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Putin e Trump ausentes de negociações, Zelensky ruma à Turquia

por RTP
Putin avançara com a proposta de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia, em Istambul, sem esclarecer estaria ou não presente Alexander Nemenov - EPA

O Kremlin confirmou na quarta-feira que nem o presidente russo nem o ministro dos Negócios Estrangeiros vão fazer parte da delegação russa que irá viajar até à Turquia para as negociações sobre a guerra na Ucrânia. Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rumou a Ancara, numa altura em que o presidente norte-americano, Donald Trump fez também saber que não estará presente no encontro.

Segundo as informações divulgadas esta quarta-feira pela Presidência russa, a delegação à reunião, prevista para quinta-feira em Istambul, será liderada pelo conselheiro presidencial Vladimir Medinsky, pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Mikhail Galuzin e pelo vice-ministro da Defesa Alexander Fomin.O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha apelado à participação de Putin e afirmou que a sua posição nas negociações sobre o conflito na Ucrânia iria depender de quem representasse a Rússia no encontro.

Após ser conhecida a decisão russa, um alto funcionário ucraniano anunciou que o presidente Volodymyr Zelensky estava a caminho de Ancara, a capital da Turquia. "Estamos a caminho", disse à Reuters esta fonte, que pediu para não ser identificada devido à sensibilidade da situação.

Zelensky tinha afirmado antes que estava à espera de uma resposta russa para decidir o que fazer.

"Na verdade, é agora mais óbvio para o mundo inteiro do que em qualquer outro momento durante a guerra em grande escala, que o único obstáculo ao estabelecimento da paz é a falta de uma vontade clara da Rússia para o fazer" criticou, antes de ser conhecida a delegação russa.

A fonte não esclareceu o motivo de Zelensky se dirigir a Ancara e não a Istambul, local proposto no fim de semana por Vladimir Putin para a reunião. Kiev também não divulgou quem irá enviar a Istambul. Esta será a primeira vez que as autoridades russas mantêm discussões diretas com as autoridades ucranianas sobre o resultado do conflito desde que as negociações iniciais falharam após o lançamento da ofensiva de grande escala da Rússia, em fevereiro de 2022.

Também o presidente Donald Trump não irá à Turquia para participar nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia na quinta-feira, esclareceu entretanto um porta-voz dos Estados Unidos. 

Trump, que está em périplo pelo Médio Oriente, brincou com a ideia de ir à Turquia se Putin lá estivesse.
O alto responsável da Administração Trump falou depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado a delegação russa para as negociações, uma lista que não incluía o próprio. 

Horas antes, em Doha, Steve Witkoff, enviado do presidente dos EUA, anunciou que tanto ele como o secretário de Estado Marco Rubio viajariam para Istambul na sexta-feira, para as conversações entre a Rússia e a Ucrânia. 

Uma deslocação que terá de ser ainda confirmada, perante a ausência de Vladimir Putin e Sergei Lavrov.

O presidente russo avançou com a proposta de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia, num encontro em Istambul, sem esclarecer se iria ou não estar presente. Avançou de imediato que a reunião não iria carecer de um cessar-fogo como havia sido exigido sábado, em Kiev, pelos líderes de França, Reino Unido, Alemanha e Polónia.

Também Zelensky quis fazer depender das tréguas o encontro de dia 15, mas Donald Trump pressionou-o a anuir "imediatamente" à reunião em Istambul, levando o presidente ucraniano a desafiar Putin a deslocar-se igualmente à Turquia.

Depois de anunciada a decisão do Kremlin, Zelensky decidiu ir antes a Ancara onde irá encontrar-se com o homólogo turco Recep Tayiip Erdogan, esta quinta-feira.

Erdogan, cujo país é membro da NATO mas cultiva laços de proximidade com Putin, tem procurado fazer a ponte entre Moscovo e Kiev.

Zelensky garantiu que a Ucrânia estava "pronta para todas as formas de negociações" com vista a pôr fim ao conflito desencadeado em 2022 pela Rússia.

António Guterres, secretário-geral da ONU, apelou na quarta-feira a que fosse "imediatamente" declarado um cessar-fogo na Ucrânia para uma "paz justa".
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