FBI garante que irá "aos confins da terra" para encontrar autores do ataque de Boston

Quase vinte e quatro horas depois da dupla explosão na meta da maratona de Boston, as autoridades procuram sossegar o público, embora não avancem com dados sobre as pistas que terão encontrado ou que estejam a seguir. O Governador de Massachussets, Deval Patrick confirma que a cidade está segura e que não foram encontrados mais nenhuns pacotes suspeitos. E Richard DesLauriers, o agente do FBI encarregue do caso, diz que a investigação "abrange o mundo inteiro."

Graça Andrade Ramos, RTP /
As pesquisas forenses abrangem 15 quarteirões em redor da explosão e o centro da cidade de Boston deverá manter-se encerrado pelo menos mais dois dias Jessica Rinaldi/Reuters

"Iremos onde as provas e as pistas nos levarem, iremos aos confins da terra para identificar o autor ou os autores responsáveis por este crime desprezível e faremos tudo o que podermos para os levar à justiça," garantiu Richard DesLauriers, do FBI (polícia federal norte-americana).

O próprio Presidente norte-americano confirmou contudo as incertezas sobre a dupla explosão. Barack Obama voltou a falar sobre o sucedido, esta tarde  na Casa Branca, apenas para confirmar que não se sabe ainda se o atentado é obra de um grupo nacional ou estrangeiros ou sequer de um "indivíduo malévolo."

Obama não teve contudo dúvidas em classificar as explosões como um "ato de terror" e pediu aos norte-americanos para se manterem vigilantes e atentos a atividade suspeita.

Pouco depois do atentado o Presidente norte-americano tinha igualmente prometido "encontrar" a explicação das explosões e fazer sentir "todo o peso da justiça "aos responsáveis, indivíduos ou grupos."
A ameaça islâmica
A falta de dados está a alimentar a especulação sobre a autoria do ataque. A memória do 11 de setembro foi reavivada e a ameaça islâmica concentrou desde logo o ódio de muitos internautas.

O jornal New York Post lançou achas na fogueira dos comentários nas redes sociais, ao divulgar que um cidadão saudita estava sob suspeita, uma informação depois repescada, com mais pormenores, por outros media.

Na sua conta twitter, por exemplo, um internauta, Erik Rush (@erikrush) quer que os muçulmanos "sejam todos mortos," numa mensagem divulgada através da Fox News.

Nem o distanciamento dos investigadores nem a condenação imediata dos atentados pelas associação muçulmanas norte-americanas parecem suficientes para acalmar os ânimos."Por favor, que não seja um muçulmano" tweetou @LibyaLiberty, texto repetido e subscrito por centenas de outros internautas muçulmanos.

Um consultor baseado no Dubai, @iyad_elbagdhdadi, alegra-se por outro lado pela solidariedade com os americanos que encontra entre os seus seguidores: "Fui à minha lista "islâmica". Faz bem ver que a maioria dos comentários são simpáticos. Encontro apenas um punhado de loucos furiosos em mais de 200 contactos," escreveu, de acordo com o jornal Le Monde.

As explosões não foram ainda reivindicadas e os suspeitos do costume, como por exemplo os talibans paquistaneses do TTP (Tehereek-e-Taliban Pakistan), negam a autoria. "Somos a favor dos ataques contra os Estados Unidos e os seus aliados, mas não estamos envolvidos nesse ataque", declarou o porta-voz do movimento, Ehsanullah Ehsan.
Suspeito saudita
De acordo com a CBS News, um cidadão saudita que estaria nos Estados Unidos com visto de estudante, terá sido derrubado por espectadores quando fugia do local dos atentados.

O homem não foi identificado e estará internado num hospital e a cooperar com a polícia. Mas as autoridades dizem que não detiveram ninguém e recusam confirma-lo como suspeito.

"Estamos a interrogar várias pessoas", afirma o chefe local de polícia, Edward F.Davis, apelando a todos que tenham fotografias ou vídeos do local dos atentados imediatamente antes, durante e após a explosão, que as entreguem à polícia.

A polícia vasculhou ainda um apartamento em Revere, cidade a norte de Boston, mas não revelou o que foi lá encontrado nem confirmou rumores de que esta seria a casa do saudita hospitalizado.
Duas pistas
De acordo com algumas fontes anónimas, a investigação estará a privilegiar duas linhas de buscas. Uma, apoia-se no dia escolhido para o atentado, o Dia dos Patriotas, que coincide com o último dia de entrega das declarações de impostos. As suspeitas recaem assim em grupos extremistas americanos de direita e militantes anti-impostos.
A busca forense foi já alargada a 15 quarteirões em redor do local do atentado, que vitimou mortalmente três pessoas, entre elas um rapazinho de oito anos. Há 173 feridos confirmados, entre os quais nove crianças, dos quais 17 em estado crítico, de acordo com a polícia de Boston.
 
Há indícios de que os engenhos explosivos continham pregos, fechos éclair e lâminas. Os médicos dos hospitais confirmam que tiveram também de retirar rolamentos de esferas cravados em muitas das vítimas. Também não foi usado explosivo potente e as vítimas foram atingidas sobretudo nos membros inferiores. Muitas tiveram de ser amputadas.

Outra teoria investiga a ameaça islâmica, devido à dupla explosão e aos rumores de que teriam sido detetados vários outros pacotes armadilhados, pelo menos sete, de acordo com algumas fontes.

Estas últimas informações são contudo negadas pelas autoridades.

"É importante esclarecer que foram dois e apenas dois os engenhos explosivos encontrados ontem," garantiu Deval Patrick, governador do Massachusets.

Edward Davis, Comissário da polícia de Boston, afirmou que "não existem provas" de que os engenhos estivessem colocados em caixotes de lixo.

A polícia afastou igualmente ligações a uma terceira explosão relatada pelos media e investigada primeiro como podendo estar relacionada com os atentados na meta da maratona de Boston.

O incidente foi afinal "um incêndio" e a própria biblioteca precisou que o ocorrido tinha tido início num "local técnico."
PUB