EUA. Violência extremista tem diminuído, mas pode regressar alertam peritos
Um painel de peritos em criminalidade explicou hoje que a atividade violenta de organizações de extrema-direita diminuiu nos EUA, mas admite que os incidentes possam aumentar nas semanas anteriores às eleições presidenciais de novembro.
Um grupo de especialistas reunido pelo Armed Conflict Location and Event Data Project (ACLED) - uma organização não-governamental especializada na recolha e análise de dados de conflitos, com sede em Washington -- demonstrou hoje -- durante um `webinar` sobre violência política, em que a agência Lusa participou - que a atividade de grupos extremistas nos Estados Unidos tem vindo a diminuir desde 2022.
A tendência é explicada pelo facto de vários destes movimentos -- como os Proud Boys ou os Patriot Front -- terem visto os seus principais dirigentes serem investigados e em alguns casos serem detidos por causa do seu envolvimento na invasão do Capitólio, em 06 de janeiro de 2021.
Contudo, estes movimentos continuam organizados e os especialistas alertam para a possibilidade de reativarem as suas atividades violentas, na eventualidade de uma campanha para as eleições presidenciais que seja mais agressiva e radicalizada, já que as suas estruturas permanecem ativas e intactas.
Kieran Doyle, diretor regional da América do Norte do ACLED, mostrou um gráfico que revelava que a atividade de movimentos de extrema-direita nos EUA tem vindo a diminuir significativamente desde 2022, depois de ter aumentado entre 2020 (ano das últimas eleições presidenciais, que deram a vitória ao Presidente democrata Joe Biden, contra o candidato republicano Donald Trump) e 2022.
Para estes dados, contribuiu bastante a quase estagnação de grupos extremistas relevantes, como os Proud Boys e os Patriot Front, mas desde 2022 registaram-se também menos manifestações de apoio ao ex-Presidente republicano, bem como as ações de rua contra o aborto e contra os movimentos LGBTQI+, que diminuíram cerca de 70%, de acordo com Doyle.
Richard Barta -- diretor dos serviços de informações globais da cadeia hoteleira Marriot e outro dos participantes no painel -- apontou como fator explicativo desta diminuição de atividade violenta de grupos extremistas o efeito de fadiga pós-pandemia de covid-19, bem como razões sociológicas ligadas a processos de descentralização e descoordenação de alguns destes movimentos.
Também Shannon Hiller -- diretor executiva de um programa de combate à violência social da Universidade de Princeton, Bridging Divides Initiative -- referiu que tem havido um esforço por organizações como a que ela dirige (e outras financiadas por ONGs) para sensibilizar movimentos de cidadãos a prevenirem ações de violência em ambiente político.
Esta especialista referiu que estes esforços passam por diversos tipos de ações de sensibilização, como ajudar a compreender, criar mecanismos de colaboração e criar modelos de resposta a iniciativas políticas extremadas e violentas.
Hiller e Doyle concordaram que, apesar da tendência de diminuição da atividade de grupos de extrema-direita, os incidentes violentos podem regressar às ruas das cidades norte-americanas a qualquer momento, tendo em conta que os braços armados desses movimentos continuam ativos (apesar de adormecidos) e bem estruturados.