Firmas da City devem "refletir muito bem" antes de ajudar oligarcas russos

por RTP
O nº10 de Downing Street em Londres, residência oficial e gabinete do primeiro-ministro do Reino Unido Reuters

As firmas jurídicas de aconselhamento contabilístico e bancário que defendam os interesses dos oligarcas russos e que tentem ajudá-los a contornar as sanções impostas pelo Governo britânico, devido à guerra na Ucrânia, podem ser elas mesmas castigadas, avisou o gabinete do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.

A Rússia tem de ser tratada como um Estado pária”, explicou ao Guardian o porta-voz esta segunda-feira, aconselhando as firmas da City a “refletir muito bem” antes de apoiar os aliados do Presidente Vladimir Putin.

O Foreign Office, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, tem sido inundado de cartas jurídicas enviadas pelas firmas que representam os oligarcas e empresas interessadas em contornar as sanções ditadas nos últimos dias.

Até agora o Governo recusou revelar os nomes destas firmas apesar de exigências da oposição para “nomear e envergonhar” estas empresas jurídicas que trabalham em prol dos interesses financeiros dos seus clientes russos.

Esta segunda-feira, Downing Street admitiu que nenhuma alternativa está a ser descartada, incluindo sanções às próprias firmas envolvidas. “Vamos certamente manter todas as opções em aberto”, declarou o porta-voz de Boris Johnson.

“Esta é uma situação incrivelmente grave e queremos dar todos os passos possíveis para agravar a pressão sobre Putin e o seu regime para o forçar a recuar no caminho que tomou”, explicou.

“Indivíduos e empresas de tentem favorecer esse regime e as ações de Putin que mantenham este caminho de violência, pensamos que deviam igualmente afastar-se“. O porta-voz aconselhou as firmas a “refletir muito bem se estão ainda a agir de forma que suporta o regime de Putin”.

A advertência foi feita escassas horas antes da ministra dos Negócios Estrangeiros britânica Liz Truss revelar no Parlamento um novo pacote de sanções para "acabar com o dinheiro sujo dos oligarcas no Reino Unido"

As medidas afetam três milhões de empresas russas, bancos russos e os bens e ativos de multimilionários russos no Reino Unido. Os navios com ligações a empresas russas ficam também proibidos de atracar nos portos britânicos, como explica a correspondente da RTP no Reino Unido, Rosário Salgueiro.

"Continuaremos a trabalhar com os nossos aliados do G7 para cortar a economia russa e cortar a dependência do mundo livre do petróleo e gás russos, privando [o presidente russo, Vladimir] Putin da sua principal fonte de receitas".

A mais recente resposta russa às sanções impostas pelo Ocidente foi proibir os seus cidadãos de tranferir dinheiro para o estrangeiro.
Infligir danos importantes a Putin
O porta-voz de Johnson afirmou que o objetivo das sanções é derrubar o regime de Putin, clarificando logo depois que se tinha precipitado e queria dizer que o objetivo é “infligir danos a Putin e ao seu regime, para entravar a máquina de guerra russa na sua tentativa de subjugar um país europeu democrático”. “Não estamos a procurar nada em termos de mudança de regime. Falamos aqui claramente de procurar evitar que a Rússia subjugue um país democrático. Essa tem sido sempre a mensagem. Isto trata-se de evitar um ataque não provocado. Acreditamos que ninguém deveria apoiar de forma alguma ou suportar de qualquer forma os esforços do regime de Putin”, sublinhou.

O porta-voz referiu que se podem esperar novas sanções contra individualidades e empresas russas nos próximos dias, após as primeiras medidas adotadas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia na madrugada de quinta-feira.

Já quanto à possibilidade dos oligarcas usarem a sua posição de influência para se exprimir contra Putin, considerou “eu não falaria de indivíduos específicos mas certamente pensamos que todas as pessoas deveriam unir-se na condenação das ações assumidas por Putin”.

Esta segunda-feira dois conhecidos multimilionários russo-britânicos exprimiram-se contra a guerra, apelando Vladimir Putin a recuar na Ucrânia. Foram eles Evgueny Lebedev e Lubov Chernukhin.
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