França. Candidato da extrema-direita demarca-se de apoiantes que praticam tiro ao alvo em Macron imaginário

por RTP
Reuters

O candidato presidencial Eric Zemmour demarcou-se de dois apoiantes que publicaram um vídeo no qual praticavam tiro ao alvo no presidente Emmanuel Macron e em dois representantes do partido França Insubmissa, Alexis Corbière e Raquel Garrido. O caso, que está a ser investigado pela polícia, serve para troca de acusações entre o candidato da extrema-direita e o partido de esquerda radical.

Condeno antecipadamente tudo o que fizerem em meu nome durante minha campanha. Não quero o apoio ou a ajuda deles”, reagiu o candidato da extrema-direita em comunicado.

Na condenação veemente que fez dos vídeos e dos seus autores, Eric Zemmour considerou que as gravações constituíam um “espetáculo deplorável” cometido por "um punhado miserável" de "idiotas". Traçou ainda um paralelo com os "hooligans", que "não vão ao estádio pela beleza do jogo, mas pela violência”.

Eric Zemmour também tem uma mensagem para os representantes da Esquerda Insubmissa, que tentaram tirar dividendos políticos dos efeitos do vídeo. “Denunciem definitivamente os antifascistas que me perseguem”, referiu, alegando que são aos “milhares”.

Declarem publicamente que condenam sem apelo, o que quer que seja que eles fizerem”, instou, referindo ainda que “a violência sempre esteve do lado da extrema-esquerda”.

Tiro ao alvo
Os vídeos foram denunciados na rede social Twitter pelo grupo antifascista Jeune Garde e mostram um homem com um boné em que se lê “ben voyons”, um tique de linguagem do candidato Zemmour e que os apoiantes usam como slogan.

Munido de uma arma de grande calibre, o homem faz mira e diz: "Bom, vamos ver amigos, quem é que vamos rebentar? O jovem de esquerda, o jovem comunista, o jovem preto mental". Ri-se antes de disparar e simula surpresa: "Ah, Emmanuel Macron!". Depois, dispara um segundo tiro.

Num outro vídeo, filmado no mesmo local, um outro homem diz estar a "treinar para caçar a selvagem Garrido", em alusão à porta-voz da França Insubmissa Raquel Garrido. Depois, dispara um segundo tiro destinado ao marido, o deputado da mesma força política, Alexis Corbière.

Ainda nesta sequência, o homem imagina estar a disparar sobre "antifascistas e esquerdistas". As pessoas de origem magrebina são outro dos alvos. “Há bandeiras argelinas e marroquinas, vi-as ali. Vamo-nos então apressar-nos em retirá-las”, dizia o “atirador”, que na conta de Instagram de apresentava como “militar” e “católico”.
“Eric Zemmour pôs-me um alvo nas costas”
Os representantes da França Insubmissa apresentaram queixa por “ameaças de morte e provocação ao cometimento de um crime”. A procuradoria de Paris confirmou a abertura de um inquérito pelo Grupo nacional de luta contra o ódio em linha por “ameaças de morte e provocação ao ódio racial”.

O deputado Alexis Corbière aproveitou a situação para pressionar Eric Zemmour a “condenar claramente o vídeo” e pediu “um sinal claro” dos poderes públicos.

Eric Zemmour pôs-me um alvo nas costas”, acusou a porta-voz da França Insubmissa, durante uma conferência de imprensa. “Hoje, toda a factosfera online tem-nos em mira, uns a seguir aos outros, com um risco claro de passagem aos actos”, acrescentou Raquel Garrido.

Também o grupo parlamentar denunciou as “ameaças (…) tão inaceitáveis quanto odiosas” que visam os seus representantes e dizia-se “consternado pela falta de reação das autoridades políticas do país face a este ódio e esta violência”.
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