Ponto de situação
- O primeiro-ministro de Israel ameaçou "destruir" o Hamas numa mensagem transmitida, na sexta-feira, pela televisão nacional, a poucas horas do final do prazo imposto para a retirada de um milhão de civis de Gaza. As Forças de Defesa de Israel fizeram movimentar de manhã uma coluna de mais de cinquenta veículos blindados para Gaza a partir de Sderot, a leste do enclave, enquanto bombardearam durante todo o dia o território com artilharia. Para a população civil israelita da região tratou-se do primeiro movimento de tropas no sentido de uma invasão terrestre contra Gaza, onde o Hamas mantém como reféns mais de uma centena de israelitas.
- Menos de um mês antes do ataque surpresa do Hamas a Israel, que resultou em mais de 1.200 mortos no lado israelita, o movimento islamita realizou um ensaio geral público, divulgando inclusive vídeos. Segundo um vídeo de propaganda de dois minutos, bem produzido e publicado nas redes sociais pelo Hamas a 12 de setembro, mostra combatentes a utilizar explosivos para rebentar uma réplica de um portão de fronteira, a realizar uma invasão através de uma ‘pickup’ e a movimentar-se prédio por prédio, através de uma reconstrução em grande escala do uma cidade israelita.
- O número de mortos na Faixa de Gaza aumentou para 1.900, incluindo 614 crianças, segundo atualizações mais recentes do Ministério da Saúde palestiniano do Hamas, após uma intensificação dos bombardeamentos israelitas neste território palestiniano controlado pelo movimento islamita.
- O presidente dos Estados Unidos sublinhou que a grande maioria dos palestinianos "não tem nada a ver com o Hamas" e garantiu que tem como "prioridade" responder à crise humanitária em Gaza.
- O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão advertiu que se os ataques de Israel à Faixa de Gaza não pararem imediatamente a violência pode alastrar a outras partes do Médio Oriente.
- A Arábia Saudita rejeitou "categoricamente" qualquer deslocação da população de Gaza, destacou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que condenou o bombardeamento de "civis indefesos" na sua crítica mais forte a Israel desde o ataque lançado pelo Hamas.
Netanyahu diz que "isto é apenas o princípio"
Rússia pede um apelo conjunto para cessar-fogo humanitário
"Estamos convencidos de que o Conselho de Segurança deve agir para pôr fim a este banho de sangue e reiniciar as negociações de paz com o objectivo de estabelecer um Estado palestiniano, como há muito foi planeado", disse o embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, após uma reunião do Conselho sobre a situação humanitária em Gaza.
"Com isto em mente, distribuímos um projeto de resolução do Conselho de Segurança que apela a um cessar-fogo humanitário plenamente respeitado e a uma assistência humanitária sem entraves e que condena toda a violência e todos os atos de terrorismo", acrescentou.
O texto ao qual as agências internacionais tiveram acesso apela a "um cessar-fogo humanitário imediato, duradouro e plenamente respeitado".
"Condena veementemente toda a violência e hostilidades contra civis e todos os atos de terrorismo".
Irão adverte para risco de violência alastrar na região
Autoridades dos EUA "trabalham como o diabo" para encontrar reféns detidos pelo Hamas
Sobe para 1.900 o número de mortos em Gaza
Exército israelita vai proteger civis "tanto quanto possível"
Confirmado início da incursão de Israel na Faixa de Gaza
Há também notícia de combates num dos maiores campos de refugiados palestinianos no norte de Gaza.
Israel impôs esta manhã um período de 24h para os habitantes de Gaza abandonarem o norte do enclave e se dirigirem para o sul. As operações referidas tiveram início antes de esgotado o prazo.
Gaza "à beira do colapso", alerta agência da ONU
Rússia propõe resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre conflito
O texto terá sido entregue ao Conselho de Segurança da ONU durante uma reunião à porta fechada sobre o conflito.
UNICEF apela a cessar-fogo em Gaza para proteção das crianças em perigo
“As crianças e as famílias estão a ficar sem comida, água, eletricidade, medicamentos e acesso seguro a hospitais, após dias de conflito armado e ao corte de todas as vias de abastecimento”.
James Elder, porta-voz da UNICEF, refere que "a situação humanitária atingiu níveis catastróficos, e ainda assim todos os relatórios apontam para mais ataques. Em todas as guerras, os que mais sofrem são as crianças".
"Até guerras têm regras" e mover palestinianos pode ser impossível, diz Guterres
"Mover mais de um milhão de pessoas através de uma zona de guerra densamente povoada para um local sem comida, água ou alojamento, quando todo o território está sob um cerco, é extremamente perigoso e, em alguns casos, simplesmente não é possível", disse.
"Os hospitais no sul de Gaza já estão lotados e não poderão aceitar milhares de novos pacientes vindos do norte", frisou.
De acordo com o líder da ONU, a situação em Gaza atingiu um novo momento de perigo, com o sistema de saúde à beira do colapso, morgues lotadas, 11 profissionais de saúde mortos em serviço, e 34 ataques, pelo menos, a instalações de saúde nos últimos dias.
Além disso, todo o território enfrenta uma crise hídrica, uma vez que as infraestruturas foram danificadas e não há eletricidade para alimentar bombas e centrais de dessalinização, observou.
Nos últimos dias, Guterres tem estado em contacto permanente com líderes de toda a região, concentrando-se "em formas de reduzir o sofrimento e prevenir uma nova escalada perigosa na Cisjordânia ou noutros locais da região, especialmente no sul do Líbano", afirmou.
"Precisamos de acesso humanitário imediato em Gaza inteira, para que possamos levar combustível, alimentos e água a todos os necessitados", apelou.
Nesse sentido, o ex-primeiro-ministro português recordou que "até as guerras têm regras", pelo que o direito internacional humanitário e os direitos humanos devem ser respeitados e defendidos, enquanto os civis devem ser protegidos e "nunca usados como escudos".
"Todos os reféns em Gaza devem ser libertados imediatamente. É imperativo que todas as partes -- e aqueles que têm influência sobre elas -- façam todo o possível para alcançar estes passos", acrescentou.
Por último, abordou o "ódio" que está a ser alimentado por este conflito, não só no Médio Oriente, como em todo o mundo.
"Uma linguagem desumanizante que incita à violência nunca é aceitável. Apelo a todos os líderes para que se pronunciem contra o antissemitismo, a intolerância anti-muçulmana e o discurso de ódio de todos os tipos", instou o líder da ONU.
"Este é o momento para a comunidade internacional se unir em torno da proteção dos civis e encontrar uma solução duradoura para este ciclo interminável de morte e destruição", concluiu, antes de entrar na reunião do Conselho de Segurança.
Von der Leyen faz primeira distinção entre Hamas e palestinianos após críticas
"Quero deixar bem claro que o Hamas é o único responsável pelo que está a acontecer. Os atos do Hamas não têm nada que ver com as legítimas aspirações da população palestiniana. Pelo contrário, o horror desencadeado pelo Hamas só está a trazer mais sofrimento aos inocentes palestinianos", sustentou Ursula von der Leyen, em comunicado, depois de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em Telavive.
A presidente da Comissão e a líder do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, deslocaram-se hoje a Israel para demonstrar a solidariedade da União Europeia (UE) para com a população israelita, depois de um ataque surpresa perpetrado pelo Hamas no último fim de semana e que foi considerado o pior na história do país.
Ursula von der Leyen foi alvo de críticas nos últimos dias por não se ter pronunciado sobre o povo palestiniano e sobre a retaliação israelita contra o Hamas, que já provocou mais de mil mortos na Faixa de Gaza, território controlado pelo movimento islamita desde 2007.
