Mundo
Espionagem dos EUA aos presidentes de França é "intolerável"
A embaixadora norte-americana em Paris foi chamada para explicar o relatório publicado pelo WikiLeaks, onde se revela que os últimos três presidentes de França foram espiados pelos seus supostos aliados, os Estados Unidos. O gabinete de François Hollande, o atual Presidente, afirmou que atos de um Governo estrangeiro que ameaçam a segurança francesa "não serão tolerados".
Em comunicado emitido esta quarta-feira, o gabinete de Hollande afirma que "não irá tolerar quaisquer atos que coloquem em risco a segurança e a proteção dos seus próprios interesses".
O gabinete recordou ainda os compromissos assumidos no final de 2013 pelos norte-americanos de não espiar os líderes franceses. "Têm de ser lembrados e respeitados à letra", afirma o comunicado presidencial, emitido após uma reunião de emergência do comité de segurança francês.

O porta-voz do Governo, Stephane Le Foll, anunciou entretanto que nos próximos dias a França vai enviar a Washington o coordenador dos serviços de informação franceses para debater este novo relatório da WikiLeaks.
Por sua vez a embaixadora norte-americana em França, Jane Hartley, foi chamada de urgência ao Quay d'Orsay, a sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, onde se deverá reunir com o ministro Laurent Fabius às 18h00 locais (16h00 GMT)
A espionagem referida pelo WikiLeaks ocorreu entre 2006 e 2012.
Top secrets revelados
O escândalo rebentou a noite passada, quando o jornal Libération e o site Mediapart publicaram as provas obtidas pela organização, de que os últimos três Presidentes franceses, François Hollande, Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac foram alvos de espionagem.
Foram citados documentos classificados como Top Secret (ultra-secreto), incluindo cinco relatórios da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA), baesados em comunicações interceptadas.
O documento mais recente data de 22 de maio de 2012, dias antes de Hollande assumir o cargo, revelando que o líder francês "aprovou a realização de reuniões secretas em Paris para debater a crise da Zona Euro, particularmente as consequências se a Grécia saísse do euro".
Outro documento, datado de 2008, estava titulado "Sarkozy vê-se como o único capaz de resolver a crise financeira mundial".
Especialmente embaraçosa para Hollande é a revelação dos seus comentários após um encontro com Angela Merkel, em 15 de Maio de 2012, logo no dia da sua tomada de posse como presidente da França. Entre esses comentários desprimorosos, está o de a chanceler alemã não ter dito nada com "substância" e de o encontro ter constituído "um mero show".
Amigos e espiões
A líder da oposição, Marine Le Pen, já apelou à suspensão da participação francesa nas negociações de um novo tratado comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, afirmando que estes episódios de espionagem provam que os Estados Unidos não são amigos de França.
O WikiLeaks tem vindo a revelar desde 2013 os atos de espionagem dos norte-americanos aos líderes dos seus supostos aliados, desde europeus ao Médio Oriente, assim como o uso dos dados dos clientes de empresas mundiais como a Google ou a Sony Pictures.

A grande fonte documental são centenas de documentos, na maioria relatórios e comunicações entre embaixadas, elaboradas por espiões e operacionais, roubados por um antigo funcionário da CIA e depois da NSA, o analista de sistemas Edward Snowden, que trouxe à luz as operações de vigilância global da NSA, em particular o programa Prism.
Uma das líderes espiadas foi a Chanceler alemã Angela Merkel, cujo telefone privado foi escutado pelos serviços norte-americanos.
O gabinete recordou ainda os compromissos assumidos no final de 2013 pelos norte-americanos de não espiar os líderes franceses. "Têm de ser lembrados e respeitados à letra", afirma o comunicado presidencial, emitido após uma reunião de emergência do comité de segurança francês.
O porta-voz do Governo, Stephane Le Foll, anunciou entretanto que nos próximos dias a França vai enviar a Washington o coordenador dos serviços de informação franceses para debater este novo relatório da WikiLeaks.
Por sua vez a embaixadora norte-americana em França, Jane Hartley, foi chamada de urgência ao Quay d'Orsay, a sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, onde se deverá reunir com o ministro Laurent Fabius às 18h00 locais (16h00 GMT)
A espionagem referida pelo WikiLeaks ocorreu entre 2006 e 2012.
Top secrets revelados
O escândalo rebentou a noite passada, quando o jornal Libération e o site Mediapart publicaram as provas obtidas pela organização, de que os últimos três Presidentes franceses, François Hollande, Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac foram alvos de espionagem.
Foram citados documentos classificados como Top Secret (ultra-secreto), incluindo cinco relatórios da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA), baesados em comunicações interceptadas.
O documento mais recente data de 22 de maio de 2012, dias antes de Hollande assumir o cargo, revelando que o líder francês "aprovou a realização de reuniões secretas em Paris para debater a crise da Zona Euro, particularmente as consequências se a Grécia saísse do euro".
Outro documento, datado de 2008, estava titulado "Sarkozy vê-se como o único capaz de resolver a crise financeira mundial".
Especialmente embaraçosa para Hollande é a revelação dos seus comentários após um encontro com Angela Merkel, em 15 de Maio de 2012, logo no dia da sua tomada de posse como presidente da França. Entre esses comentários desprimorosos, está o de a chanceler alemã não ter dito nada com "substância" e de o encontro ter constituído "um mero show".
Amigos e espiões
A líder da oposição, Marine Le Pen, já apelou à suspensão da participação francesa nas negociações de um novo tratado comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, afirmando que estes episódios de espionagem provam que os Estados Unidos não são amigos de França.
O WikiLeaks tem vindo a revelar desde 2013 os atos de espionagem dos norte-americanos aos líderes dos seus supostos aliados, desde europeus ao Médio Oriente, assim como o uso dos dados dos clientes de empresas mundiais como a Google ou a Sony Pictures.
A grande fonte documental são centenas de documentos, na maioria relatórios e comunicações entre embaixadas, elaboradas por espiões e operacionais, roubados por um antigo funcionário da CIA e depois da NSA, o analista de sistemas Edward Snowden, que trouxe à luz as operações de vigilância global da NSA, em particular o programa Prism.
Uma das líderes espiadas foi a Chanceler alemã Angela Merkel, cujo telefone privado foi escutado pelos serviços norte-americanos.