Estado da Palestina. Quais os países que o reconhecem?
Portugal juntou-se hoje aos países que reconhecem o Estado da Palestina. Ao todo são 147, o que representa 75 por cento dos membros das Nações Unidas.
Comunidade Israelita de Lisboa diz que reconhecimento devia aguardar "melhor oportunidade"
Em comunicado, a direção da CIL defende que este reconhecimento deveria ocorrer "no desejável quadro de um processo institucional de construção de uma paz efetiva e duradoura, assente em garantias firmes e plenas de cessação definitiva da violência extremista e do terrorismo organizado".
"O reconhecimento do Estado da Palestina por parte do Estado Português -- é importante explicitar -- sucede num momento em que os reféns cativos desde o 07 de outubro não foram ainda libertados pelos terroristas e que esses mesmos terroristas continuam ativos e armados, oprimindo e vitimando inocentes, incluindo do seu próprio povo", salienta a CIL.
Além disso, o Hamas "não só continua a defender convictamente a extinção do Estado de Israel, como aspira governar esse mesmo Estado da Palestina que Portugal acaba de reconhecer".
A CIL defende assim que a decisão deveria aguardar por melhor oportunidade, acrescentando que este "ato de reconhecimento deve, além dos pressupostos acima referidos, caminhar a par com a defesa da dignidade, segurança e respeito pelas comunidades judaicas em Portugal, na Europa e no mundo".
Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram hoje formalmente o Estado da Palestina, num contexto de crescente pressão diplomática para avançar com uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, marcado por décadas de impasse nas negociações de paz.
Israel rejeitou o reconhecimento e argumentou que é uma "enorme recompensa ao terrorismo". Em palavras dirigidas aos líderes ocidentais, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou que não haverá um Estado palestiniano.
Já o movimento islamita Hamas afirmou que o reconhecimento representa "uma vitória" para os direitos dos palestinianos.
A França também reconhecerá o Estado palestiniano durante a conferência sobre a solução dos dois Estados, no âmbito da semana de alto nível da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
Quase 150 países reconhecem o Estado palestiniano em todo o mundo.
Francisco Assis considera que reconhecimento da Palestina "é o caminho correto"
Palestina. CDS discorda de decisão mas afasta "incómodo" com o Governo
"Somos a favor de dois Estados, mas entendemos que neste momento não é uma decisão consequente porque grande parte das condições exigidas para a declaração do Estado não se verificam", explicou.
A expectativa palestiniana perante reconhecimento de países ocidentais
Foto: Dawoud Abu Alkas - Reuters
Israel avisa que este é um dia triste e garante que não haverá um Estado Palestiniano na região.
Decisão "não é feita nunca contra Israel"
O ministro dos Negócios Estrangeiros destaca que Portugal pretende manter "relações pacíficas, profícuas e frutuosas" com ambos os Estados e espera que Israel "possa compreender esta nossa posição".
Portugal reconhece oficialmente Estado palestiniano
Portugal já reconheceu oficialmente o Estado da Palestina. Num discurso em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse que "Portugal preconiza a solução de dois Estados como única via pela paz justa e duradoura".
“É tempo de dar os passos necessários para a paz”, rematou.
Macron exige libertação de reféns em Gaza para abrir embaixada na Palestina
França está a condicionar a abertura de uma embaixada na Palestina à libertação dos reféns mantidos em Gaza pelo Hamas.
Espera-se que a França reconheça oficialmente o Estado palestiniano, juntamente com uma dúzia de outros países, numa cimeira na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, na segunda-feira.
Presidente israelita condena reconhecimento do Estado palestiniano
"Isto não ajudará nenhum palestiniano, não libertará nenhum refém e não nos ajudará a chegar a um acordo entre israelitas e palestinianos. Isto só fortalecerá as forças das trevas", disse Herzog, para acrescentar que "é um dia triste para aqueles que procuram a verdadeira paz".
