguido resultados inéditos nas últimas eleições: desde Portugal à Estónia, passando pela França, Áustria e Letónia, nas legislativas, mas também pela Bélgica, Países Baixos, Alemanha e Espanha nas regionais.
Finalmente, a ascensão da extrema-direita aparenta dirigir-se para a Península Ibérica, com um cenário de pacto entre o Partido Popular e o Vox.

O Vox pretende chegar à Moncloa
depois de ter conseguido alcançar o poder executivo nas comunidades autónomas, com o recurso a um discurso populista, nacionalista e ruralista, a promessa de luta contra a imigração e a eliminação de direitos e liberdades sociais, como a lei do Aborto, a lei da Eutanásia ou a lei de Garantia da Liberdade Sexual, “Apenas Sim é Sim”.

O líder da extrema-direita espanhola, Santiago Abascal, considera que o Chega, liderado por André Ventura, pode alcançar o mesmo poder em Portugal.
A correspondente da RTP em Espanha, Ana Romeu, assistiu ao comício do VOX em Guadalajara, na comunidade autónoma de Castela La Mancha.

Depois de anos de avanços sociais na Europa, assiste-se a um momento de reação conservadora, muitas vezes capitalizando os efeitos das diversas crises
- financeira, humanitária, energética, climática, sanitária ou ainda da guerra na Ucrânia. As forças ditas populistas assentam o discurso político nas dificuldades socioeconómicas, no desencantamento, na desconfiança das elites e na incerteza, apresentando-se como a mudança de rumo que resolve todos os problemas.

Os cidadãos da UE terão várias eleições decisivas pela frente: em Espanha, já este domingo, na Polónia, em novembro de 2023, e na Bélgica e na Europa, em junho de 2024.
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