Físico assassinado nos EUA. Português encontrado morto é suspeito da morte de Nuno Loureiro
Foi identificado e encontrado morto o principal suspeito do assassinato do físico Nuno Loureiro e também do ataque na Universidade de Brown. Cláudio Neves Valente era cidadão português, estudou naquela universidade norte-americana e vivia há mais de 20 anos nos Estados Unidos.
Depois de investigarem e confirmarem a ligação entre o massacre na Universidade de Brown e o assassinato do português Nuno Loureiro, físico português do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston, as autoridades norte-americanas identificaram o principal suspeito, também de nacionalidade portuguesa: Cláudio Neves Valente, de 48 anos, ex-estudante na Universidade de Brown.
O suspeito foi encontrado morto na noite de quinta-feira, após cometer suicídio, num armazém em Salem, em New Hampshire, a cerca de 20 quilómetros da baixa da cidade de Boston, segundo a polícia numa conferência de imprensa realizada na madrugada desta sexta-feira.Quando foi encontrado, estava na posse de uma mochila e duas armas de fogo.
"O indivíduo foi identificado como sendo Cláudio Manuel Neves Valente, 48 anos. Foi aluno em Brown, com nacionalidade portuguesa e a sua última morada conhecida era em Miami", afirmou um porta-voz da polícia de Rhode Island. “Sabemos que ele deixou Providence e que cometeu um homicídio noutro Estado”.
Por agora, Cláudio Neves Valente é o único suspeito do tiroteio na Universidade de Brown, assim como do homicídio do cientista português, embora os motivos não sejam ainda conhecidos. As autoridades norte-americanas terão identificado o suspeito através de uma pista deixada por uma pessoa em situação de sem-abrigo, que terá dado o alerta via Reddit para uma viatura alugada e estacionada no campus, e de relatos de outras testemunhas.Em Providence, as autoridades realizaram buscas por provas e apelaram ao público para verificar quaisquer filmagens de telemóvel ou de segurança que possam ter da semana anterior ao ataque, acreditando que o atirador poderá ter estudado o local com antecedência.
Os investigadores divulgaram vários vídeos das horas e minutos antes e depois do tiroteio que mostraram uma pessoa que, segundo a polícia, corresponde à descrição dada pelas testemunhas do atirador.
Uma segunda pessoa, identificada como próxima do suspeito, apresentou-se após a conferência de imprensa de quarta-feira e ajudou "a desvendar" o caso, declarou procurador-geral de Rhode Island, Peter Neronha.Suspeito tinha visto de residência
Natural de Torres Novas, Cláudio Neves Valente foi para os Estados Unidos para estudar Física na Universidade de Brown há mais de 20 anos. Segundo a CNN, terá estudado em Portugal com Nuno Loureiro, entre 1995 e 2000.
Posteriormente, foi aluno da Universidade de Brown entre o outono de 2000 e a primavera de 2001, tendo sido admitido na faculdade para um mestrado em Física, que começou em 1 de setembro de 2000, mas meteu uma licença em abril de 2001. E anulou a matrícula em julho de 2003.
Quando foi para os Estados Unidos, entrou com um visto de estudante. Mas depois candidatou-se a um "Green Card" e, em setembro 2017, conseguiu essa autorização de residência permanente no país.A morte de Nuno Loureiro aconteceu na segunda-feira, dois dias após o ataque na Universidade de Brown, em que foram assassinados dois estudantes e pelo menos oito ficaram feridos.
As autoridades identificaram-no como suspeito dos dois ataques, mas admitiram que "era sofisticado a esconder os seu rasto". Terá usado um telefone não rastreável e evitou usar cartões de crédito em nome próprio.
O suspeito terá usado cartões SIM europeus através de uma operadora norte-americana, o que dificultaria o rastreamento da localização em tempo real.
Suspenso programa de vistos usado por suspeito
Após divulgado o suspeito e a situação em que estava nos Estados Unidos, Donald Trump suspendeu o programa de vistos que permitiu a entrada no país de Cláudio Neves Valente.
A secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, afirmou na quinta-feira que, a pedido de Trump, ordenou ao Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (EUA) que suspendesse o programa.
"Este indivíduo hediondo nunca deveria ter tido permissão para entrar no nosso país", disse Noem, na rede social X, sobre o suspeito, o português Cláudio Neves Valente, de 48 anos.O português obteve o estatuto de residente permanente legal nos EUA em 2017, afirmou a procuradora federal de Massachusetts, Leah B. Foley.
O programa de vistos, conhecido como green cards, disponibiliza anualmente até 50 mil vistos, através de sorteio, a pessoas de países pouco representados nos Estados Unidos, muitos deles em África.
Há muito que Trump se opõe a este programa e ao sorteio, que foi criado pelo Congresso norte-americano.
A presidente da Universidade de Brown, Christina Paxson, disse que Valente esteve matriculado na instituição entre 2000 e 2001, tendo sido admitido na pós-graduação para estudar Física a partir de setembro de 2000. "Não tem nenhum vínculo atual com a universidade", acrescentou.
Valente e Loureiro frequentaram o mesmo programa académico numa universidade em Portugal, entre 1995 e 2000, acrescentou Foley.
Loureiro, que cresceu em Viseu, formou-se e fez investigação no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.