O presidente israelita afirmou ainda que, depois da ofensiva do Hamas, a 7 de outubro de 2023, a medida de reconhecimento "não é surpreendente, sendo bem recebida pelo Hamas, que continua a sua campanha de terror e mantém 48 reféns em túneis e celas em Gaza".
Netanyahu quer expandir colonatos
"Durante anos, impedi a criação desse Estado terrorista apesar de enormes pressões, tanto no interior do país como internacionais", afirma Benjamin Netanyahu num vídeo difundido pelo seu gabinete.
"Duplicámos as implantações judaicas na Judeia e na Samaria e continuaremos nessa via", carregou, empregando a fórmula isaelita para designar a Cisjordânia.
Marques Mendes saúda reconhecimento do Estado palestiniano
Luís Marques Mendes falava aos jornalistas à margem de uma visita à Feira de Luz, em Carnide, Lisboa, que decorre até final do mês.
Questionado sobre o facto de a AD estar dividida sobre o reconhecimento da Palestina, o candidato a Presidente da República referiu que tal "não impede qualquer decisão do Governo".
Portanto, "é uma questão de gestão dos dois partidos, não me vou meter nessa questão", afirmou.
"Acho que é mais importante nesta altura saudar a decisão. Eu acho que esta decisão de reconhecimento do Estado da Palestina devia ser feita no quadro da União Europeia, isso era o ideal", prosseguiu.
"Não sendo possível no quadro da União Europeia, porque a União Europeia se divide, acho que Portugal faz bem em alinhar na mesma ocasião com países como a França, como o Reino Unido, como o Canadá ou como a Austrália", considerou.
O candidato referiu ainda que "esta decisão é importante porque é simbolicamente uma aposta a maior visibilidade, dignidade e legitimidade do povo palestiniano no quadro internacional e pode ser um passo que venha a ajudar um processo de paz construído na base da ideia de dois Estados".
"Portanto, para mim, acho que o mais importante é o passo que hoje é dado", rematou.
Quanto ao artigo publicado pelo antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva sobre a escolha do próximo chefe de Estado, Marques Mendes considerou um "um excelente artigo", classificando-o de bem pensado, bem escrito e bem fundamentado.
"Acho que traça um perfil daquilo que deve ser o Presidente da República que me parece corretíssimo. Por isso só posso dizer que estou em sintonia com o artigo", acrescentou.
Questionado sobre se não sentiu falta de apoio da parte de Cavaco Silva, Marques Mendes foi perentório: "Não, senti-me muito confortável até com o artigo, muito confortável".
"Tenho uma total sintonia no perfil que define do Presidente da República, ainda por cima vindo de alguém que conhece bem a função", disse.
Instado a comentar a troca de palavras entre o líder do Chega, André Ventura, que também é candidato presidencial, e o autarca de Oeiras, Isaltino Morais, Marques Mendes escusou-se a pronunciar-se sobre questões que considera serem "de caráter partidário".
"Não é que não tenha a minha opinião, mas às vezes há coisas que se pensam e não se devem dizer", prosseguiu.
André Ventura "quer representar uma parte dos portugueses", disse, referindo que, pelo contrário, pretende "representar todos os portugueses" e, por isso, a sua candidatura "é radicalmente diferente porque é a candidatura contra o radicalismo, pelo centro, pelo equilíbrio, pela moderação e pela sensatez", sintetizou.
Questionado sobre o que representam para si as várias candidaturas à direita, Marques Mendes considerou que são um desafio ainda maior".
"Considero isso pela positiva e não pela negativa", adiantou, sublinhando que "os partidos não são donos dos eleitores, cada eleição é uma eleição", disse, referindo que até ao momento está confortável.
Recordou que quando avançou com a sua candidatura havia um candidato que tinha 21 pontos percentuais à sua frente.
"As últimas sondagens agora dizem que há um empate técnico entre eu e esse candidato, só posso estar confortável e satisfeito", concluiu Luís Marques Mendes.
