Exército israelita reforça posições na fronteira com a Síria

por Carlos Santos Neves - RTP
Blindados israelitas durante manobras nos Montes Golã fotografadas em junho de 2015 Baz Ratner - Reuters

As Forças de Defesa de Israel destacaram este domingo mais veículos blindados e artilharia pesada para a fronteira setentrional com a Síria. As chefias militares do Estado hebraico afirmam tratar-se de uma medida de precaução perante o recrudescimento dos combates entre as tropas leais a Bashar al-Assad e forças rebeldes em Deraa.

Na reunião deste domingo do Executivo israelita, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu referiu-se à situação na fronteira com o território sírio, prometendo “assistência humanitária” a milhares de civis que procuram escapar aos combates na província síria de Deraa.
Milhares de civis da província síria de Deraa estão a procurar refúgio em campos próximos da porção dos Montes Golã ocupada por Israel.

“Vamos continuar a defender as nossas fronteiras, vamos facultar assistência humanitária o melhor que pudermos”, afirmou o governante israelita em declarações citadas pela edição online do jornal Haaretz.

O primeiro-ministro israelita não deixou, todavia, de avisar que o Estado hebraico não permitirá “a entrada nos seus territórios” e vai continuar a exigir “a adesão estrita” ao acordo de cessar-fogo de 1974 com o exército sírio.

O falcão Benjamin Netanyahu quis também sublinhar que se mantém, nesta fase, em contacto com a Casa Branca e o Kremlin e que também o ministro israelita da Defesa, Avigdor Lieberman, está em ligação permanente com os homólogos dos Estados Unidos e da Rússia.

Em comunicado, a máquina de guerra israelita confirma ter destacado peças adicionais de artilharia e tanques para a frente síria.

“As forças foram enviadas esta manhã como parte dos preparativos de prontidão à luz dos desenvolvimentos nos Montes Golã sírios”, acrescentam as Forças de Defesa de Israel, que fazem questão de sublinhar que o país conserva uma política de não-intervenção na guerra civil em curso desde 2011 no país vizinho.

O fluxo de refugiados do sul da Síria para as linhas de fronteira com a Jordânia e Israel aumentou na última semana. Serão agora 160 mil os civis em fuga, de acordo com dados das Nações Unidas. Algumas destas pessoas foram transportadas para território israelita, onde receberam cuidados médicos, ainda segundo o Haaretz.



As forças leais ao Presidente sírio desencadearam a 19 de junho uma nova ofensiva em Deraa, com o apoio da aviação russa. No sábado, os bombardeamentos terão causado as mortes de pelo menos 15 civis. Desde o início dos ataques morreram mais de 110 pessoas.
Rebeldes cedem
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, estrutura instalada no Reino Unido, adiantou entretanto que as forças rebeldes sírias terão aceitado, este fim de semana, entregar o controlo de pelo menos oito localidades às tropas governamentais. Isto na sequência de acordos mediados pela Rússia.

As forças de Assad controlam agora mais de metade da província de Deraa, contra os 30 por cento que dominavam quando começou a ofensiva.

A retomada de Deraa, berço da contestação ao regime de Bashar al-Assad, seria uma vitória estratégica para Damasco, dado que permitira a reabertura do importante posto fronteiriço de Nassib, entre a Síria e a Jordânia.

Também o exército jordano fez chegar, nas últimas horas, ajuda humanitária aos deslocados de Daraa na fronteira síria. Nomeadamente “produtos alimentares essenciais e água potável”, explicou Joumana Ghneimat, porta-voz do Governo da Jordânia, em declarações à France Presse.
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