Focos de tensão reprimidos pela polícia na cidade de Tete
No dia em que o preço do pão aumentou em Moçambique, as principais cidades do país vivem um ambiente de aparente acalmia, com Maputo a retomar o ritmo normal, depois de o fim-de-semana ter vindo pacificar três dias de revolta na capital. Pelo caminho os confrontos entre polícia e população fizeram 13 mortos e mais de 600 feridos. Hoje, a agitação transferiu-se para Tete, cidade onde a polícia foi chamada a intervir.
Os rumores de que estariam a ser preparados novos protestos não se confirmaram ainda e em Maputo não houve incidentes, estando os transportes públicos a funcionar normalmente e os estabelecimentos comerciais abertos ao público.
Os principais problemas foram sentidos em Tete, no centro do país, onde a polícia foi obrigada a intervir para dispersar manifestantes que impediam a abertura dos dois principais mercados informais da cidade.
"Um grupo de pessoas criou agitação durante a manhã nos mercados Canongola e Kwarchena e criou uma tensão na cidade. Mas a polícia respondeu com prontidão e não houve réplica nos outros locais", explicou João Sozinho, porta-voz da polícia em Tete.
Não havendo registo de danos, de acordo com declarações de outra fonte a Polícia da República de Moçambique (PRM), as ruas foram ocupadas pela polícia e a cidade acabou por baixar a actividade, apesar de os transportes públicos estarem a funcionar.
"Estamos a patrulhar as ruas para evitarmos oportunismo", acrescentou João Sozinho.
Maputo vive calma com ameaças de novos protestos
Apesar dos rumores de que estariam a ser preparados novos protestos depois da calma vivida durante o fim-de-semana, a capital não registou qualquer incidente, os transportes públicos estão nas ruas e os estabelecimentos abriram as suas portas.
Numa actualização dos dados da semana passada, o ministro da Saúde subiu para 13 o número de mortos em resultados dos confrontos entre população e polícia, bem como mais de quatro centenas de feridos.
O último balanço feito na semana passada apontava para 10 mortos, número agora actualizado pelo ministro Ivo Garrido. De acordo com o governante, na sexta-feira deram entrada nos hospitais mais dois corpos e na última madrugada morreu um dos feridos que estava internado no Hospital Central.
Desde sexta-feira deram entrada nos hospitais de Maputo mais 20 feridos, aos quais se juntam seis feridos em Chimoio, na província central de Manica. No total, foram atendidas nos diversos serviços de saúde do país 624 pessoas.
Entre os feridos que estão a ser assistidos no Hospital Central três encontram-se em estado grave, ainda de acordo com Ivo Garrido.
Também numa actualização dos dados relativos aos três dias de protestos na cidade de Matola, o comando da PRM avançou hoje ter detido 159 pessoas.
Um porta-voz da polícia acrescentou que os detidos se encontravam "nas diversas esquadras sob jurisdição do comando provincial" e que, "depois da triagem, mediante as suas declarações, alguns foram soltos".