Primeiro-ministro israelita reafirma que não haverá Estado palestiniano
"Tenho uma mensagem clara para os líderes que reconhecem um Estado palestiniano após o massacre atroz de 7 de outubro: vocês estão a oferecer uma enorme recompensa ao terrorismo", disse Netanyahu.
"Tenho outra mensagem para vocês: isso não vai acontecer. Nenhum Estado palestiniano será criado a oeste do Jordão", acrescentou.
Oposição israelita responsabiliza Netanyahu por "desastre diplomático" após reconhecimento do Estado da Palestina
"O reconhecimento unilateral de um Estado palestiniano pelo Reino Unido, Austrália e Canadá é um desastre diplomático, um passo prejudicial que recompensa o terrorismo", criticou Yair Lapid em declaração ao jornal "The Times of Israel", citado pela Europa Press.
"Um Governo israelita funcional poderia ter evitado isso com um trabalho inteligente e sério, com diálogo diplomático profissional e uma diplomacia pública adequada", argumentou.
Em contrapartida, acrescentou, o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu trouxe "o pior desastre de segurança" da história e agora "a crise diplomática mais grave da história".
Os governos do Reino Unido, do Canadá e da Austrália formalizaram hoje o reconhecimento do Estado da Palestina, um passo que Portugal deverá anunciar ao início da noite, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Estes reconhecimentos surgem num contexto de crescente pressão diplomática para avançar com uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, marcado por décadas de impasse nas negociações de paz.
Na segunda-feira decorre uma conferência, promovida pela França e Arábia Saudita, sobre a solução dos dois Estados, no âmbito da semana de alto nível da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, também reconhecerá o Estado palestiniano durante a conferência desta segunda-feira.
Outros países que deverão fazê-lo são Bélgica, Malta, Luxemburgo (todos da União Europeia), Andorra e São Marino, segundo a presidência francesa.
Quase 150 países reconhecem o Estado palestiniano em todo o mundo, sendo que Reino Unido e Canadá tornaram-se hoje os primeiros do G7 -- o grupo das sete maiores economias desenvolvidas do mundo - a fazê-lo.
"Uma vitória" para os direitos dos palestinianos
"Esses reconhecimentos representam uma vitória para os direitos do povo palestiniano e a legitimidade da nossa causa e enviam uma mensagem clara: não importa até onde a ocupação chegue nos seus crimes, ela nunca poderá apagar os nossos direitos nacionais", reagiu Mahmoud Mardawi, citado pela agência France-Presse.
Governo israelita condena posição portuguesa
Em entrevista à agência Lusa, Sharren Haskel lamenta que o reconhecimento do Estado Palestiniano, já anunciado por Reino Unido, Canadá e Austrália, a que se juntará ao início da noite Portugal, "na realidade, não vai mudar muito" nas atuais frentes de crise, dominadas pela guerra na Faixa de Gaza e nos territórios ocupados.
"Para se resolver um conflito são necessários dois lados e, quando se dão passos unilaterais, isso só leva o outro lado a também dar passos unilaterais e afasta qualquer opção de compromisso de ambas as partes", avaliou.
"Estamos extremamente desapontados com os países e líderes que optam por reconhecer o Estado palestiniano, porque, na verdade, isso recompensa o Hamas e recompensa o terrorismo. Penso que não o teriam feito em nenhum outro caso no mundo", reprovou, aludindo ao movimento palestiniano que protagonizou
Em entrevista à agência Lusa, Sharren Haskel lamenta que o reconhecimento do Estado Palestiniano, já anunciado por Reino Unido, Canadá e Austrália, a que se juntará ainda hoje Portugal, "na realidade, não vai mudar muito" nas atuais frentes de crise, dominadas pela guerra na Faixa de Gaza e nos territórios ocupados na Palestina.
"Para se resolver um conflito são necessários dois lados e, quando se dão passos unilaterais, isso só leva o outro lado a também dar passos unilaterais e afasta qualquer opção de compromisso de ambas as partes", avaliou.
