FBI alerta para protestos armados contra tomada de posse de Biden

por Cristina Sambado - RTP
Shawn Thew - EPA

A investidura do Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, poderá ser antecedida de protestos armados, alerta o FBI num memorando. Há relatos de grupos armados que estão a planear reunir-se em todas as capitais estaduais e em Washington DC de 16 a 20 de janeiro, dia da tomada de posse de Biden e da vice-presidente Kamala Harris.

O teor do memorando, partilhado com as forças de segurança de todo o país, foi confirmado a vários órgãos de comunicação social por agentes do FBI.

Na semana passada, começaram a circular nas redes sociais novos apelos a protestos no dia 17 de janeiro e a presidente da câmara de Washington, Muriel Bowser, prolongou o estado de emergência até dia 20, para voltar a impor o recolher obrigatório, se for necessário.
Muriel Bowser pede aos norte-americanos que evitem viajar para Washington para assistir à tomada de posse.
A nota interna do FBI alerta para um grupo pró-Trump que está a apelar à “invasão” de tribunais federais, locais e estaduais em todo o país, se o Presidente cessante for afastado do cargo mais cedo.

Os responsáveis de segurança estão determinados a evitar as cenas de violência a que se assistiu no dia 6 de janeiro – quando milhares de apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio onde congressistas estavam a validar o resultado da eleição de 3 de novembro.

A invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro provocou cinco mortos e dezenas de feridos e o Pentágono foi criticado por ter demorado a enviar a Guarda Nacional para travar os protestos.

O secretário interino de Segurança Nacional, Chad Wolf, revelou na segunda-feira que instruiu os Serviços Secretos a iniciar operações especiais na quarta-feira – seis dias antes da sessão de investidura – “à luz dos eventos da passada semana”.Poucas horas depois, Wolf tornou-se o terceiro membro do gabinete de Trump a abandonar o cargo após os incidentes no Capitólio.

Ontem, Donald Trump declarou o estado de emergência até 24 de janeiro, o que permite ao departamento de Segurança Nacional agir para “evitar uma ameaça de catástrofe”.

Segundo as autoridades, 15 mil soldados da Guarda Nacional podem ser disponibilizados para garantir a segurança da tomada de posse.

Perto de 6200 militares já estão presentes na capital federal e no fim de semana serão dez mil, revelou aos jornalistas o general Daniel Hokason.
Biden sem medos
O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que não tem medo de ser investido numa cerimónia no exterior do Capitólio, depois do violento ataque à sede do poder legislativo por apoiantes de Donald Trump.

Biden vai tomar posse no próximo dia 20, numa cerimónia que tradicionalmente tem lugar na escadaria do Capitólio.

"Não tenho medo de fazer o juramento de posse ao ar livre", assegurou Biden, em declarações aos jornalistas, após ter recebido a segunda dose da vacina contra a Covid-19.Obama, Bush e Clinton presentes na investidura
O tema da investidura de Joe Biden como Presidente norte-americano será “América Unida”, estando confirmada a presença dos antecessores Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton, revelou na segunda-feira a comissão responsável pelas cerimónias.

“Num momento de crise sem precedentes e profundas divisões, [o tema] ´América Unida´ reflete o início de uma nova jornada nacional que restaura a alma do país, une-o e abre caminho para um futuro mais auspicioso”, afirmou, em comunicado, a comissão da tomada de posse de Biden.

Depois de empossados, a 20 de janeiro, Biden e a vice-presidente Kamala Harris, juntamente com os seus cônjuges, participarão numa cerimónia militar.

Em seguida, o presidente e a vice-presidente deporão, com Obama, Bush, Clinton e seus cônjuges, uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido, no cemitério nacional de Arlington.

Donald Trump já anunciou que não comparecerá nas cerimónias, tornando-se o primeiro presidente cessante em mais de 150 anos a não comparecer à tomada de posse do seu sucessor.


Já o vice-presidente Mike Pence mantém a dúvida se vai estar presente.

No final das cerimónias, Biden seguirá para a Casa Branca, com escolta militar.Mais uma baixa no Executivo de Trump
Depois de Betsy DeVos e Elaine Chao terem apresentado a demissão do Executivo liderado por Donald Trump, ontem o secretário interino de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Chad Wolf, anunciou a sua demissão, numa mensagem enviada aos membros da sua equipa.

