Governo turco furioso com voto do Parlamento Europeu a suspender adesão

por RTP
Vasily Fedosenko, Reuters

O chefe dos negociadores turcos no processo de adesão à União Europeia classificou como "nula" a validade da votação hoje realizada pelo Parlamento Europeu, a suspender o diálogo em curso com vista à adesão.

O Parlamento Europeu aprovou por larga maioria uma recomendação não vinculativa de que fossem suspensas as negociações. Votaram a favor 479 europarlamentares, votaram contra apenas 37, e abstiveram-se 107. A recomendação fundamenta-se nas "medidas repressivas desproporcionadas" que têm vindo a ser aplicadas na Turquia desde a intentona putschista de 15 de julho.

Segundo citação do diário turco Hürryiet, o chefe da delegação negociadora turca e ministro turco para os Assuntos Europeus, Ömer Çelik, afirmou: "Num dia como este, eu não gostaria de fazer declarações sobre a decisão desprovida de visão do PE [Parlamento Europeu]. Na verdade, nós encaramos esta decisão como nula".

E acrescentou, referindo-se às críticas europarlamentares sobre os excessos repressivos da Turquia: “É fácil falar assim em lugares onde não tem havido terror. Num momento em que a Turquia, que tem uma fronteira de 1.295 quilómetros com a Síria e o Iraque, está envolvida numa guerra intensa contra o terror, estão a fazer-se na Europa debates imprudentes e desprovidos de visão, em vez de haver soilidariedade".

O primeiro ministro turco Binali Yıldrım foi ainda mais longe, classificando a  recomendação como sendo de "duas caras" e como resultando de "dois pesos e duas medidas".l

Outas reacções foram a do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, para quem a recomendação "não vale nada" e a Europa está a tomar o partido das "organizações terroristas"; ou a do vice-presidente do Partido Republicano do Povo (CHP), Öztürk Yılmaz, da oposição, que criticou a votação do PE por alegadamente preparar o caminho para um "regime de um só homem". Yilmaz afirmou ainda: "A decisão, nas circunstâncias existentes na Turquia, não é uma decisão para ajudar a Turquia na sua democrática".
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