"Estamos extremamente desapontados com os países e líderes que optam por reconhecer o Estado palestiniano, porque, na verdade, isso recompensa o Hamas e recompensa o terrorismo. Penso que não o teriam feito em nenhum outro caso no mundo", condenou, aludindo ao movimento palestiniano que protagonizou a ofensiva de 7 outubro de 2023 em território israelita.
A reação do PCP ao reconhecimento do Estado palestiniano
"No entanto, o PCP rejeita inequivocamente que a decisão do Governo português seja acompanhada por exigências que colocam em causa os direitos do povo palestiniano, nomeadamente a um Estado livre e independente, em que o povo palestiniano possa decidir soberanamente o seu destino".
Na leitura do Partido Comunista, o Governo apenas decidiu reconhecer o Estado palestiniano face à "escalada de atrocidades de Israel e à aberta proclamação dos seus objetivos colonialistas", assim como a "corajosa resistência do povo palestiniano e à persistente ação do movimento de solidariedade no plano internacional, nomeadamente em Portugal".
Quanto ao facto de Portugal ter coordenado esta decisão com outros Estados-membros das Nações Unidas, nomeadamente França, Reino Unido ou Canadá, o PCP sublinha tratar-se de potências ocidentais que "se recusam a implementar as decisões e ações necessárias para pôr fim ao genocídio, assegurar a urgente ajuda humanitária e criar o Estado da Palestina".
"Potências ocidentais que, além de não questionarem a continuidade do seu apoio militar, político e económico a Israel, nem condenarem a sua política genocida, continuam a reprimir o movimento de solidariedade com o povo palestiniano e pela paz no Médio Oriente, como se verifica em França ou no Reino Unido".
O partido defende que o reconhecimento deve ser acompanhado pela "condenação do genocídio do povo palestiniano por parte regime sionista de Israel" e pela promoção de iniciativas "que visem o imediato fim dos crimes de Israel, a urgente resposta às necessidades básicas da população palestiniana, a retirada completa das forças israelitas e o fim dos seus ataques na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Leste".
Marcelo encontra-se com o rei da Jordânia em Nova Iorque
Em declarações aos jornalistas, à saída de uma livraria, em Nova Iorque, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "a razão fundamental" do seu encontro com o rei da Jordânia, Abdullah II, à margem da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU, "é a candidatura portuguesa ao Conselho de Segurança".
"Vai-se falar, obviamente, também da situação no Médio Oriente. E eu tinha apresentado ou enviado um convite para uma visita de Estado a Portugal. Neste momento não é muito fácil, pela situação no Médio Oriente, mas vamos ver quando, se ainda é no meu mandato que vai até março ou já é no mandato do meu sucessor", acrescentou.
O seu encontro com o rei da Jordânia acontece no dia em que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, fará, na missão missão permanente de Portugal junto da Organização das Nações Unidas (ONU), a declaração formal de reconhecimento do Estado da Palestina.
Sobre a candidatura portuguesa a um dos lugares de membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU em 2027-2028, que serão eleitos em 2026, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "Portugal tem uma competição difícil com a Alemanha e com a Austrália".
"Somos três para dois [lugares]. E arrancámos muito bem, há muito tempo, mas arrancámos em 2013. É uma eternidade", comentou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que, neste contexto, o encontro com o rei da Jordânia "é muito importante, porque é um país influente".
Ministros radicais do Governo de Netanyahu defendem anexação da Cisjordânia como retaliação
"O reconhecimento de um Estado palestiniano por países como o Reino Unido, o Canadá e a Austrália", reagiu o ministro da Segurança, Ben Gvir, "impõe uma resposta imediata: a anexação imediata da Judeia e Sumaria", designação israelita para a Cisjordânia.
O também líder do partido extremista Otzma Yehudit instou ainda ao "desmantelamento completo da Autoridade Palestiniana".