"Eles [palestinianos] também estão ameaçados. As ações desprezíveis do Hamas são o cunho dos terroristas", completou.
Indo ao encontro das posições manifestadas por outros responsáveis internacionais nos últimos dias, que reconheceram o direito de Israel à sua defesa mas de forma proporcional e no respeito pela lei internacional, Ursula von der Leyen frisou: "Sei que a maneira como Israel responder vai mostrar que é uma democracia".
A líder do executivo comunitário acrescentou que ao longo da semana esteve "em contacto com o Rei Abdullah II da Jordânia e o Presidente El-Sisi do Egito" e que os 27 vão continuar "a trabalhar para um Médio Oriente integrado e pacífico".
E advertiu que as ações do Hamas "arriscam afetar a reaproximação histórica entre Israel e os seus vizinhos árabes".
Perante Netanyahu, Von der Leyen sugeriu que pode ser propositada a perpetuação do conflito israelo-palestiniano, e de outros naquela região.
"Devíamos observar com atenção aqueles que ganham com a perpetuação do conflito no Médio Oriente, como o Irão e a Rússia. É altura de trabalhar ainda mais de perto com Israel e com os países da região pela estabilidade e contra o terror", concluiu.
Netanyahu avisa que retaliação de Israel até agora "é apenas o início"
RTP em Israel. População com opiniões extremadas sobre o conflito
Do lado Israelita considera-se que a única solução é acabar com o Hamas.
Reportagem dos enviados especiais da RTP José Manuel Rosendo e Marques de Almeida.
Embaixador de Israel em Portugal garante que país procura minimizar impacto sobre civis
O diplomata não hesitou em classificar o ataque do Hamas como o "ataque terrorista mais horrível" de sempre na sua história.
"Minimizar o sofrimento dos civis"
Sobre a resposta de Israel, que ordenou no início desta sexta-feira a retirada do norte para o sul da Faixa de Gaza de milhares de palestinianos num prazo de 24 horas, ordem que para a ONU "terá consequência humanitárias devastadoras", Dor Shapira garantiu que o seu país está a fazer tudo para minimizar o impacto da sua ofensiva contra o Hamas sobre as populações civis.
"Considero a questão absurda. De um lado Israel é atacado por estar a destruir infraestruturas civis. Por outro lado, quando tentamos minimar o efeito sobre os civis que não estão envolvidos, também nos criticam", referiu.
O embaixador defendeu atambém que, ao dar a oportunidade aos civis de abandonarem as áreas a atacar, Israel está a fazer algo "que nenhum outro Estado fez, nem os Estados Unidos ou a NATO", quando combateram a al Qaeda, o Estado Islâmico ou os talibãs, no Iraque ou no Afeganistão.
"Estamos a tentar minimizar o sofrimentos dos civis", afirmou, lembrando contudo que Israel "tem um objetivo neste momento", que passa por garantir que o Hamas "não volte a ter possibilidade" de repetir o que fez.
Sobre a resposta que está a ser dada ao Hamas, o embaixador frisou, logo à partida, que "Israel é um país democrático e, mesmo quando travamos uma guerra, fazemo-lo de acordo com a lei internacional". "Sempre o fizemos e sempre o faremos, porque é assim que nos comportamos", mesmo perante uma organização terrorista "que está sempre a cometer crimes de guerra".
"Em segundo lugar", sobre a exigência de proporcionalidade levantada por vários líderes internacionais, Dor Shapira argumentou que "só quando se trata de Israel é que esta questão é levantada". "O que se entende por proporcionalidade? Temos estado a ser massacrados por organizações terroristas, devíamos então começar a massacra-las?", questionou.
Prontos a enfrentar "quem nos ataque"
Para o embaixador de Israel em Portugal, a ofensiva terrestre de Israel sobre a Faixa de Gaza tem três objetivos, "restaurar a tranquilidade no sul de Israel e em todo o país", que está sob ataque de mísseis "a nível nacional", "garantir que destruímos todas as capacidades do Hamas para que coisas como esta nunca mais sucedam", e, "em terceiro lugar trazer de volta os 150 reféns".
Estes incluem "sobreviventes do holocausto, bebés, crianças, como esta, Yali, de quatro anos, que está há seis dias nas mãos do Hamas, sem o pais", explicou Dor Shapira, mostrando uma fotografia da menina. "Deveríamos tomar isto de ânimo leve ou devemos fazer todo o possível para que coisas destas não voltem a acontecer?" perguntou.
A possibilidade de alastramento do conflito a todo o Médio Oriente levou o diplomata a considerar que este "está dividido em dois, os que querem estabilidade e os que querem o caos". Estes últimos são "liderados pelo Irão e por isso vemos este país envolvido em quase tudo de mau que acontece em todo o mundo, incluindo entre a ucrânia e a Rússia", explicou.
"São também eles que apoiam, encorajam e financiam organizações terroristas como o Hezbollah no Líbano e o Hamas em Gaza", referiu ainda.
Dor Shapira lembrou que Israel não ocupa Gaza, enclave governado pelo Hamas "desde 2006" e que os próprios palestinianos estão divididos entre si, com a Fatah a governar a Cisjordânia e sem qualquer entendimento com o Hamas.
"A primeira coisa que o Hamas fez quando tomou o poder foi matar os líderes da Fatah na Faixa de Gaza, por isso estamos a travar a guerra deles", considerou, contestando as declarações quinta-feira do representante palestiniano igualmente ao Jornal 2 da RTP.
Mundo dividido entre apoio a Israel e protestos pró-palestianos
Nos países muçulmanos milhares de pessoas desfilaram em apoio à luta palestiniana e contra a intensificação dos bombardeamentos israelitas contra Gaza.
Um antigo líder do Hamas apelou a manifestações de apoio à causa palestiniana em todo o mundo.
Antony Blinken. Hamas está a usar palestinianos como "escudos humanos"
Antony Blinken está de visita a mais cinco países que podem servir como intermediários na libertação dos cerca dos 150 reféns nas mãos do HAMAS.
ONU alerta para catástrofe humanitária iminente na Faixa de Gaza
Atos anti-semitas aumentam na Europa. Medidas de segurança reforçadas na comunidade judaica
As tensões têm sido especialmente elevadas em França, que abriga a maior comunidade judaica europeia, ao lado da mais populosa comunidade muçulmana da Europa ocidental.
Numa atitude preventiva para garantir a ordem pública, o executivo de Emmanuel Macron interditou em todo o país a realização de manifestações pro-palestinianas. Um ajuntamento que tentou furar a proibição quinta-feira à noite em Paris, foi dispersado à força pela polícia.
A primeira-ministra Elizabeth Borne já anunciara terça-feira 10 de outubro que "não seriam permitidos atos de ódio contra os judeus" em França. O presidente reforçou a mensagem dia 12, dirigindo-se ao país para apelar à unidade de todos os franceses contra a cedência de "qualquer forma de ódio" e para "enviar uma poderosa mensagem de paz e de segurança para o Médio Oriente".
"Tentemos não somar divisões nacionais às divisões internacionais", pediu Macron, lembrando ainda que Paris apoia o direito de Israel à auto-defesa "com ataques certeiros que poupem a população civil". O conflito, sublinhou o presidente francês, não é entre Israel e a Palestina, mas entre "terroristas e um país com valores democráticos".
