Forças russas controlam Chernobyl e mantêm funcionários como reféns

por Cristina Sambado - RTP
Oleg Petrasyuk - EPA

As autoridades ucranianas revelaram que as tropas russas estão a controlar a central nuclear de Chernobyl, no norte da Ucrânia, e que mantêm os funcionários como reféns. A Agência Nuclear do país revelou, por sua vez, que está a detetar níveis crescentes de radiação no local.

Esta sexta-feira Moscovo anunciou que vai enviar paraquedistas para ajudar a proteger a antiga central nuclear e garantiu que os níveis de radiação “são normais”.

Em declarações à CNN, a porta-voz da Agencia Estatal da Ucrânia sobre Gestão de Zonas de Exclusão, Yevgeniya Kuznetsovа, revelou que os militares russos conquistaram a central nuclear de Chernobyl no primeiro dia de invasão da Rússia à Ucrânia. A central nuclear de Chernobyl foi o palco do pior desastre nuclear do mundo, após a explosão do reator número 4, em abril de 1986.

Já Alyona Shevtsova, conselheira do comandante das Forças Terrestres da Ucrânia, afirmou no Facebook que as forças russas mantêm os “funcionários como reféns”.

Segundo Mykhailo Podolyak, concelheiro presidencial ucraniano, o controlo da zona de Chernobyl motivou uma “forte batalha”.

Podolyak revelou ainda que não são conhecidas as condições das instalações de armazenamento de resíduos nucleares da antiga central.
Depois de um ataque russo sem sentido é impossível afirmar que Chernobyl está segura. Esta é uma das ameaças mais sérias para a Europa”, acrescentou Podolyak.

Na quinta-feira, a Casa Branca tinha mostrado preocupação com “relatos fiáveis” de que as tropas russas estavam a controlar a central de Chernobyl e a manter os funcionários como reféns.

Esta tomada de reféns é ilegal e perigosa. Pode prejudicar os esforços rotineiros do serviço civil necessário para manter e proteger as instalações de resíduos nucleares. É obviamente alarmante e preocupante”, sublinhou o secretário de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, aos jornalistas.

“Condenamos e pedimos a libertação”, acrescentou.

Também na quinta-feira o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha alertado para o facto de as forças russas estarem a tentar controlar a central nuclear.

“As forças de ocupação russas estão a tentar controlar Chernobyl. Os nossos militares estão a sacrificar as suas vidas para que a tragédia de 1986 não se repita. Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa”, escreveu Volodymyr Zelensky na rede social Twitter.


O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia recordou o espectro do desastre nuclear na cidade.

“Em 1986, o mundo viu o maior desastre nuclear em Chernobyl. Se a Rússia continuar a guerra pode acontecer novamente em 2022”, realçou.

Mais de 30 pessoas morreram após uma explosão que destruiu o reator nuclear número 4 da central nuclear de Chernobyl, perto de Pripyat, a 26 de abril de 1986. Segundo dados da Agência Internacional de Energia Atómica das Nações Unidas, nos anos seguintes, morreram inúmeras pessoas vítimas de radiação.

O governo ucraniano retirou cerca de 135 mil pessoas da aérea e criou uma zona de exclusão em redor da central de mais de 30 quilómetros que permanece inabitável durante décadas.

Nos meses seguintes à explosão foi construída uma proteção para cobrir o reator número 4 e conter o material radioativo. No entanto, desde que a proteção se deteriorou, têm sido registados níveis de radiação.
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