Ex-espião. Rússia prepara expulsão de diplomatas do Reino Unido

por Christopher Marques - RTP
A 22 de dezembro de 2017, Sergei Lavrov e Boris Johnson reuniram-se em Moscovo. Reuters/Pool

Depois das sanções britânicas, a resposta de Moscovo. O chefe da diplomacia russa anunciou que o país irá expulsar em breve diplomatas britânicos como resposta à ordem de retirada de 23 membros do corpo diplomático russo no Reino Unido. Londres acusa Moscovo de usar o ataque contra Sergei Skripal para ameaçar os opositores de Vladimir Putin. Paris e Washington já expressaram o seu apoio a Londres.

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros afirmou esta quinta-feira que Moscovo irá “em breve” expulsar diplomatas britânicos em resposta às sanções anunciadas na quarta-feira por Theresa May.

Sergei Lavrov anunciou aos órgãos de comunicação russos que as expulsões irão mesmo acontecer e insistiu que Moscovo não é responsável pelo ataque contra o ex-espião russo Sergei Skripal.

A Rússia continua a rejeitar qualquer relação com o envenenamento do antigo agente secreto russo e da sua filha, Julia Skripal, com um gás nervoso que supostamente será um tipo desenvolvido nos programas soviéticos. O ex-espião e a sua filha foram encontrados inconscientes no passado dia 4 de março em Salisbury, localidade do sul de Inglaterra, e permanecem em estado crítico no hospital.

Depois de ter afirmado que Moscovo expulsará diplomatas britânicos, Sergei Lavrov veio a público esclarecer que a retaliação será primeiro anunciada às autoridades britânicas e só depois divulgada publicamente. O governante mantém que a acusação britânica é infundada.
"Negar" e "glorificar"
No Reino Unido, a diplomacia britânica insiste em culpar Moscovo pelo ataque contra a família Skripal. O ministro Boris Johnson garante que a prova não deixa espaço para dúvidas e assinala que só Moscovo tem acesso a Novichock, o agente neurotóxico mais perigoso do que o Sarin e cinco a oito vezes mais potente do que o VX, que foi usado para envenenar Sergey e Julia Skripal.

Boris Johnson classifica a resposta de Moscovo de “insidiosa e sarcástica”. “Eles pretendem negar este ataque e ao mesmo tempo glorificá-lo”, afirmou o governante britânico. Londres defende mesmo que este ataque foi realizado por Vladimir Putin para ameaçar os seus opositores.

Nesta troca de argumentos, também a Rússia acusa o Reino Unido. Moscovo afirma que a reação britânica a este caso se deve aos problemas que o Governo enfrenta fruto do processo de saída do Reino Unido da União Europeia.
Ocidente com Londres
Na guerra diplomática com Moscovo, o Reino Unido conta com os seus aliados ocidentais. Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira que acreditam que Moscovo é responsável pelo ataque.

A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas defende mesmo que este ataque deve ser sancionado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. No entanto, uma sanção contra Moscovo apresenta-se como inviável: a Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança, beneficiando de direito de veto.

Também Paris parece ter dissipado as dúvidas que tinha apresentado na quarta-feira. Depois de ter começado por exigir provas a Londres para avançar com sanções, o Eliseu diz concordar “que não há outra qualquer explicação possível” que o envolvimento de Moscovo.
Skripal em estado crítico
Sergei Skripal é um ex-agente do GRU, o serviço de informações russo. Skripal traiu outros agentes de espionagem russos antes de, em 2006, ter sido detido e Moscovo e preso.  Em 2010, o ex-espião foi libertado e passou a residir no Reino Unido. A 4 de março, Sergei e a sua filha foram encontrados inconscientes na localidade de Slaisbury, no sul de Inglaterra.

O Reino Unido acusou a Rússia de ser culpada pelo envenenamento do ex-espião e deu até à passada terça-feira para que fossem apresentadas explicações. Moscovo continuou a negar qualquer responsabilidade, tendo Londres avançado com sanções.

Na quarta-feira, Londres anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos e congelou os contactos bilaterais com o país. De acordo com a declaração de expulsão da primeira-ministra britânica, estes diplomatas serão na realidade membros não-declarados dos serviços de informações russos. Theresa May deu-lhes uma semana para abandonar o país.

Está ainda em aberto o encerramento da filial britânica da estação de televisão Russia Today. Moscovo já respondeu que esta decisão levaria à expulsão de todos os meios de comunicação inglesa que actualmente trabalham em solo russo.
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