Por sua vez, o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, considerou que "a única resposta a esta atitude anti-israelita é a anexação das terras da pátria do povo judeu na Judeia e Samaria e o abandono definitivo da ideia absurda de um Estado palestiniano".
"Senhor primeiro-ministro, o momento chegou e decisão está nas vossas mãos", exortou.
"Não há futuro baseado na violência, exílio forçado e vingança"
Alessandro Di Meo - EPA
Presidente da Autoridade Palestiniana vê "passo em direção a paz justa e duradoura"
Recorde-se que, além do Reino Unido, também os governos do Canadá e da Austrália formalizaram já este domingo o reconhecimento do Estado palestiniano, gesto que Portugal deverá anunciar ao início da noite pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Livre aplaude reconhecimento do Estado palestiniano
"É muito importante o reconhecimento da independência da Palestina, nomeadamente nesta situação que temos desde o 7 de outubro e depois da contraofensiva do exército israelita em Gaza, que elementos extremistas do Governo israelita tentaram aproveitar para criar factos no terreno que impossibilitassem a solução dos dois Estados", afirmou o dirigente partidário, ouvido pelos jornalistas à margem da apresentação da candidata da coligação Viver Lisboa, que junta PS, Livre, BE e PAN, à junta de freguesia do Areeiro, Joana Alves Pereira.
Rui Tavares lembrou que, logo após a ofensiva do Hamas, o Livre apresentou uma resolução na Assembleia da República para o reconhecimento do Estado da Palestina, argumentando que tal gesto, por parte de "alguns países chave no mundo", enviaria uma "mensagem muito poderosa" ao Governo israelita de que "não valia a pena estarem a tentar criar factos no terreno através de limpeza étnica e atos genocidas porque isso não impediria o mundo de reconhecer o Estado da Palestina".
O que vai acontecer até segunda-feira, na ótica de Rui Tavares, "é a mensagem que deveria ter sido já enviada durante estes anos e é uma mensagem muito poderosa".
"É um pouco o equivalente a quando os Estados Unidos finalmente disseram à Indonésia que não valia a pena tentarem criar mais factos no terreno, a comunidade internacional ia reconhecer o direito à autodeterminação de Timor-Leste", comparou.
Reino Unido, Canadá, Austrália... e Portugal
"Hoje, para reavivar a esperança de paz e de uma solução de dois Estados, declaro claramente, como primeiro-ministro deste grande país, que o Reino Unido reconhece oficialmente o Estado da Palestina", anunciou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, numa declaração em vídeo publicado nas redes sociais.
Também o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, veio entretanto anunciar que o país "reconhece o Estado da Palestina e oferece a sua parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel".
E praticamente em simultâneo a Austrália, por via de um comunicado conjunto primeiro-ministro Anthony Albanese e da ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, afirmou reconhecer "as aspirações legítimas e de longa data do povo palestiniano a um Estado próprio".
Estas posições são então oficializadas na véspera duma conferência, promovida pela França e pela Arábia Saudita, sobre a solução dos dois Estados, no contexto da semana da 80ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
O gesto não é unânime na coligação governativa em Portugal. O CDS-PP, parceiro do PSD na Aliança Democrática, considera que “a efetivação do reconhecimento não é oportuna”.
Israel promete "lutar na ONU"
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, veio sustentar, nas últimas horas, que a criação de um Estado palestiniano constitui um risco existencial para o Estado hebraico, prometendo pronunciar-se contra o reconhecimento internacional diante da Assembleia Geral da ONU.
Netanyahu vincou que Israel terá de "lutar na ONU e em todos os outros fóruns contra a propaganda enganosa" e os "apelos criação de um Estado palestiniano", que, nas suas palavras, "constituiria uma recompensa absurda ao terrorismo".
"A comunidade internacional ouvirá a nossa posição sobre este assunto nos próximos dias", insistiu o governante israelita na antecâmara de uma reunião do seu Conselho de Ministros, em declarações citadas France-Presse.
