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Espanha sai das eleições sem maiorias absolutas. Feijóo propõe-se governar e adverte contra bloqueio
As eleições legislativas de domingo em Espanha terminaram sem maiorias absolutas à esquerda ou à direita. Fica em aberto como será próximo governo em Espanha. Dado o resultado das eleições de domingo, a chave do governo de Espanha pode ter de novo ficado nas mãos de partidos de âmbito regional e local.
Os conservadores do Partido Popular (PP) foram os mais votados. No entanto, falham a maioria absoluta, mesmo coligados com a extrema-direita do VOX, tal como as sondagens sugeriam. O PP, com 136 deputados, e o VOX, com 33, só conseguiram somar 169 deputados no parlamento, ficando a sete dos 176 deputados necessários para a maioria absoluta.
O partido socialista (PSOE), que lidera o governo atual, foi o segundo mais votado e elegeu 122 deputados, que com os 31 da plataforma de extrema-esquerda Sumar totalizam 153 lugares.
"Sánchez poderia inclusivamente ser investido", admitiu mesmo o líder do Vox, da extrema-direita, no seu discurso da noite eleitoral.
Feijóo pede que o deixem formar Governo
"Vou encarregar-me de iniciar o diálogo para formar governo", afirmou o líder do PP, no termo de uma noite eleitoral que pode abrir caminho a semanas de dúvida no desenho da próxima solução de poder executivo em Espanha.
"Os espanhóis sabem que passámos de segunda força, com 89 deputados, para partido mais votado, com 136 assentos, 136 deputados. Passámos de uma percentagem de voto de menos de 21 por cento para 33 por cento. Ganhámos em 40 das 52 províncias e cidades autónomas de Espanha e temos uma grande maioria que, provavelmente, será uma maioria absoluta no Senado", vincou Alberto Núñez Feijóo, captando os aplausos dos milhares de apoiantes que o ouviam.
"Nunca, nunca antes o nosso partido havia subido com tanta intensidade em eleições gerais. Superámos o PSOE em votos e assentos e, enquanto o PP sobe 47 assentos, o Governo de coligação não ganhou nem um assento relativamente às eleições anteriores", prosseguiu Feijóo.
"Peço formalmente que ninguém tenha a tentação de voltar a bloquear Espanha", acentuou.
Feijóo reconheceria: "O que temos pela frente não vai ser fácil".
Congresso de Deputados em agosto
O líder do PP referia-se a "bloqueios" que já aconteceram no passado em Espanha e que culminaram com a repetição das eleições, por nenhum candidato a primeiro-ministro conseguir ter no parlamento a maioria de apoios necessária para a tomada de posse.
Segundo a lei espanhola, o Congresso dos Deputados saído das eleições de domingo vai formar-se no próximo dia 17 de agosto e aí se inicia a nova legislatura. Os grupos parlamentares podem depois apresentar ao Congresso candidatos a primeiro-ministro, que têm de ser votados pelo plenário.
Não existe um prazo para a apresentação e votação de um candidato, mas se a primeira eleição falhar, o Congresso tem depois dois meses para fazer novas votações e eleger um primeiro-ministro.
Sánchez celebrou o "fracasso do bloco do retrocesso".
Perante os apoiantes concentrados diante da sede dos socialistas, o líder do PSOE festejou o que descreveu como o "fracasso" das direitas. "Tivemos mais votos e mais assentos do que há quatro anos", fez notar Pedro Sánchez.
"Conseguimos mais votos e mais assentos e maior percentagem do que há quatro anos", propugnou Sánchez. "O bloco do retrocesso, que defendia a derrogação dos avanços dos últimos quatro anos, fracassou", completou.
O Governo atual em Espanha é uma coligação do PSOE com a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos, constituída por partidos que agora se juntaram a uma nova `marca`, o Sumar, que integra 15 formações, naquela que é considerada a maior aliança de esquerda que já houve em Espanha.
O Governo do PSOE e da Unidas Podemos não tinha uma maioria absoluta de deputados no parlamento e para tomar posse, em janeiro de 2020, contou com os votos a favor ou com a abstenção de outros oito partidos representados no Congresso, entre eles, nacionalistas bascos e galegos e separatistas da Catalunha e do País Basco.
Estas foram as XVI eleições gerais em Espanha desde o fim da ditadura, em 1977.
Dado o resultado das eleições de domingo, a chave do governo de Espanha pode ter de novo ficado nas mãos de partidos de âmbito regional e local.