Guerra na Ucrânia. Zelensky anuncia reforma das leis de recrutamento militar

por RTP
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O presidente da Ucrânia quer reformar as leis de recrutamento militar. Num comunicado na sexta-feira, Volodymyr Zelensky explicou que esta medida pode ser uma forma de criar condições para a possível desmobilização de alguns combatentes na guerra contra a Rússia. Já Vladimir Putin assinou, na sexta-feira, um decreto ordenando o aumento em 15 por cento do número de soldados do Exército russo, argumentando um "aumento das ameaças" relacionadas com o conflito na Ucrânia.

"Todos na Ucrânia compreendem que são necessárias mudanças nesta área", disse o líder ucraniano numa publicação no canal Telegram, citado pela agência de notícias espanhola EuropaPress.

O objetivo é criar condições para a possível desmobilização de alguns combatentes na guerra contra a Rússia, alegou ainda o chefe de Estado ucraniano referindo-se aos combatentes que foram destacados para a linha da frente no início da invasão russa, em fevereiro de 2022, e ainda não foram substituídos.

O anúncio de Zelensky é visto como uma concessão a certos círculos militares que, nos últimos tempos, têm exigido uma maior rotação das tropas para permitir um período de descanso e recuperação dos combatentes. A lei marcial decretada em resposta à ofensiva russa impede que os militares, alguns dos quais estão na linha da frente há 21 meses, sejam desmobilizados. E segundo dados oficiais, cerca de 820 mil ucranianos servem atualmente nas Forças Armadas do país.

Caso a Ucrânia venha a permitir a rotação de tropas ou o regresso de alguns militares a casa, as Forças Armadas terão de recrutar tropas adicionais, uma situação que o próprio presidente ucraniano reconheceu ser "o foco" da reforma militar que prometeu. 
Putin ordena aumento de 15% do número de soldados
O presidente russo assinou um decreto a ordenar o aumento em 15 por cento do número de soldados do Exército russo. De acordo com Vladimir Putin, trata-se de uma solução para o "aumento das ameaças” relacionadas com o conflito na Ucrânia.

De acordo com o decreto divulgado pelo Governo, a Rússia passará a ter 2,2 milhões de efetivos nas Forças Armadas, entre os quais 1,32 milhões de soldados. O anterior decreto, datado de agosto de 2022, fixava o número de efetivos previstos em dois milhões, entre os quais 1,15 milhões de soldados.

Em termos concretos, sem contar o pessoal civil, tal representa um aumento de 169.372 militares, ou seja, quase 15 por cento da força de combate atualmente existente.

Assim que o decreto foi anunciado, o Ministério da Defesa russo divulgou um comunicado a explicá-lo.

“O aumento dos efetivos das Forças Armadas deve-se ao aumento das ameaças ao nosso país e relacionadas com a operação militar especial a ser realizada [na Ucrânia] e à continuação do alargamento da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental)”, indicou.

“Estão em curso um reforço das Forças Armadas combinadas da Aliança perto das fronteiras da Rússia e o destacamento de mais meios de defesa aérea e de armamento de ataque”, especificou.

O Ministério garantiu, contudo, que o aumento dos seus efetivos será feito “por etapas”, com base em alistamentos voluntários, e que “não está prevista qualquer mobilização” militar.

Em setembro de 2022, enfrentando graves dificuldades na frente de batalha, a Rússia ordenou uma mobilização militar, o que levou centenas de milhares de jovens a fugir do país para evitar o recrutamento forçado e causou um descontentamento generalizado na sociedade russa.

Desde então, a frente estabilizou e as autoridades russas têm privilegiado recrutamentos assentes no voluntariado, prometendo salários elevados e benefícios sociais àqueles que decidam alistar-se.

C/Lusa
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