Patrulhar águas ao largo do Irão e do Iémen, para garantir “a liberdade de navegação”, é o objetivo oficial perseguido pelas estruturas militares dos Estados Unidos e enunciado nas últimas horas pelo número um do Estado-Maior da superpotência. Para tal, explicou o general Joseph Dunford, o Pentágono espera formar uma coligação internacional.
A expectativa, acrescentou o general, é que o braço bélico dos Estados Unidos seja capaz de agregar um conjunto de países com “vontade política” para apoiar esta via.
O Bab al-Mandab liga o Mar Vermelho ao Golfo de Áden e
ao Mar Arábico. Perto de quatro milhões de barris de petróleo são
diariamente transportados por este estreito para a Europa e Estados
Unidos.
Ao abrigo deste plano, a marinha de guerra norte-americana estaria à frente de operações de vigilância no Golfo, que visariam, segundo o Estado-Maior, evitar ataques à navegação comercial – a Administração Bush responsabiliza o Irão por ações contra petroleiros ocorridas em maio e junho deste ano.
Os navios de comando da frota internacional seriam, assim, norte-americanos. Aos aliados caberia escoltar os navios comerciais com os respetivos pavilhões.
“Penso que, nas próximas duas semanas, teremos identificado as nações com vontade política para apoiar a iniciativa e trabalharemos então diretamente com as forças armadas para identificar capacidades específicas”, perspetivou o general Joseph Dunford.
A dimensão da missão de patrulhamento, admitiu o mesmo responsável, vai depender do número de aliados que a Administração Trump conseguir arregimentar: “Com um pequeno número de contributos, podemos ter uma pequena missão. Podemos expandir à medida que o número de nações dispostas a participar se identifique”.
O regime iraniano renovou, nas últimas semanas, a ameaça de encerrar o Estreito de Hormuz, pelo qual passa quase um quinto do petróleo consumido à escala global.
O projeto enunciado pelo Pentágono deverá voltar a acentuar as tensões regionais, que aproximaram já Estados Unidos e Irão de um conflito bélico, depois de as forças da República Islâmica terem derrubado um drone norte-americano; uma “clara mensagem à América”, nas palavras do regime, que levou o Presidente Donald Trump a ordenar uma retaliação, para rapidamente recuar.
Uma cronologia da tensão
Maio de 2018. Donald Trump consuma o abandono do acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, alcançado sob os auspícios do antecessor na Casa Branca, Barack Obama. O 45.º Presidente começa então a assinar ordens para reavivar pacotes de sanções comerciais e financeiras contra a República Islâmica.
Maio de 2018. Donald Trump consuma o abandono do acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, alcançado sob os auspícios do antecessor na Casa Branca, Barack Obama. O 45.º Presidente começa então a assinar ordens para reavivar pacotes de sanções comerciais e financeiras contra a República Islâmica.
5 de maio de 2019. A Administração Trump destaca um porta-voz com bombardeiros B-52 para o Golfo, alegando “preocupantes sinais de escalada” por parte do Irão. Três dias antes, deixara de isentar de sanções países que continuavam a adquirir petróleo iraniano.
8 de Maio. O Presidente do Irão, Hassan Rouhani, afirma que o país vai começar a deixar cair compromissos assumidos no quadro do acordo de 2015, perante o recrudescimento das sanções. Desde logo, o limite ao stock de urânio enriquecido.
12 de maio. Quatro navios petroleiros são atingidos por explosões ao largo dos Emirados Árabes Unidos, no Golfo de Omã. Washington aponta o dedo a Teerão. O regime dos ayatollhas refuta as acusações.
12 de junho. Outros dois petroleiros são alvo de explosões no Golfo de Omã. Repete-se a troca de acusações entre Washington e Teerão. Desta feita, a Administração norte-americana divulga um vídeo que, alega o Pentágono, mostra operacionais iranianos a remover uma mina que ficou por explodir de um dos navios atingido.
17 de junho. O Governo iraniano reitera a intenção de ultrapassar o limite estabelecido para o urânio enriquecido dentro de dez dias, à falta de reação dos signatários europeus do acordo de 2015 às sanções norte-americanas.
20 de junho. O Irão abate uma aeronave não tripulada dos Estados Unidos sobre o Estreito de Hormuz. Trump ordena um bombardeamento, mas recua ao fim de pouco tempo.
4 de julho. As autoridades de Gibraltar, com o apoio de forças britânicas, apreendem o navio petroleiro Grace 1, de pavilhão iraniano, invocando o incumprimento de sanções impostas pela União Europeia sobre o comércio com a Síria.
Fonte: BBC