Esperança média de vida recua na Alemanha

Passar privações mata: contra as tendências uma e outra vez confirmadas, ao longo de muitos anos, nas estatísticas europeias, a esperança de vida está a recuar nos segmentos mais pobres da população alemã. Nos últimos dez anos, os trabalhadores de menores salários perderam nada menos de dois anos de esperança média de vida.

RTP /
Deficiente físico mendigando em Berlim (foto de 2009) DR

Se, em 2001, as pessoas de salários mais baixos podiam, em média, viver até aos 77,5 anos de idade, no ano passado, 2010, tinham passado a morrer, em média, aos 75,5 anos.

Nas regiões da antiga RDA, os trabalhadores de baixos salários perderam ainda mais: quase cinco anos. Com efeito, eles e elas, que antes viviam um pouco mais do que os seus colegas ocidentais, passaram a viver menos. Em 2001 viviam em média até aos 77,9 anos e em 2010 passaram a viver apenas até aos 74,1. A longevidade média das populações pobres do ocidente e do leste inverteu-se, portanto.

Estas são as conclusões de uma recolha de dados realizada pelo Governo Federal alemão a pedido do grupo parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda), de Oskar Lafontaine, Gregor Gysi e Sarah Wagenknecht, no âmbito de um debate sobre a sustentabilidade da segurança social.

Os dados recolhidos pelo Governo foram hoje publicados no diário Saarbrücker Zeitung e põem em causa a ideia demasiado simplista de que o financiamento da segurança social esteja a ser ameaçado pela excessiva longevidade dos pensionistas. Esta, a longevidade, apenas tem tendência a prolongar-se nos sectores mais bem pagos da população trabalhadora.

A investigação, apenas de âmbito alemão, suscita, em tempos de crise, a interrogação sobre o comportamento de indicadores estatísticos correspondentes noutros países europeus, nomeadamente nos mais atingidos pela crise. O site da revista alemã Der Spiegel tem vindo a conceder especial atenção aos graves problemas de saúde que a crise grega vem causando entre a população mais pobre daquele país.
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