Grupo de imigrantes retido em navio no Mediterrâneo há cinco dias
Um grupo de 108 imigrantes está retido a bordo do navio que os resgatou no Mediterrâneo central, em águas entre a Tunísia e a ilha italiana de Lampedusa (sul) há cinco dias.
O grupo, que foi resgatado pelo navio comercial `Maridive 703`, que presta assistência às plataformas petrolíferas da costa norte-africana e navega nesta zona migratória do Mediterrâneo, aguarda que algum país aceite recebê-los nos seus portos, o que ainda não aconteceu.
Na manhã de 26 de dezembro, foram resgatados 34 imigrantes em águas de competência de Malta, enquanto esta terça-feira, foi intercetado outro barco carregado de pessoas, segundo relata o `Alarm Phone`, uma plataforma que recebe os pedidos de socorro destes barcos.
No segundo resgate, foram confirmados dois mortos e vários feridos, segundo as mesmas fontes.
No total, 108 imigrantes, entre eles pelo menos três crianças, estão alojados a bordo do navio `Maridive`, à espera de serem transferidos para terra.
Várias organizações humanitárias instaram as autoridades dos países europeus mais próximos, Itália e Malta, a acolhê-los, para pôr fim a uma situação que consideram desumana em plena época natalícia, no último dia do ano.
A ONG Sea Watch, que patrulha esta parte do Mediterrâneo para evitar eventuais naufrágios, apontou diretamente para a La Valeta, uma vez que o resgate ocorreu na sua zona SAR.
"Esta é uma emergência médica. O resgate ocorreu na área de busca e salvamento maltesa, pelo que é da responsabilidade de Malta agir imediatamente", afirmou na rede social X.
Também a organização Mediterranea Saving Humans apelou às autoridades de Malta e de Itália para "cumprirem o seu dever" de dar um porto a estas pessoas, uma vez que, na sua opinião, a Tunísia não é segura.
Não é a primeira vez que este tipo de petroleiros se encontra numa situação semelhante e, em 2019, um total de 75 imigrantes, a maioria do Bangladesh, passaram 18 dias a bordo do "Maridive 601" e só desembarcaram na Tunísia após aceitarem a repatriação voluntária.
O Mediterrâneo central continua a ser a rota migratória mais mortal do mundo e, desde 2014, cerca de 33.220 pessoas morreram ou desapareceram nas suas águas, de acordo com as estatísticas da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas.
O ano de 2025 foi aquele que registou menos mortes na última década, e, em Itália, destino europeu dos imigrantes de partem da costa africana, o número de desembarques foi contido.
Ao longo deste ano, de acordo com os dados atualizados hoje pelo Ministério do Interior, chegaram às costas italianas 66.296 imigrantes, em linha com os 66.617 de 2024, mas esses são muito menos do que os 157.651 de todo o ano de 2023.
No entanto, nas últimas horas do ano, foram registados seis desembarques na ilha de Lampedusa, o enclave italiano mais a sul, em frente à Tunísia, com a chegada de 265 imigrantes resgatados pela guarda costeira italiana após terem partido da vizinha Líbia.