Governo de Macau defende iniciativa mundial para diálogo entre civilizações
A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, O Lam, defendeu hoje o lançamento de uma iniciativa mundial para promover o diálogo e a cooperação entre civilizações.
O apelo de O Lam surgiu durante um discurso na cerimónia de abertura da edição inaugural do Fórum Internacional de Intercâmbio Civilizacional, que durante dois dias reúne 40 especialistas e dirigentes de uma dezena de países.
Entre os convidados estão académicos de Portugal, China continental, Egito, Indonésia, Tunísia, Itália, Alemanha, Reino Unido e Canadá.
O programa inclui intervenções do presidente do Observatório da China, Rui Lourido, e de Maria José de Freitas, arquiteta que trabalha em Macau e presidente do comité científico do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) sobre património construído partilhado.
O Lam lançou um desafio aos participantes do Fórum: "lançar uma `Iniciativa de Macau`, olhando para todas as civilizações de forma igual, promovendo o diálogo e cooperação".
A secretária defendeu que a cidade, que durante mais de 400 anos esteve sob administração portuguesa, "foi pioneira no diálogo e integração", assim como na "coexistência harmoniosa" entre civilizações.
O Lam rejeitou o `choque de civilizações`, teoria do influente académico norte-americano Samuel Huntington (1927-2008), e defendeu que a história mundial prova que "o progresso nunca se separa da aprendizagem mútua".
Também na cerimónia de abertura, a presidente do Instituto Cultural de Macau, que organiza o fórum, reiterou "o empenho" do território "em participar no diálogo global entre as civilizações".
Leong Wai Man defendeu que a região semiautónoma chinesa tem o potencial para "construir uma plataforma para o diálogo que transcenda as fronteiras entre as nações".
A dirigente sublinhou que Macau "sempre teve uma atitude aberta e inclusiva para aceitar as influências positivas das civilizações estrangeiras", dando como exemplo a calçada portuguesa no centro histórico da cidade.
O Fórum assinala ainda os 20 anos desde que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) classificou o centro histórico de Macau como Património Mundial, em 2005.
Também o vice-ministro da Informação chinês apontou para "as marcas de mais de 400 anos de fusão e coexistência" de civilizações que tornaram Macau numa "ponte cultural que liga a China ao mundo".
Wang Gang referiu que, além de respeitar as diferenças, as civilizações devem "aprender com os valores comuns", entre os quais destacou a liberdade e a democracia.
Apesar de a China ser, na prática, um regime de partido único, desde 2019 que o Partido Comunista Chinês defende o conceito político `democracia popular ao longo de todo o processo`.
Pequim alega que este conceito promove a participação contínua dos cidadãos na governação da China, mesmo na ausência do sufrágio universal e eleição direta da liderança do país.