O ministro do Interior de França, Gerard Darmanin, revelou que cerca de 10.000 agentes da polícia foram chamados para proteger cerca de 500 locais judaicos em França. "É importante que todos os cidadãos franceses de fé judaica saibam que estão protegidos", afirmou, ao lado do ministro da Educação Gabriel Attal, durante uma visita a uma escola judaica em Paris.
"Tolerância zero" na Alemanha
Na Alemanha, o chanceler Olaf Scholz afirmou quinta-feira perante o Parlamento que, enquanto milhares de pessoas no país se tinham manifestado em apoio a Israel, se tinham registado "algumas imagens hediondas nas nossas ruas, onde os atos de terror mais brutais foram celebrados à luz do dia".
Logo no sábado, dia dos ataques do Hamas, a polícia alemã foi forçada a dispersar bandos de pessoas que cantavam cânticos de "glorificação da violência". Várias pessoas foram detidas e dois agentes ficaram feridos nos confrontos.
"Uma escalada da situação em Israel tem sempre infelizmente um impacto na nossa comunidade", reagiu Ilan Kiesling, um porta-voz da Comunidade Judaica de Berlim. O Conselho Central para os judeus na Alemanha afirmou por seu lado que estava em contacto com os responsáveis pela segurança para garantir proteção acrescida em torno das instituições judaicas a nível nacional.
O governo alemão anunciou por seu lado "tolerância zero" com reações anti-semitas no país após e baniu todas as atividades em apoio aos crimes do Hamas em Israel, incluindo o uso dos símbolos do grupo e de expressões de elogio aos assassínios e mortes, e a queima da bandeira israelita.
Qualquer pessoa encontrada a cometer tais atos será processada, advertiu o chanceler, lembrando a responsabilidade do povo alemão no Holocausto. "A nossa legislação que gere as associações é uma espada afiada. E nós, enquanto forte estado constitucional, empunharemos essa espada", prometeu. "Haverá tolerância zero para o anti-semitismo", acrescentou.
Aumento "massivo" de ataques em Londres
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, seguiu as pisadas dos líderes europeus e referiu que o Community Security Trust (CST), uma organização criada para proteger os judeus britânicos contra o antissemitismo e outras ameaças, iria receber três milhões de libras (3,5 milhões de euros) para reforçar a sua missão e contratar guardas adicionais para escolas e entradas das sinagogas nas noites de sexta-feira e nas manhãs de sábado.
A polícia de Londres revelou ter registado 139 incidentes anti-semitas em quatro dias, cinco vezes mais que no período homólogo de 2022. "Um aumento massivo", denunciou.
"O número de incidentes que se deram desde sábado praticamente triplicou o que seria expectável normalmente neste período", afirmou por seu lado Dave Rich, líder do CDT. "Esperamos que os números aumentem", acrescentou. "Ainda estamos a registar e a verificar os relatos antes de os introduzir no sistema".
O mayor de Londres, Sadiq Khan, condenou os atos de vandalismos contra negócios da comunidade judaica na cidade, garantindo aos judeu da capital britânica que os culpados iriam "sentir todo o peso da lei".
Rishi Sunak denunciou por sua vez esta sexta-feira "o aumento repugnante" do número de atos anti-semitas nos últimos dias no país após o ataque do Hamas contra Israel.
"Registou-se um aumento francamente repugnante" do número de atos anti-semitas "nestes últimos dias", declarou perante as câmaras das televisões da Suécia, onde se encontra para participar numa cimeira com aliados da Europa do Norte.
Antes de viajar, Sunak já tinha deixado clara a sua determinação em "fazer tudo o que estiver ao alcance" do seu governo para "proteger o povo judeu em todo o país". "Se alguma coisa estiver a dificultar a segurança da comunidade judaica, nós resolvemos o problema. Têm o nosso total apoio", vincou.
A decisão do executivo britânico surge depois de a Polícia Metropolitana de Londres ter já ter reforçado a presença nas ruas, especialmente em bairros com comunidades judaicas. O governo reuniu-se ainda com responsáveis pela segurança, sobre os protestos relacionados com a guerra entre Israel e o Hamas, que incluiu a ministra da Administração Interna, Suella Braverman, e representantes da polícia.
Em Portugal, o Bloco de Esquerda participou segunda-feira numa manifestação pró-palestiniana realizada no largo de Camões em Lisboa. Na quarta-feira dia 11, a sua líder, Mariana Mortágua, condenou publicamente os "crimes de guerra cometidos pelo Hamas e por Israel", reconhecendo "historicamente o direito à autodeterminação da Palestina".
O PCP esperou por quinta-feira dia 12 para condenar oficialmente os ataques do Hamas e considerar que não servem os "interesses do povo palestiniano".
Também em Portugal, as paredes da sinagoga da comunidade israelita do Porto, a maior da Europa, foram vandalizadas com mensagens anti-israelitas e pró-palestinianas. A Polícia Judiciária está a investigar o incidente.
Já em Espanha registou-se um ato semelhante ao do Porto, o que levou a sinagoga de Barcelona a cancelar semanas de eventos previstos devido a preocupações securitárias.
"Estamos assustados, sobretudo pelos novos filhos e filhas mais novos", afirmou Sara Hasson entrevistada pelo jornal El Periódico. "O anti-semitismo anda no ar", explicou.
O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander de Croo, anunciou quinta-feira dia 12 numa publicação na rede X, antigo Twitter, que estava a ser incrementada "a vigilância contra ataques anti-semitas" e que o país ia reforçar a segurança em torno da comunidade judaica.
Quinze franceses mortos em ataques do Hamas
EUA dizem não haver sinais de que "atores externos" se juntem ao conflito
"Evitem uma catástrofe humanitária", pede Guterres a Israel
O apelo chega depois de Israel ter cercado Gaza, impedindo a entrada de comida, água, medicamentos e combustível que ajudariam 2,3 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, os bombardeamentos israelitas continuam a atingir várias cidades.
Von Der Leyen para Netanyahu: "A Europa está ao lado de Israel"
Johanna Geron - Reuters
Já Ursula von der Leyen avisou que a ação do Hamas pode prejudicar a aproximação entre Israel e os países vizinhos.
A reportagem é da correspondente da Antena 1 em Bruxelas, Andrea Neves.
"Há a guerra e depois... há isto", diz sobrevivente israelita
"Não sabia que podia haver tamanha crueldade. Há a guerra e depois... há isto", afirmou à Lusa Shahar, uma israelita de 33 anos que atualmente vive em Espanha e que estava em Israel de férias, quando o Hamas perpetrou o maior ataque de sempre em território israelita, desencadeando um conflito com Telavive que já fez mais de 3.100 mortos e milhares de feridos dos dois lados.
A mulher e uma das suas irmãs, de 29 anos, esconderam-se durante 35 horas no `kibbutz` Magen - a menos de cinco quilómetros da fronteira com a Faixa de Gaza -, onde também estava o pai, num outro abrigo, sem qualquer informação do que se passava no exterior e com pouca esperança de sobreviver.
A família acordou pelas 06:30 de sábado com os alarmes e sons de tiros, o que levou Shahar a perceber rapidamente que "não era só mais um `rocket`" dos palestinianos.
As duas irmãs esconderam-se num `quarto seguro`, uma habitação à prova de foguetes mas onde não se podiam trancar.
"Fechámos todas as janelas, apagámos as luzes e agarrámos em facas de cozinha", relatou a israelita.
Sem o exército por perto, os cerca de 450 habitantes do `kibbutz`, num total de 160 famílias, defenderam-se a si próprios: um grupo de 12 "homens incrivelmente corajosos", entre os 20 e os 70 anos, pegou em armas e impediu o avanço dos atacantes.
