Os Estados Unidos consideram que ainda é possível um cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza, mas que esses esforços foram dificultados pelo pedido do procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) de mandados de captura para dirigentes israelitas.
"Penso que estivemos muito, muito perto em duas ocasiões", disse o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, numa audição parlamentar, elogiando os "esforços consideráveis" feitos pelos mediadores egípcios e do Qatar.
"Estamos a trabalhar nisso todos os dias. Penso que ainda há uma possibilidade", acrescentou.
"Mas está a ser posta em causa por uma série de acontecimentos, e devo dizer que a decisão extremamente imprudente tomada ontem [segunda-feira] pelo procurador do TPI - a vergonhosa equivalência entre o Hamas e os líderes de Israel - penso que só complica as perspetivas de conclusão de tal acordo", disse Blinken.
A audiência perante a Comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado foi interrompida por manifestantes contra a guerra na Faixa de Gaza, que gritaram "carniceiro" e "Blinken é um criminoso de guerra". Os manifestantes foram rapidamente escoltados para fora da sala pelos seguranças.
O procurador do TPI, Karim Khan, anunciou na segunda-feira que solicitou mandados de captura para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e para o ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes como "fome deliberada de civis", "morte intencional" e "extermínio e/ou assassínio" relacionados com a operação israelita em Gaza.
O procurador do TPI solicitou também mandados de captura para três altos responsáveis do Hamas - Ismail Haniyeh, Mohammed Deif e Yahya Sinouar - por "extermínio", "violação e outras formas de violência sexual" e "tomada de reféns como crime de guerra", relacionados com o ataque do movimento islamita a Israel em 07 de outubro.
Na segunda-feira, o Presidente dos EUA, Joe Biden, considerou "ultrajante" o pedido de mandados de captura contra dirigentes israelitas e rejeitou a acusação de "genocídio" pela ofensiva em Gaza.
No entanto, o governo dos EUA absteve-se de ameaçar o TPI com sanções, como Donald Trump fez contra um dos procuradores do tribunal quando era presidente.
Questionado por um senador sobre este assunto, Blinken respondeu que a administração Biden estava a analisar uma "resposta apropriada" ao TPI.