Gripe das aves alastra e já atinge populações avícolas em 40 países

A Organização Mundial da Saúde Animal, OIE, alertou para a recente disseminação do vírus da gripe das aves tanto em animais de cativeiro como selvagens. Têm sido identificados surtos em mais de 40 países, da Europa, Ásia e África.

RTP /
Um grupo de veterinários a caminho de um susto suspeito de gripe das aves numa criação de aves de capoeira em Higashikagawa, no oeste do Japão, em novembro de 2020

Desde há vários anos que tem aumentado o número de variantes deste vírus, que circula em várias populações, e em 2021 registou-se uma variabilidade genética sem precedentes de subtipos “criando uma situação difícil do ponto de vista epidemiológico”, referiu a OIE. Os subtipos atualmente em circulação à escala mundial entre as aves domésticas e de criação e as selvagens, são os H5N1, H5N3, H5N4, H5N5, H5N6 e H5N8.

A OIE apelou em comunicado todos os Estados a “intensificar os seus esforços de vigilância e a implementar medidas rigorosas de segurança biológica”, durante “o período de alto risco de outubro a abril”, quando as condições climatéricas favorecem a disseminação do vírus no hemisfério norte.

Os surtos começam habitualmente a aumentar em outubro, atingindo um pico em fevereiro e continuando a progredir até abril. Mais de 16.000 casos em explorações avícolas foram assinalados em outubro passado “o que deixa antever um risco acrescido de circulação do vírus”, alerta a OIE.

A organização apelou à notificação “dos surtos em tempo oportuno, a fim de erradicar a propagação da doença”.

A gripe das aves é “uma ameaça” à estabilidade económica, a segurança alimentar e a subsistência de inúmeras populações, sublinhou ainda a OIE, referindo que os seres humanos podem ser contagiados em caso de contacto próximo com aves infetadas.

Em casos raros a doença pode igualmente representar um risco para a saúde humana. Atualmente foram assinalados casos recentes de gripe das aves entre seres humanos associada ao subtipo H5N6 atualmente em circulação” na Ásia, indicou a OIE.

O vírus da gripe das aves afeta “várias espécies de aves de capoeira, assim como as aves domésticas e selvagens”, sendo extremamente contagioso. O consumo da carne e dos ovos de aves contaminadas não parece ser um vetor de transmissão, contudo a “subsistência dos criadores” e as consequências de uma epidemia generalizada “no comércio internacional, a par dos riscos de transmissão entre humanos” exige cuidados acrescidos em “capoeiras, no transporte e comércio e nos mercados de animais vivos para prevenir a propagação do vírus” da gripe das aves.
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