"Homens que deixaram as famílias para trás e enfrentaram o perigo para nos proteger a todos. Infelizmente, um morreu, outro foi raptado e soubemos agora que morreu, dois ficaram feridos, um deles teve uma perna amputada", lamentou.
Os combates prolongaram-se por mais de sete horas. No interior da casa, as duas irmãs tinham tomado uma decisão: "Sabíamos o que era preciso fazer. Não seríamos levadas como reféns", descreveu.
Com uma mão dada e a outra a segurar uma faca, as irmãs comprometeram-se a matar-se uma à outra caso os militantes dos Hamas as encontrassem.
"Despedimo-nos uma da outra, mandámos mensagens à nossa mãe e outra irmã [que estavam fora do país] e prometemos que nos encontraríamos na próxima vida", relatou.
Mais tarde, as irmãs conseguiram juntar-se ao pai. Eventualmente, o exército israelita chegou ao kibbutz e conseguiu terminar o ataque. Depois de os militares dizerem que já era "mais seguro" sair das casas, os três fugiram.
"Pegámos no nosso cão e fomos para o carro. Quinze minutos depois, o exército avisou que ainda havia terroristas no local e que devíamos voltar a abrigar-nos, mas nós já estávamos na estrada e decidimos continuar", contou, descrevendo o que viu na estrada: sangue, roupas, sapatos.
Shahar relatou, horrorizada, que os atacantes queimaram famílias inteiras vivas.
"Uns amigos nossos foram raptados, com uma criança de três anos e um bebé de seis meses", disse, a chorar.
Com o passar do tempo, chega mais informação sobre o que aconteceu a amigos e vizinhos.
"Todos os dias sabemos de mais pessoas que morreram ou foram raptadas. A lista continua e continua", lamentou.
Os três abrigaram-se em casa de familiares, no centro do Israel, onde passaram uma noite e, no dia seguinte, foram para o aeroporto, para tentar fugir do país.
"O aeroporto estava cheio, as companhias tinham cancelado os voos. Queríamos encontrar um voo com três lugares para qualquer lado".
Acabaram por conseguir embarcar para Lisboa, onde chegaram na terça-feira.
O pai de Shahar adoeceu entretanto, com febres fortes. A família espera reunir-se em breve e depois irão decidir "de onde podem ajudar melhor".
A prioridade agora é deixar os pais num local seguro e as três irmãs admitem regressar ao seu país.
"O meu medo é que agora que Israel passou para modo de ataque, a única coisa que as pessoas vão ver é isso: Israel a bombardear Gaza. Mas elas precisam de saber o que levou a isto, o que nós vivemos".
Jornalista que morreu no Líbano era da agência Reuters
“Estamos urgentemente à procura de mais informação, a trabalhar com autoridades regionais e a apoiar a família e colegas do Issam. Os nossos pensamentos neste momento terrível estão com a sua família”, lê-se numa nota.
Além deste videógrafo, também os jornalistas da Reuters Thaer Al-Sudani e Maher Nazeh sofreram ferimentos, assim como a jornalista da Al Jazeera Carmen Joukhadar e o repórter de imagem Elie Brakhya.
"Israel não está a retaliar, está a defender o seu povo"
Médicos do Mundo avaliam situação em Gaza como catástrofe humanitária
Mohammed Saber - EPA
Mais pormenores no trabalho do jornalista João Torgal.
Rússia vai manter contactos com Hamas para libertar reféns
Um jornalista morto e vários feridos em bombardeamento israelita a sul do Líbano
`Rockets` caíram ao fim da tarde num setor onde se encontrava um grupo de jornalistas de pelo menos três órgãos de comunicação social diferentes, na aldeia fronteiriça de Aalma ech Chaab.
Dois dos jornalistas feridos quando o veículo em que seguiam foi atingido são uma correspondente e um repórter de imagem da Al-Jazeera, noticiou a estação televisiva, identificando-os como Karmen Bakhindar e Eli Brakhia, respetivamente.
Exército israelita diz ter realizado incursões terrestres em Gaza "nas últimas 24 horas"
Catar quer abrir corredor humanitário
O responsável norte-americano afirmou ainda que os Estados Unidos estão a trabalhar arduamente para assegurar a libertação dos reféns levados pelo Hamas para Gaza.
Enviado da ONU para a Palestina lança apelo a Guterres
Sobe para 11 número de palestinianos mortos na Cisjordânia
Primeiro-ministro palestiniano acusa Israel de “genocídio” em Gaza
“O nosso povo em Gaza está a sofrer um genocídio e Gaza tornou-se uma zona de desastre”, disse Shtayyeh num conferência de imprensa esta sexta-feira na Cisjordânia ocupada.
Israel rejeita acusações de que está a usar fósforo branco em Gaza
Deslocação de civis é “inaceitável”, denuncia Erdogan
“Forçar a população de Gaza a migrar em 24 horas é inaceitável”, declarou o chefe de Estado turco.
“Cortar a água, a eletricidade e a alimentação a dois milhões de pessoas retidas numa área de 360 quilómetros quadrados vai contra os direitos humanos mais fundamentais”, denunciou ainda Erdogan durante um discurso em Istambul.
"Gaza é vítima e é oprimida. Este não é o caso de Israel", insistiu.
O presidente turco, que reiterou estar a negociar, em concertação com o Egipto, a libertação dos reféns detidos em Gaza, criticou também o envio pelos Estados Unidos de um porta-aviões para a região, decisão que, segundo ele, “não contribui para a paz”.
Quase 1.800 mortos em Gaza
O ministério detalhou que entre os mortos estão 583 crianças e 351 mulheres.
Há ainda mais de 7.000 feridos.
Fechadas quatro escolas em zona de Londres com comunidade judaica
Foto: Benjamin Davies - Unsplash
Líbano pode ser arrastado para guerra pelo Hezbollah se Irão decidir, dizem analistas
Hanin Ghajar, membro sénior no Programa Tony Ruban sobre Políticas Árabes do The Washington Institute, disse à Lusa que a resposta sobre uma possível ofensiva contra Israel, numa altura em que os as forças israelitas se preparam para entrar em Gaza em resposta ao ataque do Hamas no passado sábado, está no Irão.
"Esta decisão não é feita em Beirute. É feita dentro do Hezbollah", explicou. "O que temos que considerar, quando envolvemos o Irão, é se o envolvimento do Hezbollah [na guerra] iria ajudar o Irão a ganhar ou perder mais com isto".
Hanin Ghajar considera que o Irão tem mais a perder do que a ganhar com uma possível entrada de Hezbollah no conflito a sul.
"O Hezbollah é a carta mais forte que o Irão tem na região. Se o Hezbollah entrar em guerra, só vai perder [porque] Israel vai responder de forma muito forte e o Hezbollah não vai ter espaço ou orçamento para reconstruir e recarregar [armamento], e o Irão irá perder a sua carta mais forte", diz Ghajar à Lusa.
"Portanto eles não querem fazer isso. A prioridade do Irão é o que o Irão pode ganhar em dinâmicas regionais internacionais e não precisam de mais, e eles já estão a ter ganhos [com a situação em Gaza] portanto não precisam de fazer mais nada", Ghajar explica.
A analista diz que até agora o Irão tem conseguido cumprir os seus objetivos sem envolvimento direto no conflito, como é o caso da suspensão dos acordos económicos e normalização de relações entre a Arábia Saudita e Israel, que tinha vindo a desenvolver-se nos últimos tempos.
