Fuga de documentos do Pentágono. Jack Teixeira aceita pena de 16 anos de prisão

por RTP
Jack Teixeira, numa selfie para redes sociais Reuters

Jack Teixeira aceita pena de 16 anos de cadeia por ter divulgado documentos classificados da defesa nacional dos Estados Unidos da América, admitindo num acordo judicial a culpa em todos os seis crimes de que era acusado.

O jovem, detido pelo FBI em abril de 2023, divulgou centenas de documentos confidenciais do Pentágono na rede social Discord, obtidos enquanto membro da Guarda Nacional Aérea de Massachusetts.

A fuga de informação visou especificamente documentos sobre o equipamento militar que os EUA estavam a enviar para a Ucrânia e sobre a forma como este deveria ser enviado e utilizado. Incluiu ainda dados comprometedores sobre o arsenal da Coreia do Sul, sobre a Mossad e sobre a estratégia chinesa na Nicarágua e russa no Ártico.

Ao fazer um acordo com a justiça, o recruta da Guarda Nacional escapou a um processo penal. Aceitou contudo ser condenado a 16 anos e oito meses de prisão, a pagar 50.000 dólares de multa e a ajudar os responsáveis dos serviços de informação a perceber como a fuga se concretizou.

Teixeira, um luso-descendente de 21 anos na altura dos factos, foi formalmente acusado em junho de 2023 de cometer uma das mais graves violações de segurança dos Estados Unidos desde o caso Wikileaks, em 2010.

Especificamente foi acusado de seis crimes de "retenção intencional e transmissão de informações classificadas relacionadas com a defesa nacional", por possuir indevidamente e partilhar intencionalmente aqueles documentos e dados num servidor de jogos.
"Jack Teixeira recebeu do governo dos Estados Unidos acesso a informações classificadas de defesa nacional -- incluindo informações que poderiam causar danos excecionalmente graves à segurança nacional se partilhadas", destacou o procurador-geral norte-americano, Merrick Garland, ao formalizar a acusação.

A defesa de Jack Teixeira sublinhou em favor do jovem a falta de antecedentes criminais.
Embaraço para os EUA

Outros 15 elementos da unidade de Jack Teixeira foram sancionados em dezembro pela Força Aérea dos Estados Unidos, por terem permitido a divulgação de informações confidenciais ao não tomarem medidas quando testemunharam atividades questionáveis.

Teixeira, de North Dighton, Massachussets, tinha-se declarado inocente em audiências anteriores. Estava detido desde a sua detenção em abril de 2023.

O caso causou sérios embaraços à Administração Biden, que se viu forçada a dar garantias à comunidade internacional sobre a segurança de informações confidenciais, em especial dos seus aliados.

Além dos dados sobre a defesa aérea ucraniana, Jack Teixeira divulgou informações sobre o arsenal da Coreia do Sul e sobre a agência israelita de informação, Mossad. Distribuiiu ainda documentação compilada pelos EUA sobre a estratégia chinesa na Nicarágua e problemas no Ártivo com a Rússia.
"Não é suposto divulgar"
A fuga, terá sido iniciada por Teixeira na Discord, uma rede social popular entre a comunidade de jogadores online, especificamente do grupo de conversa Thug Shaker Central.

De acordo com a acusação federal, o jovem membro da Guarda Nacional tentou impressionar os membros do grupo, composto por 20 a 30 jovens e adolescentes que costumavam conversar sobre armas e jogos vídeos e que partilhavam memes racistas.

Teixeira partilhou os documentos que tinha desviado, gabando-se de serem "menos de metade daquilo que está disponível".

"Não é suposto eu divulgar isto que vos mostrei", terá dito Teixeira, de acordo com os procuradores.

A função do jovem era manter a internet a funcionar nas bases aéreas da Fuarda Nacional. Desempenhava funções de "assistente de transmissão de ciberdados" na 102ª ala de Informação da Guarda Nacional do Massachussets.
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