França reconhece Estado da Palestina

O presidente francês, Emmanuel Macron, confirmou esta segunda-feira na abertura da conferência de alto nível sobre a solução dos dois Estados, copresidida por Paris e Riade, que o seu país reconhece o "Estado da Palestina", "pela paz" entre israelitas e palestinianos.

Graça Andrade Ramos - RTP /
Foto: Getty Images via AFP

"Chegou o tempo da paz" e "é urgente", acrescentou o presidente francês. "Chegou a hora. É por isso que, fiel ao compromisso histórico do meu país com o Médio Oriente, com a paz entre israelitas e palestinianos, declaro que hoje a França reconhece o Estado da Palestina", disse Macron.

O anúncio realizado durante a Assembleia Geral das Nações Unidas que reúne até quarta-feira os líderes mundiais em Nova Iorque, segue-se ao reconhecimento formal do Estado da Palestina por parte do Reino Unido, do Canadá, da Austrália e de Portugal.

A decisão dos vários países ocidentais, que reconhece na prática a solução dos dois estados, Palestina e Israel, provocou críticas severas por parte do governo israelita, para quem ela "premeia o terrorsmo".

Outras nações deverão declarar nos próximos dias o reconhecimento do Estado da Palestina, num movimento internacional sem precedentes. Os Estados Unidos já anunciaram que não irão seguir a medida.

Imediatamente após o reconhecimento por parte de Macron, a sala irrompeu em aplausos.

O presidente francês anunciou também que será aberta uma embaixada francesa na Palestina condicionada à libertação de "todos os reféns" detidos pelo movimento islamita Hamas e a um "cessar-fogo" em Gaza.
"Derrota para o Hamas"

Emmanuel Macron, afirmou que o reconhecimento de um Estado palestiniano é a "única solução que permitirá a Israel viver em paz", classificando a medida como uma "derrota para o Hamas". 

Afirmou ainda que "devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preservar a própria possibilidade de uma solução de dois Estados, com Israel e Palestina a viverem lado a lado em paz e segurança". O reconhecimento dos direitos do povo palestiniano "não retira nada aos direitos do povo de Israel, que a França apoiou desde o primeiro dia", disse Macron.

"A França nunca vacilou, mantendo-se ao lado de Israel, mesmo quando a sua segurança estava em causa, incluindo quando houve ataques aéreos iranianos. Este reconhecimento do Estado Palestiniano é uma derrota para o Hamas", acrescentou Macron.

O líder francês agradeceu a outras nações que também reconheceram o Estado Palestiniano nos últimos dias. “Eles responderam ao nosso apelo feito em julho e fizeram a escolha responsável, a escolha necessária, a escolha de optar pela paz”, disse. 

Nada será possível a não ser que as autoridades palestinianas assumam plenamente a nossa renovada ambição para que possamos, finalmente, alcançar a solução dos dois Estados”, acrescentou mais tarde no seu discurso.
"Direito dos palestinianos"

Depois do presidente francês, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou a situação em Gaza como "intolerável" e afirmou que uma solução de dois Estados é a "única saída para o seu pesadelo".

Guterres disse que, embora acolha as decisões de vários países de reconhecer uma solução de dois Estados, também observou que "nada pode justificar os horríveis ataques terroristas de sete de outubro pelo Hamas ou a tomada de reféns".

"E nada pode justificar a punição coletiva do povo palestiniano", acrescentou.

Rebatendo as críticas, o secretário-geral disse que o estatuto de Estado para os palestinianos "é um direito, não uma recompensa" e que, sem ele, não haverá "paz" na região.

"Devemos comprometer-nos novamente com a solução de dois Estados antes que seja tarde demais. A solução na qual dois Estados independentes, contíguos, democráticos, viáveis ​​e soberanos são mutuamente reconhecidos e totalmente integrados na comunidade internacional", disse o chefe da ONU.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que aqueles que reconhecem um Estado palestiniano “estão a dar um enorme prémio ao terror”.

com Lusa
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