"Estou triste por dar este passo, dado que tinha a intenção de servir até ao fim deste Governo", escreveu.

Wolf tinha apelado, na passada semana, a Donald Trump para que “condenasse fortemente” a invasão do Capitólio.

O republicano de 45 anos liderava desde novembro de 2019 o Departamento de Segurança Nacional, criado após os atentados de 11 de setembro de 2001 para melhor coordenar as políticas migratórias e de segurança do país.

Em poucos dias, esta é a terceira saída no Executivo liderado por Donald Trump, depois da demissão dos secretários dos Transportes e da Educação, que se demitiram na semana passada em sinal de condenação pela violência.
Destituição de Trump analisada na Câmara dos Representantes
Os democratas da Câmara dos Representantes revelaram que vão analisar a destituição do Presidente cessante norte-americano na próxima quarta-feira, precisamente uma semana depois da invasão por apoiantes de Donald Trump do Capitólio.

A líder da maioria democrata da Câmara dos Representantes, Steny Hoyer, pediu ontem aos membros do órgão de soberania para que regressem a Washington para se analisar a resolução a aprovar e em que se pede ao vice-Presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, para invocar a autoridade constitucional e destituir Trump.

Aguarda-se que a resolução seja aprovada, mas acredita-se ser improvável que Pence aja nesse sentido e invoque a 25.ª emenda.

Hoyer adiantou também que a Câmara dos Representantes irá, depois, analisar a destituição (impeachment), também quarta-feira.

Os democratas da Câmara dos Representantes agiram rapidamente para redigir um artigo de impeachment, acusando Trump de incitamento à insurreição pelo apelo que fez a milhares de seus apoiantes que participavam numa manifestação, há uma semana, e que culminou com a invasão do Capitólio, protestando contra a alegada fraude eleitoral nas presidenciais de 3 de novembro, ganhas pelo democrata Joe Biden.

Ontem, os republicanos bloquearam a resolução que pede a Pence para invocar com urgência a 25.ª emenda para destituir Trump.

O bloqueio, que se resumiu à recusa em votar a resolução, foi imposto depois de os democratas terem entregado na Câmara dos Representantes uma ata de acusação contra Trump, primeiro passo para a abertura formal de um segundo procedimento de destituição contra o Presidente cessante dos Estados Unidos, que é acusado unicamente de “incitar a violência” no episódio que levou à invasão do Capitólio em Washington.

Trump termina o mandato quando Biden tomar posse, a 20 deste mês.

Pence ainda não deu qualquer indicação sobre se irá dar sequência às resoluções dos democratas, mas, se não avançar com o processo, a Câmara dos Representantes, segundo a presidente deste órgão, Nancy Pelosi, avançará para a destituição.

Pelosi reagiu ao bloqueio dos republicanos, acusando-os de “pôr os Estados Unidos em perigo” face à “cumplicidade” com Trump.

A líder democrata da Câmara dos Representantes lamentou que os republicanos se oponham à unanimidade da resolução para exigir a Pence que promova a demissão de Trump.


A poucos dias do fim da Presidência de Trump, a Câmara dos Representantes está também a preparar esta semana a destituição do Presidente cessante.

Pelosi tem tentado primeiro pressionar os republicanos para que convençam Trump de que chegou a hora de deixar a Presidência norte-americana.

O projeto da Lei da Destituição, de quatro páginas, dá conta, entre outras razões, de declarações falsas feitas por Trump sobre o facto de ter derrotado Biden nas eleições, das pressões sobre as autoridades da Geórgia para que se encontrassem mais votos para dar a vitória ao Presidente cessante.

A invasão do Capitólio é outro dos argumentos, uma vez que consideram que Trump incitou os seus apoiantes a “lutarem como nunca” contra a alegada fraude eleitoral, o que levou os manifestantes a romperem os cordões policiais e a entrarem no Capitólio.

"O Presidente Trump colocou em risco a segurança dos Estados Unidos e das suas instituições governamentais", refere-se no projeto de lei dos representantes democratas David Cicilline (Rhode Island), Ted Lieu (Califórnia), Jamie Raskin (Maryland) e Jerrold Nadler (Nova York).

“[Trump] ameaça a integridade do sistema democrático, interfere na transição pacífica de poder, e traiu a confiança. Continuará a constituir-se como uma ameaça à segurança nacional, à democracia e à Constituição se se mantiver [na Casa Branca]”, acrescenta o texto.

c/ agências
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