Com a suspensão do acordo, diz Ghajar, o Irão voltou a "ganhar a sua vantagem nas dinâmicas do Médio Oriente, renovou as ameaças a Israel e fortaleceu a narrativa da resistência e apoio a Gaza e ao Hamas pelo mundo árabe".
No entanto o envolvimento do Hezbollah ainda não está fora da mesa. O Ministro dos Negócios Estrangeiros Iraniano, Hossein Amir Abdollahin, reuniu-se hoje em Beirute com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah para discutir "posições e possíveis consequências".
As ofensivas de dissuasão iniciadas pelo Hezbollah no domingo foram parte da resposta da operação "Al-Aqsa" levada a cabo pelo Hamas, disse em comunicado o grupo xiita libanês.
Hanin Ghajar reconhece que a situação pode mudar e que o Irão poderá usar o Hezbollah "se perceber que esta guerra é uma oportunidade para ganhar ainda mais".
Desde o início do conflito entre o grupo palestiniano Hamas e Israel, têm-se registado confrontos na fronteira norte de Israel com o Líbano, de onde Hezbollah e grupos militantes palestinianos têm lançado foguetes e mísseis. Israel tem respondido com ataques aéreos que já mataram três membros do grupo xiita.
No entanto, as operações no sul do Líbano são até agora consideradas apenas parte das manobras de dissuasão que têm acontecido ao longo dos anos e que "não escalaram para um conflito". A situação na área "continua estável mas volátil", de acordo com comunicado da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL).
Firas Maksad, membro sénior do Middle East Institute, diz que o Hezbollah está a "brincar com o fogo... a molestar Israel para tentar impedi-lo de destruir o Hamas em Gaza".
Este analista libanês defende que o Hezbollah e o Irão não terão opção senão atacar Israel caso as forças israelitas invadam Gaza.
Nessa eventualidade, o Hezbollah terá um preço a pagar dentro do Líbano, onde, à medida que os dias passam, aumenta o medo de uma nova guerra, principalmente no sul do Líbano, onde a população maioritariamente xiita é o coração dos eleitores do partido.
Desde o início das hostilidades na fronteira, as autoridades já registaram mais de 900 residentes retirados das zonas fronteiriças e alojados em abrigos temporários. Estima-se que muitos mais deixaram as suas casas e até o país.
Muitos libaneses consideram que o Hezbollah é a única proteção que o Líbano tem contra Israel. Outros acham que o Hezbollah é um barril de pólvora que pode explodir a qualquer altura num conflito onde o sangue derramado será libanês.
"O Líbano nunca quis ou procurou uma guerra", disse hoje o ministro dos negócios estrangeiros libanês, Abdallah Bou Habib, após um encontro com o seu homólogo Iraniano, Hossein Amir Abdollahian.
"Avisamos que a escalada contínua de violência vai incendiar a região e ameaçar a segurança e paz local", disse Bou Habib.
O primeiro-ministro libanês Najib Mikati disse, num discurso ao país na quinta-feira, que o Líbano está "no olho da tempestade".
No entanto o poder do governo Libanês sobre o Hezbollah é mínimo, diz Ghajar: "Nós não temos um governo, não temos um Estado. Os responsáveis libaneses estão no país das fantasias, é um coma", diz.
O primeiro-ministro Najib Mikati e o seu governo foram eleitos com o apoio do Hezbollah. Nabih Berri, o porta-voz do parlamento, uma posição poderosa no sistema libanês, é do partido xiita Amal, aliado do Hezbollah. O partido apoiado pelo Irão, com os seus aliados, tem praticamente a maioria do parlamento, é conhecido por enfrentar os seus opositores com assassinatos e ameaças.
Estima-se ainda que o poderio militar do Hezbollah ultrapasse o exército libanês em grande escala. O grupo xiita diz que dispõe de mais de 100,000 soldados prontos para o combate. Em Maio deste ano, o partido convidou centenas de jornalistas libaneses e estrangeiros para uma demonstração das suas forças. Dezenas de homens de cara tapada e farda militar mostraram mísseis de longo-alcance, drones, tanques, metralhadores, AK-47s enquanto outros militares disparavam a alvos ou exemplificavam manobras de infiltração e vigilância.
"O Hezbollah é chamado o "Estado dentro de um Estado", mas hoje eu acho que o Líbano é que se tornou um pequeno Estado dentro do Estado do Hezbollah. O Líbano, hoje, rendeu as decisões, especialmente as decisões de guerra ou paz, ao Irão", diz Ghajar, ela própria libanesa xiita do sul do Líbano.
Num país onde o equilíbrio entre os vários setores religiosos se mantém numa paz frágil desde o fim da sangrenta guerra civil (1975-1990), a questão Hezbollah não representa só um risco de conflito externo, mas também de instabilidade interna.
Reacender do conflito "não foi ocasional", diz Américo Aguiar
"Infelizmente, e volto a citar o Papa Francisco, nós temos uma terceira guerra mundial aos bocadinhos em muitas geografias. Eu, cidadão, eu bispo, eu cardeal, eu filho de Deus, qualquer coisa fez um clique que o calendário, a oportunidade, a circunstância não foi ocasional, alguma coisa motivou para que acontecesse neste contexto e nestas circunstâncias", acrescentou Américo Aguiar aos jornalistas, no final da missa internacional que encerrou a peregrinação de 12 e 13 de outubro ao Santuário de Fátima.
O futuro bispo de Setúbal, que assumiu não ter "grandes conhecimentos em geopolítica internacional", deixou o desejo de, "um
Casa Branca diz que evacuar a Faixa de Gaza é uma “tarefa difícil”
“Entendemos o que eles [Israel] estão tentando fazer. Estão a tentar tirar os civis do perigo”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, à CNN.
“Mas é uma tarefa difícil. É um milhão de pessoas e é um ambiente muito urbano e denso. Já é uma zona de combate. Portanto, não creio que alguém esteja a subestimar o desafio de efetuar essa evacuação”, afirmou.
Comissão Europeia pronta para apoiar corredores humanitários em Gaza
Foto: Olivier Hoslet - EPA
Bruxelas reitera que apoia os apelos já hoje feitos pelas Nações Unidas.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, bem como a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, estão em Israel e já publicaram mensagens, na rede social X, de solidariedade com as vítimas e de repúdio pela ação do Hamas.
Ordem israelita para evacuação em Gaza com "prazo muito complicado"
Israel dá 24 horas para a retirada de mais de um milhão de civis do norte de Gaza
Foto: Violeta Santos Moura - Reuters
Palestinianos deslocam-se de norte para sul da Faixa de Gaza após ultimato israelita
- Depois de as autoridades israelitas terem dado 24 horas para a evacuação do norte de Gaza, invocando "segurança e proteção" de civis palestinianos, está em curso uma deslocação de populações do território administrado pelo movimento Hamas;
- A ONU e a OMS já vieram criticar o prazo enunciado pelo Estado hebraico e as Forças de Defesa de Israel reconheceram entretanto que a evacuação deverá exceder as 24 horas. Por seu turno, o Hamas apelou aos civis para que ignorem o aviso israelita;
- O Hamas continua a lançar sucessivas barragens de rockets a partir de Gaza contra o sul de Israel. A cidade de Ashkelon está a ser particularmente visada pelos disparos. Segundo as Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, durante a manhã foram lançados 150 projéteis na direção de território israelita;
- Milhares de manifestantes pró-palestinianos concentram-se no Iraque, na Jordânia e na Indonésia. São também esperados protestos junto à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, depois das orações muçulmanas de sexta-feira;
- O secretário de Estado norte-americano reuniu-se esta sexta-feira com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, na Jordânia. Antes, em Israel, Antony Blinken renovou o compromisso de completo apoio dos Estados Unidos ao Governo israelita, mas disse também ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que a resposta ao Hamas deve ser levada a cabo ao abrigo "das leis da guerra";
- Também o secretário norte-americano da Defesa, Lloyd Austin, esteve reunido com o homólogo israelita, Yoav Gallant. Em conferência de imprensa conjunta, defendeu, uma vez mais, "o direito de Israel a defender-se".