BE saúda reconhecimento da Palestina e exige sanções a Israel
O partido comunicou hoje a posição, lembrando que outros estados da Organização das Nações Unidas (ONU) já fizeram este reconhecimento e propondo um embargo total de venda de armas a Israel, além de sanções aos responsáveis políticos e militares israelitas.
"A Comissão de Inquérito da ONU confirma que Israel está a cometer genocídio em Gaza. A ex-juíza do Tribunal Penal Internacional que a dirigiu foi taxativa na apresentação do relatório: "está a ocorrer genocídio em Gaza", lê-se numa resolução aprovada pela Mesa Nacional do BE.
"Com o ataque terrestre à cidade de Gaza, o governo de Israel acelera este processo de extermínio, que já tirou a vida a mais de 65 mil pessoas e feriu mais de 160 mil, a maioria mulheres e crianças. Entre as vítimas contam-se ainda mais de 230 jornalistas - o registo mais elevado de profissionais de comunicação mortos num único conflito", recordou o Bloco no documento.
O BE manifestou ainda apoio à missão humanitária da Global Sumud Flotilla, destinada a quebrar o bloqueio imposto por Israel: "Assume um papel determinante para assegurar o acesso de ajuda vital e denunciar, junto da comunidade internacional, o cerco que agrava o sofrimento da população de Gaza".
"O Bloco de Esquerda saúda a Flotilha Humanitária para Gaza, os três delegados portugueses e em particular a sua coordenadora, Mariana Mortágua. A Flotilla é hoje o grito da humanidade contra este massacre", sustentou.
"Nos próximos dias, o lugar da deputada do Bloco é a bordo de uma destas embarcações -- gesto que já reuniu amplo apoio político, demonstrado na sessão pública de sexta-feira passada em Lisboa, organizada pelo grupo de apoio à Flotilha Humanitária e que juntou personalidades de um leque político alargado", justificou o partido.
O BE exigiu a suspensão imediata de todos os acordos de cooperação com Israel, incluindo os estabelecidos no âmbito da União Europeia.
"Só assim será possível pôr termo ao genocídio em curso, compelir Israel a enveredar por um processo de paz justo e duradouro, proteger os direitos humanos e garantir o direito à autodeterminação do povo palestiniano", defendeu.
Na Cisjordânia, alegou o partido, este ano já se registam 2.780 feridos entre civis palestinianos em consequência de operações de soldados e colonos, "um aumento de 39% face a 2024".
Portugal deverá formalizar hoje o reconhecimento, através de um anúncio do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Marcelo declara "pleno apoio" ao reconhecimento português do Estado palestiniano
Foto: Ana Serapicos - RTP
"Tem o pleno apoio do presidente da República, que tem sido a posição portuguesa, que é defender a moderação para que essa fórmula [de dois Estados, de Israel e da Palestina] seja possível e afastar-se dos radicalismos que se opunham a que a fórmula fosse possível", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas na cidade norte-americana, onde chegou no sábado para participar na 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.A oficialização do reconhecimento português do Estado palestiniano está prevista para as 20h15 (hora de Lisboa), a partir de Nova Iorque, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
O presidente da República afirmou ainda que “acompanhou e concordou” com o processo de reconhecimento do Estado da Palestina.
“As razões pelas quais o presidente ouvido pelo Governo se pronunciou no mesmo sentido do Governo são simples e fáceis de explicar: Portugal sempre defendeu o princípio da existência de dois Estados soberanos, coabitando, convivendo, respeitando o direito internacional e a carta das Nações Unidas”, justificou.
“Atuar neste momento é atuar para abrir ainda uma hipótese no sentido de haver dois Estados”, acentuou o presidente, para sublinhar que o “Governo é o órgão competente para tomar formalmente a decisão, em permanente ligação com o presidente e tendo em conta as recomendações da Assembleia da República”.
O reconhecimento do Estado palestiniano é concretizado sem a concordância do CDS-PP, parceiro do PSD no Executivo.
