Nos próximos dois dias, vários representantes europeus vão estar reunidos em Munique e em Paris para discutir os avanços diplomáticos recentes a respeito da guerra na Ucrânia. Estes encontros acontecem numa altura em que as iniciativas de Donald Trump para a resolução do conflito estão a preocupar os parceiros europeus. O enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, afirmou entretanto este sábado que a Europa não deverá fazer parte das conversações de paz entre Moscovo e Kiev.
O ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, Radoslaw Sikorski, anunciou este sábado que o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, irá viajar até Paris "para uma reunião de líderes europeus na segunda-feira a convite do presidente Emmanuel Macron".
"Devemos mostrar a nossa força e unidade", acrescentou o ministro polaco na rede social X.
A presidência francesa tinha anunciado anteriormente uma "discussão" entre "líderes europeus” para uma possível reunião informal, sem adiantar uma uma data.
No discurso a partir da Conferência de Segurança de Munique, o chefe da diplomacia polaca tinha defendido que os europeus deveriam discutir "de forma muito séria" os desafios que se colocam ao continente perante a pressão de Trump nas negociações entre Kiev e Moscovo.
"A credibilidade dos Estados Unidos depende da forma como a guerra acabar", vincou o MNE polaco. E alertou ainda Donald Trump: se o presidente norte-americano quiser "ganhar o Prémio Nobel", a paz negociada "deve ser justa".
Ainda antes do encontro em Paris, a cidade que tem estado no centro do debate, Munique, irá receber um encontro informal de líderes europeus. A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, convocou uma reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros da União Europeia presentes em Munique no domingo
O objetivo será "fazer um balanço dos últimos contactos com as autoridades norte-americanas e ucranianas", indicou um porta-voz na rede social X.
"Estamos num momento decisivo para o futuro da Ucrânia e da Europa. A Europa está com a Ucrânia", acrescentou.
"Estamos num momento decisivo para o futuro da Ucrânia e da Europa. A Europa está com a Ucrânia", acrescentou.
EUA desafiam Europa a "apresentar ideias"
Entretanto, o jornal The Guardian cita este sábado declarações do enviado especial da Administração Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, que admitiu a exclusão da Europa das negociações de paz.
Questionado sobre a presença europeia nestas negociações, Keith Kelogg afirmou que seguia a "escola do realismo" e por isso tal "não irá acontecer".
“Pode ser como escrever com giz num quadro, pode ranger um pouco, mas estou a afirmar algo que é realmente muito honesto”, disse no sábado.
“Aos meus amigos europeus, diria: entrem no debate, não se queixem se podem ou não estar à mesa, mas apresentem propostas concretas, ideias, e aumentem a despesa [com Defesa]", vincou ainda o responsável.
“Aos meus amigos europeus, diria: entrem no debate, não se queixem se podem ou não estar à mesa, mas apresentem propostas concretas, ideias, e aumentem a despesa [com Defesa]", vincou ainda o responsável.
À margem da conferência de segurança em Munique, Keith Kellogg defendeu ainda que as anteriores negociações de paz entre Rússia e Ucrânia falharam devido ao envolvimento de muitos países que não tinham capacidade de as conduzir.
"Não vamos seguir esse caminho", afirmou o enviado da Administração Trump para a Ucrânia.
Este sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou no seu discurso que a Europa seria provavelmente excluída das negociações e exortou os aliados a darem um passo em frente, ao formarem "exército europeu" no qual a Ucrânia teria um papel central na defesa contra a Rússia.
Também na Conferência de Segurança em Munique, o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Andrii Sybiha, assinalou este sábado que o país está pronto para discutir com os Estados Unidos uma solução para o fim da guerra, considerando que a segurança transatlântica e ucraniana são indivisíveis.
Afirmou por fim que há uma "receita muito simples para acabar com a guerra - a liderança dos Estados Unidos".