Borrell diz que retirada de civis da Faixa de Gaza em 24 horas é uma tarefa "irrealista"
"Certamente, os civis devem ser avisados sobre as operações militares que se aproximam, mas é totalmente irrealista que um milhão de pessoas possam deslocar-se em 24 horas", disse Borrell numa conferência de imprensa em Pequim.
Presidente palestiniano diz que evacuação de Gaza “equivaleria a uma segunda Nakba”
Abbas “opõe-se totalmente” à saída de palestinianos da Faixa de Gaza, tal como foi ordenado pelo exército israelita, considerando que isso “equivaleria a uma segunda Nakba [que significa “catástrofe” em árabe] para o nosso povo".
Hezbollah diz que irá intervir no conflito “quando a hora chegar”
“Quando chegar a hora de aturarmos, assim o faremos”, disse um dos representantes do Hezbollah, Naim Qassem.
Número de mortos em Israel é já superior a 1.300
Há mais de 3.200 feridos e as famílias de 120 reféns foram contactadas após o ataque do Hamas, acrescentou o exército.
Segundo o governo de Netanyahu, mais de 150 israelitas, estrangeiros e com dupla nacionalidade, foram detidos pelo movimento islâmico palestiniano.
Apelo de Israel para retirar civis de Gaza é "horrendo", diz agência da ONU
“O apelo das Forças Israelitas para deslocar mais de um milhão de civis que vivem no norte de Gaza dentro de 24 horas é horrendo”, disse Philippe Lazzarini, comissário geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) em comunicado.
The call from the Israelis Forces to move more than 1 million civilians living in northern 📍#Gaza within 24 hours is horrendous.
— UNRWA (@UNRWA) October 13, 2023
This will only lead to unprecedented levels of misery and further push people in #Gaza into abyss.@UNRWA STATEMENT⬇️https://t.co/XzgFBmHAGG
Putin diz que morte de civis em resultado de uma operação terrestre israelita em Gaza será “inaceitável”
Vladimir Putin disse que o uso de armamento pesado em áreas residenciais resulta em “sérias consequências para todos os lados".
Exército israelita admite que evacuação de Gaza “vai levar tempo”
"Esta é uma zona de guerra, estamos a tentar dar-lhes tempo e estamos a fazer muito esforço, e entendemos que não levará 24 horas", disse o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) à BBC.
OMS pede a Israel que reverta ordem de evacuação da Faixa de Gaza
“Há pessoas gravemente doentes cujos ferimentos significam que a sua única hipótese de sobrevivência é utilizar aparelhos de suporte vital, como ventiladores mecânicos”, disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.
“Portanto, mover essas pessoas é uma sentença de morte. Pedir aos profissionais de saúde que o façam é mais do que cruel”, sublinhou.
Hospitals in Gaza are at a breaking point.
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) October 13, 2023
Without immediate entry of aid, essential health care services will come to a halt.
I visited Gaza in 2018. Access to care was already difficult. I know firsthand that a mass evacuation to the enclave's south would be disastrous - for… https://t.co/wZ9gCrN05k
Hamas diz que apelo de Israel para evacuação de Gaza é propaganda
Forças blindadas concentradas perto da Faixa de Gaza
Trata-se de mais de duas dezenas de carros de combate que vão atravessando a estrada circular de Hiesdor, pouco depois da intersecção da autoestrada número 3, que liga a região à cidade de Jerusalém.
"Eu não vou sair daqui", disse o jovem israelita Aziz à agência Lusa, enquanto aguardava numa fila a passagem dos tanques que bloqueou a estrada usada pelos civis para se dirigirem sobretudo para norte.
Hoje, sexta-feira, é o dia mais sagrado da semana para a religião muçulmana e várias mesquitas por todo o Israel foram encerradas pelas forças de segurança para evitar os apelos a eventuais protestos de palestinianos.
No sábado, cumpre-se uma semana do início da ofensiva de grande escola do movimento islamita Hamas contra Israel.
O exército israelita avisou hoje que vai operar com uma "força significativa" em Gaza nos próximos dias e deu um prazo de 24 horas para que a população do norte se retirasse para sul.
O Hamas rejeitou o ultimato.
A ONU disse que a ordem do exército israelita implica a deslocação de mais de um milhão de pessoas e advertiu que poderá originar uma "situação catastrófica" em Gaza.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) anunciou, no entanto, que se retirou para o sul da Faixa de Gaza.
Os EUA “devem controlar Israel” se quiserem evitar uma guerra regional, diz MNE iraniano
OMS alerta que sistema de saúde de Gaza está no limite
"Os hospitais só têm algumas horas de eletricidade por dia, pois são obrigados a racionar as reservas energéticas que têm e que estão a esgotar-se", adiantou a OMS.
Segundo a Organização, a dependência dos geradores é total para manter as funções mais críticas.
"No entanto, estas funções vitais também serão interrompidas dentro de alguns dias à medida que as reservas de combustível se esgotarem, o que teria um impacto devastador nos pacientes mais vulneráveis, incluindo os feridos que necessitam de cirurgia, os pacientes em cuidados intensivos e os recém-nascidos em incubadoras", destaca a OMS.
A OMS informou que em todos os hospitais a prioridade são agora os cuidados de emergência para salvar vidas, o que vem perturbar todos os outros serviços, como os cuidados obstétricos, os cuidados para doenças como o cancro e as doenças cardíacas, e o tratamento de infeções comuns.
Os deslocados na Faixa de Gaza pelos ataques do exército israelita ultrapassaram os 423 mil, 25% mais do que no dia anterior, informou o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação da Ajuda Humanitária (OCHA).
Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza à ONU, nas últimas 24 horas foram mortos mais 317 palestinianos, elevando o número total para 1.417 e sem ter em conta as pessoas encontradas sob os escombros dos edifícios bombardeados, nem os milicianos mortos durante a incursão em território israelita no sábado passado.
Os palestinianos feridos totalizam 6.268 após os ataques que hoje entram no sétimo dia.
O movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de rebeldes armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas naquele território palestiniano, numa operação que batizou como "Espadas de Ferro".
Milhares de manifestantes pró-Palestina saem às ruas de Bagdad
"Não à ocupação! Não à América!", gritavam os manifestantes na Praça Tahrir, no coração da capital iraquiana.
Os manifestantes saíram às ruas a pedido do líder xiita Moqtada Sadr “em apoio a Gaza” e contra Israel.
Hamas rejeita ultimato para saída de civis do norte da Faixa de Gaza
A ordem israelita implica a deslocação de cerca de metade dos 2,3 milhões de pessoas que residem na Faixa de Gaza.
"O nosso povo palestiniano rejeita a ameaça dos dirigentes da ocupação [israelita] e os seus apelos para que abandonem as suas casas e fujam para o sul ou para o Egito", disse o Hamas num comunicado citado pela agência francesa AFP.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), que criticou a ordem israelita, anunciou hoje que se retirou para o sul da Faixa de Gaza.