Parceiro demarca-se. Governo vai reconhecer Estado palestiniano com CDS contrariado
O primeiro anúncio partiu da Presidência francesa, tendo sido de imediato confirmado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal: dez países, entre os quais Portugal e França, vão reconhecer um Estado palestiniano no quadro de uma conferência à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.Estarão representados "dez países que decidiram proceder ao reconhecimento do Estado da Palestina", indicou aos jornalistas um conselheiro do presidente francês, Emmanuel Macron.
Além de Portugal e França, país na origem da iniciativa, os outros Estados "são Andorra, Austrália, Bélgica, Canadá, Luxemburgo, Malta, Reino Unido e São Marino".
A Autoridade Nacional Palestiniana veio aplaudir, nas últimas horas, o anúncio do reconhecimento, considerando a decisão “corajosa e coerente com o Direito Internacional”. Por sua vez, a embaixadora palestiniana em Portugal, Rawan Sulaiman, considerou que a decisão “de reconhecer o Estado da Palestina é um passo corajoso para apoiar e recompensar os esforços globais de paz".
"É um marco significativo para alcançar a justiça, o respeito pelo Direito Internacional, a paz e a segurança para todos, após tantos anos de ocupação, opressão, injustiça e guerra. Isto é realmente histórico, obrigado, Portugal", estimou.
Para o CDS-PP, o momento é inoportuno.
“Divergência”
Em nota de imprensa, o partido do ministro da Defesa, Nuno Melo, clarifica: “Respeitando a autonomia de ambos os partidos dentro da Coligação AD, estando absolutamente assegurada a coesão da mesma, não sendo a matéria do conflito israelo-palestiniano uma matéria constante do acordo e coligação, o CDS-PP expressa a sua divergência quanto à oportunidade da declaração de reconhecimento de um Estado palestiniano”.
“O CDS-PP é favorável, desde sempre, à solução dos dois Estados, mas considera que, no presente momento do conflito, a efetivação do reconhecimento não é oportuna, nem consequente”, sustenta o comunicado do Largo do Caldas.
“Não pode esquecer-se que foram os terríveis ataques de 7 de outubro que originaram a presente situação e que há inúmeros reféns que não foram libertados e corpos de cidadãos israelitas que não foram devolvidos às suas famílias”, prosseguem os democratas-cristãos.O CDS-PP, lê-se na mesma nota, “considera também que não se encontram preenchidos os critérios de Direito Internacional necessários ao reconhecimento, designadamente: um território definido, com áreas geográficas e fronteiras estabilizadas e um governo efetivo capaz de exercer controlo sobre esse território”.
“O CDS-PP, sem pôr em causa o princípio da solidariedade governamental, considera que o reconhecimento só será conveniente no quadro de um processo institucional de paz, que neste momento está fora do horizonte”, insiste o partido, que “reitera a condenação do abominável terrorismo do Hamas” e “exige a libertação incondicional e imediata de todos os reféns”.
“Esta posição foi transmitida ao Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros na reunião efetuada sobre o tema com o Grupo Parlamentar do CDS-PP. O MNE expressou respeito pela posição do parceiro de coligação e sublinhou a legitimidade dessa posição”, conclui o comunicado.
Israel tem contestado, nas diferentes chancelarias internacionais, o reconhecimento de um Estado da Palestina, gesto que equipara a uma recompensa para o Hamas, o movimento radical palestiniano que a 7 de outubro de 2023 levou a cabo um ataque sem precedentes em território do Estado hebraico.
A ofensiva do Hamas fez cerca de 1.200 mortos e o movimento tomou 251 pessoas como reféns. A retaliação israelita já provocou, desde então, mais de 65 mil mortos e 165 mil feridos, a maioria civis.
c/ agências
Jordânia reabre parcialmente a fronteira com a Cisjordânia
O canal público Al-Mamlaka reportou tráfego intenso desde as primeiras horas do dia, em ambos os sentidos.
