“
É verdade, os países têm de arranjar o dinheiro [para investir]. Não é fácil, são necessárias decisões políticas, reconheço isso. Em simultâneo,
há a convicção absoluta de que, dada a ameaça apresentada pela Rússia, dada a situação de segurança internacional, não há alternativa”, afirmou Mark Rutte, à entrada para a cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Haia, nos Países Baixos.
O secretário-geral da NATO reconheceu que ainda há nove países que só alcançarão os 2% de investimento do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa no final de 2025, mas rejeitou que a recusa de Espanha em ir além desta percentagem quebre a unidade da organização político-militar.
“
Não estou preocupado com isso. Claro que é uma decisão difícil, mas vamos ser honestos: os políticos têm de fazer escolhas na escassez”, apreciou.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse no fim de semana que não iria além de 2,1% do PIB, mas Mark Rutte considerou que não há isenções de qualquer país.
Em Portugal, o Governo anunciou que iria antecipar a meta de 2% do PIB em defesa para 2025.
Em 2024, Portugal investiu cerca de 4.480 milhões de euros em defesa, aproximadamente 1,58% do seu PIB, o que colocou o país entre os aliados da NATO com menor despesa militar - abaixo da meta dos 2% -, segundo estimativas do Governo.
Portugal está representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo, respetivamente
Cimeira da NATO em Haia
Os chefes de Estado e de Governo dos 32 países que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte encontram-se esta quarta-feira em Haia para firmar um acordo de investimento para a próxima década, em princípio, que deverá fixar a meta de dedicar 5% do PIB à defesa (3,5% de investimento direto e 1,5% em projetos civis que também podem ter uma utilização militar).
Os responsáveis da NATO esperam que o conflito entre Israel e o Irão e o bombardeamento americano de instalações nucleares iranianas no fim de semana não ensombrem o encontro, organizado por Rutte na sua cidade natal
Aliados esperam um compromisso claro de Trump Os líderes de 31 dos 32 países da NATO esperam que a promessa de aumentar os gastos com a defesa leve o presidente norte-americano a dissipar as dúvidas de Donald Trump e o seu compromisso com a aliança.
Trump ameaçou não proteger os membros da NATO se estes não cumprirem os objetivos de despesa e levantou novamente dúvidas sobre o seu compromisso a caminho da cimeira, evitando endossar diretamente a cláusula de defesa mútua do Artigo 5 da aliança.
Falando aos jornalistas a bordo do Air Force One, afirmou que havia “numerosas definições” da cláusula. "Estou empenhado em salvar vidas. Estou empenhado na vida e na segurança. E vou dar-vos uma definição exata quando lá chegar", afirmou.
Trump deu uma visão invulgar desses esforços na terça-feira, ao publicar uma mensagem privada em que Rutte o elogiava e o felicitava pela “ação decisiva no Irão”.
“Vai conseguir algo que nenhum presidente americano em décadas conseguiu fazer”, disse Rutte a Trump.
“A Europa vai pagar em GRANDE como deve, e será a sua vitória”.
Para satisfazer Trump, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, também manteve a cimeira e a sua declaração final curtas e centradas na promessa de despesa.
Espera-se que o texto cite a Rússia como uma ameaça e reafirme o apoio dos aliados à Ucrânia, mas não se debruce sobre essas questões, uma vez que Trump assumiu uma postura mais conciliatória em relação a Moscovo e tem apoiado menos Kiev do que o seu antecessor, Joe Biden.
Para esta quarta-feira, está agendado um encontro entre o presidente ucraniano e o homólogo norte-americano à margem da cimeira da NATO, confirmou o gabinete de Zelensky.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, teve de se contentar com um lugar no jantar da pré-cimeira, na terça-feira à noite, em vez de um lugar na reunião principal, na quarta-feira, embora Trump tenha dito que provavelmente se encontraria com Zelensky separadamente.
Zelensky e os seus assessores disseram que querem falar com Trump sobre a compra de armas americanas, incluindo os sistemas de defesa antimísseis Patriot, e aumentar a pressão sobre Moscovo através de sanções mais duras.
O Kremlin acusou a NATO de estar num caminho de militarização desenfreada e de retratar a Rússia como um “demónio do inferno”, a fim de justificar o seu grande aumento nas despesas de defesa.
Pagos com juros dos ativos russosO
Reino Unido enviará 350 mísseis avançados de defesa aérea, construídos na Grã-Bretanha e adaptados em tempo recorde para lançamento em terra, utilizando 70 milhões de libras de juros obtidos através do esquema de aceleração extraordinária de receitas (ERA) do governo. Esta iniciativa marca a primeira vez que o Reino Unido utiliza fundos ligados à Rússia para financiar diretamente armamento para Kiev.
Os mísseis serão utilizados através de sistemas Raven fornecidos pelo Reino Unido - mais cinco dos quais estão a caminho da Ucrânia, elevando o total para 13. Originalmente concebidos como mísseis ar-ar, os ASRAAM foram adaptados por engenheiros da RAF e pela MBDA UK para disparar a partir da traseira de um camião de fabrico britânico. A conversão demorou apenas três meses.
"A Rússia, e não a Ucrânia, deve pagar o preço da guerra bárbara e ilegal de Putin. É justo que utilizemos os ativos russos apreendidos para reforçar as defesas aéreas da Ucrânia. A segurança da Ucrânia é vital para a nossa própria segurança", frisou Starmer, antes da cimeira anual da NATO.
c/ Agências