"Por entendermos que há aqui civis que não são nossos inimigos e que não os queremos atingir, estamos a pedir-lhes que se retirem", justificou um porta-voz do exército de Israel, Jonathan Conricus, citado pela agência norte-americana AP.
Israel tem concentrado forças junto à Faixa de Gaza numa indicação de uma possível ofensiva terrestre, depois de ter bombardeado o território controlado pelo grupo islamita Hamas nos últimos dias.
A escalada no conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pela incursão sem precedentes do Hamas em Israel no sábado, matando civis e militares e fazendo mais de uma centena de reféns, levados para a Faixa de Gaza.
Desde então, o conflito provocou mais de 1.300 mortos do lado israelita e mais de 1.500 do lado palestiniano.
Os bombardeamentos israelitas provocaram também mais de 423 mil deslocados na Faixa de Gaza.
Forças israelitas atingem 750 alvos em Gaza durante a noite
A atual ofensiva seguiu-se à incursão sem precedentes em Israel feita pelo grupo islamita no sábado, que provocou mais de 1.300 mortos, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel tem bombardeado a Faixa de Gaza, de que resultaram mais de 1.500 mortos, segundo dados atualizados pelas autoridades de saúde de Gaza.
Israel usou dezenas de caças-bombardeiros nos ataques durante a noite, segundo os militares israelitas, citados pela agência espanhola EFE.
Foram destruídos edifícios onde se encontravam altos responsáveis do Hamas utilizados como centros de comando, centros de comunicações militares, túneis e 12 alvos do grupo islamita em edifícios de vários andares, informou o exército.
Soldados de uma unidade especial mataram três membros do Hamas na cidade de Gaza, especializados em disparar foguetes contra o território israelita, segundo o comunicado militar, que divulgou imagens de uma explosão num edifício isolado.
Os militares informaram ainda que bombardearam a residência de um membro dos comandos Nukhba (elite), especializados em operações navais.
Disseram também ter atingido uma casa que se crê ser a do irmão de Yahya Sinwar, o chefe do Hamas em Gaza.
As informações sobre as operações militares não podem ser verificadas de imediato de forma independente.
Sinwar é o líder do Hamas habitualmente presente na Faixa de Gaza, enquanto o líder máximo, Ismail Haniye, está exilado no Watar há vários anos.
Desde o início da guerra, não se sabe o paradeiro de Sinwar nem de outros altos responsáveis do Hamas na Faixa de Gaza, que não fizeram quaisquer declarações públicas nos últimos dias.
O exército israelita pediu hoje que os civis se retirassem do norte da Faixa de Gaza, incluindo a cidade de Gaza, para o sul do território, o que sugere uma operação terrestre iminente.
A ONU disse que se trata de um movimento de mais de um milhão de pessoas, num pequeno território com 2,3 milhões de habitantes.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, é considerado um grupo terrorista pela União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos e Israel.
Antony Blinken está na Jordânia
O encontro acontece um dia depois de Blinken ter estado em Israel, onde prometeu a Benjamin Netanyahu um “apoio inabalável” dos EUA ao seu país.
Braço armado do Hamas afirma que 13 prisioneiros foram mortos em ataques israelitas em Gaza nas últimas 24 horas
O comunicado afirma que seis dos reféns foram mortos em ataques em dois locais distintos no distrito Norte e outros sete morreram em ataques que atingiram três locais no distrito de Gaza.
Agência da ONU retira-se para o sul da Faixa de Gaza
Israel deu 24 horas aos civis e organizações internacionais para se retirarem do norte da Faixa de Gaza, no que a ONU disse implicar a movimentação de mais de um milhão de pessoas.
A ordem abrange a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês).
"Por entendermos que há aqui civis que não são nossos inimigos e que não os queremos atingir, estamos a pedir-lhes que se retirem", justificou um porta-voz do exército de Israel, Jonathan Conricus, citado pela agência norte-americana AP.
"A UNRWA transferiu o centro de operações e o pessoal internacional para o sul, a fim de continuar as operações humanitárias e o apoio ao seu pessoal e aos refugiados palestinianos em Gaza", escreveu a ONU nas redes sociais, segundo a agência francesa AFP.
A agência da ONU disse que as autoridades israelitas "devem proteger todos os civis que se encontram nos abrigos e nas escolas da UNRWA" na Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 2,3 milhões de pessoas.
A UNRWA lembrou que se trata de instalações que são propriedade das Nações Unidas.
"Devem ser protegidas em todas as circunstâncias e nunca devem ser atacadas, em conformidade com o direito humanitário internacional", acrescentou, segundo a agência espanhola EFE.
O exército israelita avisou hoje que vai operar com uma "força significativa" em Gaza nos próximos dias e apelou para que a população do norte do território se retire para sul para poder atacar o Hamas.
Israel tem concentrado forças junto à Faixa de Gaza numa indicação de uma possível ofensiva terrestre, depois de ter bombardeado o território controlado pelo grupo islamita Hamas nos últimos dias.
A escalada no conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelo Hamas, que fez uma incursão sem precedentes em Israel no sábado, matando civis e militares e fazendo mais de uma centena de reféns, levados para a Faixa de Gaza.
Desde então, o conflito provocou mais de 1.300 mortos do lado israelita e cerca de 1.400 do lado palestiniano.
Os bombardeamentos israelitas provocaram também mais de 423 mil deslocados na Faixa de Gaza.
Solidariedade leva Von der Leyen e Metsola a Israel
Foto: Dumitru Doru - EPA
Exército israelita avisa que vai usar "força significativa" em Gaza
"Por entendermos que há aqui civis que não são nossos inimigos e que não os queremos atingir, estamos a pedir-lhes que se retirem", disse o porta-voz do exército de Israel, Jonathan Conricus, citado pela agência norte-americana AP.
Israel tem concentrado forças junto a Faixa de Gaza numa indicação de uma ofensiva terrestre, depois de ter bombardeado o território controlado pelo grupo islamita Hamas nos últimos dias.
A escalada no conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelo Hamas, que fez uma incursão sem precedentes em Israel no sábado, matando civis e militares e fazendo mais de uma centena de reféns, levados para a Faixa de Gaza.
Desde então, o conflito provocou mais de 1.300 mortos do lado israelita e cerca de 1.400 do lado palestiniano.
Exército israelita insta à evacuação da cidade de Gaza
- O exército israelita exige a retirada de todos os civis do norte de Gaza para sua "segurança e proteção", advertindo que vai continuar a operar de forma significativa naquela zona: "Área onde as operações militares vão ter lugar". Foi dado um prazo de 24 horas para a retirada de mais de um milhão de pessoas. As Nações Unidas avisam que é impossível concluir a operação sem pesadas consequências humanitárias;
- A agência da ONU responsável pelos refugiados palestinianos indicou já esta manhã que está a operar no sul da Faixa de Gaza. Na rede social X, apela para que não sejam bombardeados abrigos ou escolas e lembra que as instalações da ONU não podem ser atacadas, ao abrigo do Direito Internacional humanitário;
- O Hamas convocou para esta sexta-feira um "dia de raiva". De acordo com as autoridades de Israel, o movimento exorta as pessoas, à escala mundial, a saírem à rua e a agredir israelitas e judeus. Telavive alerta para eventuais protestos violentos e pede aos israelistas que se mantenham distantes de manifestações;
- A guerra no Médio Oriente dominou a reunião de ministros da Defesa da NATO, em Bruxelas. O secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, afirmou que os ministros estão em choque com a ofensiva desencadeada no passado sábado pelo movimeno radical palestiniano. No final da reunião, a ministra portuguesa da Defesa, Helena Carreiras, sublinhou que é preciso distinguir o povo palestiniano do Hamas;
- O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, deverá encontrar-se esta sexta-feira com o presidente da Autoridade Palestiniano, Mahmud Abbas. Também o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, é esperado nas próximas horas em Israel;
- O reacender do conflito israelo-palestiniano vai estar, nas próximas horas, sobre a mesa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, numa reunião à porta fechada;
- Há ainda três luso-israelitas dados como desaparecidos. São três homens de 26, 28 e 53 anos e têm origem sefardita com ligações familiares a Portugal. Obtiveram a nacionalidade portuguesa através da Sinagoga do Porto. O Ministério dos Negócios Estrangeiros afirma estar a acompanhar a situação, mas ainda não obteve informação oficial por parte das autoridades de Israel;
- Chegaram a Portugal, na quinta-feira, mais 22 pessoas retiradas de Israel - oito portugueses e 14 cidadãos de outras nacionalidades. O avião militar partiu do Chipre e aterrou no aeródromo de Figo Maduro, em Lisboa. A operação de repatriamento estará, por agora, concluída.