Esta passagem, localizada no Vale do Jordão, é a única que permite aos palestinianos da Cisjordânia abandonar o território sem terem de passar por Israel, que ocupa a Cisjordânia desde 1967. Na passada quinta-feira, um camionista jordano que transportava ajuda humanitária para Gaza abriu fogo na passagem, matando um soldado israelita e um oficial da reserva da Administração Civil, antes de ser "neutralizado", segundo Israel.
O exército israelita solicitou então a Amã que suspendesse a passagem de ajuda para Gaza.
O reino anunciou uma investigação e identificou o suspeito como Abdel Mutaleb al-Qaissi, de 57 anos, "um civil que trabalha há três meses como motorista de entrega de ajuda humanitária em Gaza", um país devastado pela guerra e assolado pela fome, segundo a ONU.
Amã condenou o ataque, considerando-o "uma ameaça aos interesses do reino e à sua capacidade de entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza"Egito confirma reforço militar no Sinai
Também o Egito defendeu este domingo o reforço das suas tropas no norte do Sinai, junto à Faixa de Gaza, como uma medida para “defender a segurança nacional”, num contexto de forte tensão no Médio Oriente.
“A sangrenta guerra de extermínio em curso na Faixa de Gaza há quase dois anos, a poucos metros da fronteira oriental com o Egito, exige que as forças armadas estejam preparadas e prontas”, afirmou o Governo egípcio.As forças egípcias utilizarão “toda a capacidade e experiência para qualquer eventualidade que ameace a segurança nacional e a soberania do país sobre todo o território”, segundo um comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O Cairo salientou no comunicado que “a presença do exército egípcio no Sinai ou em qualquer outra parte do país está sujeita ao que o alto comando considerar necessário para preservar ou proteger a segurança nacional em cada centímetro do território”.
O comunicado foi divulgado num altura em que aumentam em Israel as preocupações sobre o alegado reforço das unidades militares egípcias na zona, segundo a EFE.
Meios de comunicação israelitas têm dado conta da preocupação de Israel com o aumento da presença militar egípcia no Sinai, uma região sujeita a restrições no armamento desde os Acordos de Camp David (1978) e do Tratado de Paz (1979).
Segundo várias fontes em Israel, o exército israelita terá identificado movimentações de unidades adicionais das forças armadas egípcias na região, incluindo carros de combate e artilharia ligeira, em áreas próximas da fronteira com Gaza.
As autoridades israelitas receiam que esses reforços não tenham sido previamente coordenados com a Força Multinacional de Observadores (MFO, na sigla em inglês), responsável por monitorizar o cumprimento dos compromissos de segurança na zona.
O Cairo tem reiterado que as operações das forças no Sinai são coordenadas com os mecanismos internacionais e não visam alterar a relação com Israel, mas sim combater células terroristas e redes de contrabando ativas na região.
“O objetivo original das forças destacadas no Sinai é garantir a fronteira egípcia contra todas as ameaças, incluindo o terrorismo e o contrabando”, afirmou o Governo no comunicado.
A mobilização ocorre “no âmbito de uma coordenação prévia com as partes do tratado de paz, que o Egito se compromete plenamente a respeitar, dado que nunca violou qualquer tratado ou acordo ao longo da sua história”, acrescentou.
O Cairo, apoiado pelos restantes 21 membros da Liga Árabe, rejeita ainda de forma categórica qualquer eventual deslocação da população de Gaza para território egípcio, medida que considera uma “ameaça à segurança nacional”. A tensão no Médio Oriente tem vindo a aumentar nos últimos meses e atingiu o auge após o bombardeamento israelita, em 9 de setembro, contra a delegação negocial do grupo extremista palestiniano Hamas em Doha.
O ataque na capital do Catar, outro mediador árabe, causou seis mortos e gerou alertas em todos os países vizinhos de Israel.
O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, classificou pela primeira vez Israel como inimigo no discurso que proferiu na cimeira árabe e islâmica realizada na semana passada no Catar.