EUA. Quatro líderes do grupo extremista Proud Boys acusados no ataque ao Capitólio

por Inês Moreira Santos - RTP
Jim Urquhart - Reuters

Quatro homens descritos como líderes do grupo de extrema-direita Proud Boys foram acusados de estarem envolvidos no ataque ao Capitólio dos Estados Unidos. O tribunal considerou esta nova acusação depois de surgirem novas provas de que estes planearam um ataque coordenado para impedir a confirmação da vitória do Presidente Joe Biden.

Um tribunal federal norte-americano aceitou uma denúncia contra quatro alegados líderes do Proud Boys por conspirarem para impedir a confirmação da vitória de Joe Biden nas eleições de novembro, o que levou aos motins e à invasão do Capitólio, no dia 6 de janeiro.

No total, mais de 300 pessoas já foram acusadas de envolvimento no ataque, do qual resultaram cinco mortos. Até agora, pelo menos 19 líderes, membros ou associados do grupo, considerado neofascista, foram acusados no tribunal federal por crimes relacionadas com os tumultos no Capitólio dos Estados Unidos.

A última acusação sugere que os Proud Boys destacaram um contingente muito maior para Washington, com mais de 60 utilizadores a "participarem" num canal de mensagens encriptadas para membros do grupo, criado um dia antes dos tumultos. Segundo a acusação, Ethan Nordean, de Washington, Joseph Biggs, da Flórida, Zachary Rehl, da Pensilvânia e Charles Donohoe, da Carolina do Norte, conspiraram para incitar os membros do grupo a participar num protesto em Washington naquele dia.

Nordean e Biggs foram presos há várias semanas com base em acusações separadas, mas relacionadas. Agora, Rehl e Donohoe foram detidos pelo FBI.

Todos os quatro arguidos são acusados de conspiração para impedir a certificação pelo Congresso do voto do Colégio Eleitoral. Outras acusações incluem obstrução de um processo oficial, obstrução à aplicação da lei durante a desordem civil e conduta desordeira.

Nordean, de 30 anos, foi presidente do grupo Proud Boys e membro do Conselho Nacional de Anciões do mesmo. Biggs, de 37, descreve-se a si próprio como organizador dos Proud Boys. Rehl, de 35, e Donohoe, de 33, são presidentes de secções locais do grupo de extrema-direita.
Ataque ao Capitólio

Os Proud Boys criaram o novo canal "Boots on the Ground", a 5 de janeiro, após a polícia ter prendido o líder do grupo, Enrique Tarrio, em Washington.

Tarrio foi preso a 4 de janeiro e acusado de vandalizar uma bandeira do movimento "Black Lives Matter" numa histórica igreja negra durante um protesto em dezembro, tendo-lhe sido ordenado que ficasse fora do Distrito de Columbia. Tarrio não foi acusado pelos tumultos, mas a última acusação refere-o como presidente dos Proud Boys.

Donohoe receava que as comunicações criptografadas pudessem ser "comprometidas" quando a polícia revistou o telefone do presidente do grupo, de acordo com a nova acusação.

Numa publicação de 4 de janeiro no canal recém-criado, Donohoe avisou os membros que as autoridades podiam estar "a ver as acusações do gangue" e escreveu: "Parem tudo imediatamente", acrescenta a acusação.

Um dia antes dos tumultos, Biggs publicou no canal que o grupo tinha um "plano" para a noite anterior e o próprio dia da invasão.

Já Nordean foi acusado por ter instruido os membros do Proud Boys a dividirem-se em grupos e organizado um "plano estratégico" para invadir o Capitol.

Alguns membros do grupo extremista reuniram-se no monumento de Washington por volta das 10 horas da manhã do dia 6 de janeiro e marcharam até ao Capitólio antes do então Presidente Donald Trump terminar de se dirigir a milhares de apoiantes perto da Casa Branca. Cerca de duas horas mais tarde, pouco antes do Congresso convocar uma sessão conjunta para certificar os resultados eleitorais, um grupo de elementos do Proud Boys seguiu uma multidão de pessoas que derrubaram as barreiras de proteção e avançaram para o Capitólio, segundo a acusação.

Vários elementos do grupo também entraram no próprio edifício do Capitólio depois de terem partido janelas e forçado a abrir portas.

Pelas 15h38, Donohoe anunciou que ele e outros estavam "a reagrupar-se com uma segunda força" quando alguns dos invasores começavam a abandonar o Capitólio, de acordo com a acusação.

"Isto não foi simplesmente uma marcha. Isto foi um ataque incrível às nossas instituições de governo"
, disse o Procurador Adjunto dos EUA Jason McCullough durante uma audiência esta semana.

Recorde-se que cinco pessoas morreram durante a invasão ao Capitólio. As autoridades detiveram, entretanto, várias pessoas acusadas de participar neste ataque, algumas das quais tinham publicado nas redes sociais vídeos e fotografias enquanto a invasão decorria.

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