Génova. Socorristas procuram vítimas, políticos prometem agir

por Carlos Santos Neves - RTP
O último balanço, ainda provisório, avançado pela imprensa italiana refere pelo menos 35 mortos, entre os quais três menores de oito, 12 e 13 anos Luca Zennaro - EPA

As equipas de resgate destacadas para o local do colapso da Ponte Morandi, em Génova, no norte de Itália, passaram a última noite à procura de sobreviventes. O Presidente italiano apelou a “um exame sério e severo das causas” do desastre, que fez mais de três dezenas de vítimas mortais.

Ao amanhecer, as edições online dos jornais italianos La Repubblica e Corriere della Sera avançavam com um balanço provisório do colapso do viaduto da Autoestrada 10 - pelo menos 35 mortos, entre os quais três menores de oito, 12 e 13 anos. Os problemas estruturais da Ponte Morandi eram conhecidos praticamente desde a sua construção, no fim da década de 60 do século passado.


O número de vítimas mortais subiu entretanto para 38. Há ainda 16 feridos. Destes, 12 estão em estado considerado grave.

A queda da porção central da Ponte Morandi - o nome do arquiteto que a concebeu nos anos de 1960 – precipitou, na manhã de terça-feira, 35 automóveis ligeiros e três camiões para uma queda de 45 metros, espalhando escombros por uma extensão de 200 metros. A infraestrutura encimava as instalações de uma empresa, a linha férrea e o Rio Polvecera.

Enquanto perdura a operação de socorro entre o betão colapsado, sobem de tom as vozes que reclamam explicações. Do seio do Governo saem sucessivas garantias de que os responsáveis, a serem identificados, terão de “pagar, pagar tudo e pagar caro”, nas palavras do ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, número um da Liga, partido de extrema-direita.

Durante a noite o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, esteve em Génova, onde adiantou que o Governo tenciona agora proceder a um levantamento do estado das infraestruturas do país.

Antena 1

Esta terça-feira estarão na cidade setentrional o vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio, líder do movimento populista 5 Estrelas, e o ministro dos Transportes e das Infraestruturas, Danilo Toninelli.

Do gabinete do Presidente italiano saiu também um apelo a “um exame sério e severo” das causas do desastre de Génova. Em comunicado, Sergio Matarella descreveu os acontecimentos de terça-feira como “uma catástrofe que atingiu Génova e toda a Itália”, um “drama absurdo” que “se abateu sobre pessoas e famílias”.
“A esperança nunca acaba”
O Presidente italiano quis também deixar sublinhado que “nenhuma autoridade poderá abster-se de um exercício de plena responsabilidade”, uma vez que “as famílias das vítimas o exigem, assim como a comunidade atingida por um acontecimento que deixará marcas”.
A Autoestrada 10, também conhecida como “autoestrada das flores”, liga Génova a Vintimille, na fronteira com a França. A via cruza um trajeto acidentado entre a costa e a montanha, pelo que inclui longos túneis e viadutos.
“Os italianos têm direito a infraestruturas modernas e eficazes”, acrescentou.

Ao anoitecer, centenas de socorristas continuavam a percorrer toneladas de betão, ajudados por cães, em busca de eventuais sobreviventes. Os serviços italianos de proteção civil adiantam que os trabalhos mobilizaram um milhar de operacionais, entre bombeiros, agentes da polícia e elementos da Cruz Vermelha.

“A esperança nunca acaba, já salvámos uma dezenas de pessoas dos escombros, vamos trabalhar 24 sobre 24 horas”, afirmou Emanuele Gissi, um graduado dos bombeiros italianos, em declarações recolhidas pela France Presse.

Estavam em curso, de acordo com a sociedade italiana das autoestradas, “trabalhos de consolidação na base do viaduto”, que era objeto de “ações constantes de observação e vigilância”.

Edoardo Rixi, vice-ministro italiano das Infraestruturas, já veio aventar o cenário de demolição de toda a Ponte Morandi.

“Estas tragédias não podem acontecer num país civilizado como a Itália. A manutenção tem prioridade sobre qualquer outra coisa e os responsáveis devem pagar”, insistiu, por sua vez, o ministro Danilo Toninelli.

c/ agências
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