Família norte-americana pode ter sido separada na fronteira

por RTP
ACLU culpa a administração de Trump de má execução da prática de separação de famílias imigrantes Jose Luis Gonzalez - Reuters

Funcionários admitiram que podem ter separado um pai e sua criança, alegadamente cidadãos dos Estados Unidos, por “engano”. A União Americana pelas Liberdades Civis apelida esta revelação de “horrível”.

O Departamento de Justiça admitiu, esta terça-feira, que podem ter separado por engano, pelo período de um ano, um pai e sua criança, cidadãos dos Estados Unidos, a propósito da política “tolerância zero” de Trump que separa famílias imigrantes na fronteira dos EUA.

A notícia surge depois de o governo americano não ter cumprido os prazos da reunificação das famílias, decididos pelo juiz Dana Sabraw, do Tribunal de San Diego.

No dia 26 de junho, Dana Sabraw estipulou um prazo de 14 dias para a entrega de crianças com menos cinco anos de idade, isto é, até dia 10 de julho. O processo relativo às crianças maiores de dez anos tem um prazo de 30 dias.

Na passada segunda-feira, véspera da data limite, apenas tinham sido reunidas duas das 102 crianças menores de cinco anos com as respetivas famílias.

Segundo The Guardian, numa audiência ocorrida na terça-feira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos foi obrigado a prestar contas das famílias que já tinham sido reunidas.

Foram verificados 27 casos onde a reunificação não era possível. A justificação para um deles é a de a localização dos pais ser "desconhecida há mais de um ano" e os registos mostrarem "que o pai e a criança podem ser cidadãos dos EUA”.
“Acontece com mais frequência do que pensam”
A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) apelidou esta revelação de “horrível” e culpa a administração de Trump de má execução da prática de separação de famílias imigrantes.

"O facto de um cidadão estar a passar por esta confusão mostra até que ponto era pobre a conservação de registos do governo, e este é apenas o exemplo mais recente", afirma Lee Gelernt, vice-diretor do Projeto de Direitos dos Imigrantes da ACLU.

“Na verdade, acontece com muito mais frequência do que vocês pensam”, acrescenta Gelernt. “Eles [Imigração e Alfândega dos EUA] cometem erros”.

Até agora, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos tinha apenas revelado que não conseguia saber o paradeiro do pai da criança. A ACLU e o tribunal só na terça-feira foram informados da possibilidade de uma das famílias separadas ser cidadã americana.

As identidades do pai e da criança são atualmente protegidas pela lei.
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