Como um ato colonial do século XX empurra o enclave de Gaza para a guerra
Com a derrota do Império Otomano na I Guerra Mundial, o território passou para as mãos do Reino Unido.
Durante os 38 anos de controlo, o Governo israelita construiu 21 assentamentos judaicos. Esta ocupação na Faixa de Gaza provocou confrontos entre os que lá habitavam e os colonos. Desencadeou-se a primeira intifada, da qual resultou quase quatro anos de derrame de sangue constante.
Em 1994, os palestinianos assumiram o controlo como autoridade governamental de Gaza.
O primeiro-ministro Ariel Sharon em 2003, desmantelou os assentamentos israelitas no enclave.
Em 2005, sob pressão interna e internacional, Israel desistiu do controlo da Faixa de Gaza e retira nove mil colonos e as forças militares israelitas do território.
Os colonatos são considerados ilegais ao abrigo do Direito Internacional - essa é a posição do Conselho de Segurança da ONU e do governo do Reino Unido, entre outros - embora Israel rejeite esta ideia.
Neste clima de raiva, a Irmandade Muçulmana, sediada no Egipto, criou um ramo armado palestiniano, o Hamas, sediado em Gaza.
O Hamas tornou-se num dos dois principais partidos políticos nos territórios palestinianos e defende desde o início a destruição de Israel e a restauração do domínio islâmico no que considerava como a Palestina ocupada.
Quando os acordos de Oslo foram negociados nos anos 90, o partido do Hamas entrou em confronto com os restantes líderes da Palestina, nomeadamente o partido Fatah, que dominava a Palestina desde a década de 1950.
Em 2006 a população de Gaza é convocada para escolher os próximos governantes. O Hamas obteve a maioria nas eleições e já como Governo, desde então, não permitiu que houvesse mais nenhum escrutínio.
A visão política extremista do partido do Hamas desencadeou um bloqueio por parte de Israel e do Egipto ao mesmo tempo que eclodia uma guerra civil Fatah-Hamas, que durou meses, resultando na morte de centenas de palestinianos.
A Fatah era uma das fações mais fortes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e reconhecia o direito de existência de Israel, onde se destaca o papel do lider palestiniano e detentor do Nobel da Paz, Yasser Arafat (1929-2004).
Se por um lado Israel terá alegadamente desistido do controlo da Faixa de Gaza, por outro manteve um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo ao enclave, desde 2007.
Desta asfixia resulta um empobrecimento e dependência dos palestinianos que foi notado pelas Nações Unidas. Em 2009, a ONU adverte Israel e o Egipto por estarem a “devastar os meios de subsistência” e a causar um “subdesenvolvimento” gradual em Gaza.
A ONU estima que o bloqueio já custou à economia do enclave quase 17 mil milhões de dólares ao longo da última uma década.
Entre os dois milhões de pessoas, a ONU aponta que perto de 1,4 milhões de residentes da Faixa de Gaza são refugiados palestinianos.
Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras descreve as condições de vida em Gaza como desoladoras onde 95 por cento da população não tem acesso a água potável - tornando o território mais vulnerável por depender, não só da água, mas também de produtos alimentares e eletricidade de Israel.
De acordo com o Gabinete Central de Estatísticas Palestiniano, Gaza registou uma taxa de desemprego de 46,4 por cento no segundo trimestre de 2023, em comparação com 13,4 por cento na Cisjordânia.
Israel. Enviados da RTP debaixo de chuva de rockets
Crise humanitária em Gaza. Israel mantém bloqueios até libertação de reféns
Guerra Israel-Hamas. EUA prometem apoio militar contínuo
Já a Alemanha avisa que o silêncio da autoridade palestiniana ao não condenar os ataques do Hamas pode significar o cancelamento da ajuda internacional.
Israel assume como objetivo exterminar o Hamas
Foto: Mohammed Saber - EPA
Gaza prepara-se para enfrentar uma invasão que pode acontecer com meios aéreos, terrestres e marítimos.
"Nós, palestinianos, vivemos 56 anos sob terrorismo diariamente". Entrevista ao representante da Palestina em Portugal
“Temos, portanto, um conflito iniciado há 75 anos, estamos sob ocupação há 56 anos, e nada foi feito. Esperam que os palestinianos receberam a liberdade por correio? Têm de lutar pela liberdade e, lamento, há civis que morrem nesse processo”.
Questionado sobre se condena a intervenção do Hamas, o chefe da missão diplomática da Palestina respondeu que condena “todas as mortes”. “Veja Gaza hoje: famílias eliminadas, corpos em sacos de plástico, as pessoas não podem enterrá-los, crianças não têm medicamentos. Cortaram a água e a eletricidade”, frisou.
Quanto às reações ocidentais ao conflito, Nabil Abuznaid condenou o facto de “os israelitas que agora destroem Gaza terem um porta-aviões vindo dos Estados Unidos para os proteger”. E deixou uma pergunta ao secretário de Estado norte-americano: “quando fala da segurança de Israel, deve declarar onde deverá existir segurança; será nos territórios ocupados?”.“Porque é que este conflito não pode terminar? Todos os conflitos no mundo terminaram pela ação humana, porque os conflitos são causados por seres humanos”, frisou Abuznaid.
Para o diplomata, “a questão palestiniana é uma questão interna nos Estados Unidos: para vencer eleições, para ganhar o apoio do lobby judaico”. Além disso, acredita que “a América é o único interveniente que pode trazer paz ao Médio Oriente”.
“Foi de facto revoltante, mas confirmou-se que afinal não era verdade. Nem os israelitas confirmaram estas notícias falsas”, recordou, referindo-se ao facto de uma fonte do Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros ter dito à AFP na quarta-feira que não podia confirmar tais factos.
Abuznaid disse estar, no entanto, grato ao Governo português “pela sua posição de apoio aos palestinianos todos estes anos”.
O representante da Palestina em Portugal acredita que os próximos tempos serão “dolorosos para todos”, sendo que a única solução “é parar esta guerra”.
“As guerras não têm vencedores. Penso que as guerras vão trazer mais destruição, mas encontram-se sempre pretextos para as guerras e os seus heróis. O melhor é ter heróis da paz”, defendeu.
Por último, deixou uma garantia: “Os palestinianos não vão substituir Israel. Nós aceitamos viver lado a lado com Israel, numa pequena porção da Palestina, apenas 22 por cento da Palestina histórica. Que melhor oferta precisam os israelitas que lhes façamos?”, questionou.