Governo pede cancelamento de manifestações agendadas para sábado na Guiné-Bissau

por Lusa

O Governo da Guiné-Bissau pediu hoje aos cidadãos e promotores de duas manifestações, agendadas para sábado, para que "abdiquem" de sair à rua e de desafiar a ordem pública.

O apelo foi transmitido, em conferência de imprensa, pelo comissário nacional da Polícia de Ordem Pública, Salvador Soares, que alegou não existirem "condições de segurança" para a realização de duas manifestações em simultâneo.

Em causa estão duas marchas promovidas por diferentes movimentos, convocadas para sábado à mesma hora e com o mesmo percurso e local de concentração, a Chapa de Bissau.

Uma das manifestações foi convocada por uma denominada Frente Popular, constituída por várias organizações, que diz querer "resgatar a democracia" na Guiné-Bissau e entende que o país está a viver "uma experiência absolutista" concentrada no Presidente, Umaro Sissoco Embaló.

A outra manifestação foi convocada pelo movimento "Respeito pela Autoridade do Estado", que apoia Sissoco Embaló, declara-se contra "anarquia" e defende que o sentimento do povo deve ser expresso no voto e não com "insulto".

Os promotores de ambas iniciativas garantem ter entregado às entidades competentes a informação sobre as respetivas manifestações, mas o comissário nacional da Polícia disse hoje que as autoridades "de forma oficial, não têm nenhum documento dos promotores".

"É com grande preocupação que soubemos, através das redes sociais e alguns órgãos de comunicação social, das manifestações convocadas por dois movimentos que têm ideologias diferentes, no mesmo dia, à mesma hora e no mesmo local", começou por dizer Salvador Soares.

O comissário falava na conferência de imprensa "para tornar pública a decisão do Ministério do Interior e da ordem Pública" em forma de apelo.

Salvador Soares pediu "a todos os cidadãos nacionais e aos movimentos que pensam fazer as marchas para abdicar de fazer as mesmas, por não haver condições de segurança para assegurar o acompanhamento dos dois movimentos".

Segundo disse, a conclusão resulta da "análise e levantamento que as forças da ordem fizeram sobre a possibilidade desta marcha" e da conclusão de que "não existem condições de segurança para realizar estas marchas no sábado".

A primeira razão, elencou, é por estar em vigor a decisão do Governo, por despacho datada de janeiro, de proibir todo o tipo de marchas e comícios na via pública até nova decisão.

A outra razão apontada é a "falta de segurança por se tratar de dois movimentos com finalidades diferentes no mesmo dia".

"Não é seguro", insistiu o comissário.

Questionado sobre a argumentação daqueles que defendem que a decisão é contra a Constituição, que contempla o direito de reunião e manifestação, o comissário respondeu que o Governo tem de analisar as condições de segurança.

Salvador Soares vincou que, perante a análise de que não há segurança, a manifestação pode ser indeferida por questões de segurança.

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