Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
EPA
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, saudou hoje a libertação de dezenas de reféns detidos pelo Hamas, mas defendeu que os restantes sejam colocados em liberdade de forma "imediata e incondicional".
"Dezenas de reféns detidos pelo Hamas e outros foram libertados. Este é um começo bem-vindo. Mas, como venho dizendo desde o primeiro dia, todos os reféns devem ser libertados imediata e incondicionalmente", instou Guterres numa publicação na plataforma X (antigo Twitter).
Até que essa libertação se concretize, o líder das Nações Unidas pediu que os reféns sejam "tratados humanamente" e que possam ser visitados por funcionários do Comité Internacional da Cruz Vermelha, organização que garante proteção humanitária e assistência às vítimas de guerra e outras situações de violência.
O Exército israelita anunciou na noite de hoje a libertação de mais 14 reféns - 10 israelitas e quatro tailandeses - pelo Hamas, no âmbito do acordo entre as duas partes que hoje entrou no sexto dia e expira na quinta-feira.
De acordo com as forças israelitas (IDF, na sigla em inglês), esta informação foi transmitida pela Cruz Vermelha e os reféns estão a caminho da passagem de Rafah, seguindo da Faixa de Gaza para o Egito.
Horas antes, o Exército israelita tinha divulgado a libertação pelo Hamas de 12 reféns, referindo que dois já tinham sido transferidos para o Egito.
Além de permitir a libertação de dezenas de pessoas, quer reféns, quer prisioneiros palestinianos, o acordo entre Israel e o Hamas inclui uma trégua que tem sido utilizada para fazer entrar ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Numa reunião no Conselho de Segurança da ONU na manhã de hoje, Guterres já havia dito que o povo do Território Palestiniano Ocupado e de Israel finalmente viu um "vislumbre de esperança e de humanidade no meio de tanta escuridão", numa referência direta às tréguas em vigor, acrescentando que foi "profundamente comovente ver os civis finalmente a terem uma trégua dos bombardeamentos, as famílias reunidas e o aumento da ajuda vital".
Contudo, Guterres lamentou que o nível de ajuda aos palestinianos em Gaza continue "completamente inadequado" face às enormes necessidades que mais de dois milhões de pessoas enfrentam no enclave, denunciando a "catástrofe humanitária épica" em curso em Gaza.
Além disso, o líder da ONU denunciou, perante o Conselho de Segurança, que o número de crianças mortas pelas forças israelitas em Gaza excede o de qualquer outro conflito ou guerra registado durante o período de um ano desde que chegou a secretário-geral das Nações Unidas, em janeiro de 2017.
Num outro discurso ao Conselho, em 07 de novembro, Guterres já havia descrito Gaza como "um cemitério de crianças", levando à ira do Governo israelita, que vem pedindo o seu afastamento do cargo.
Hoje, António Guterres recordou mais uma vez que as crianças e as mulheres representam mais de dois terços das 14.000 mortes em Gaza, citando dados do Ministério da Saúde de Gaza.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês defendeu hoje que a "única solução possível" para o conflito israelo-palestiniano é a solução de dois Estados, e que o reconhecimento do Estado da Palestina deve resultar de um processo de negociação.
Esta posição foi manifestada hoje pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Anne-Claire Legendre, quando questionada sobre o possível reconhecimento unilateral espanhol da Palestina.
O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, admitiu na semana passada que a Espanha pode reconhecer de forma unilateral a Palestina caso os restantes parceiros europeus não se decidam por um reconhecimento coordenado.
A porta-voz sublinhou a vontade francesa de "contribuir para uma perspetiva política" que inclua uma solução de dois Estados.
O Ministério recordou que a França tem defendido historicamente a existência de dois Estados porque a aspiração de Israel a viver em paz e segurança é legítima, tanto como a dos palestinianos a ter um Estado independente.
"O que nos interessa agora é relançar uma lógica de negociação e, evidentemente, um reconhecimento da Palestina só poderia acontecer neste contexto", acrescentou.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês referiu-se à mobilização do seu país nesta crise com uma estratégia baseada nos pilares de domínio humanitário, de segurança e político.
No domínio humanitário, o objetivo é prolongar o acordo de trégua para permitir a libertação de todos os reféns e facilitar a entrada de ajuda para a população palestiniana em Gaza, na esperança de que isso possa conduzir a um cessar-fogo.
No domínio da segurança, a UE está a trabalhar no sentido de combater o financiamento e a propaganda de grupos terroristas, incluindo o reforço de sanções contra o Hamas e os seus dirigentes.
A França apelou também a Israel para que ponha fim aos atos violentos dos colonos contra a população palestiniana na Cisjordânia.
O país condenou a nova atribuição de 100 milhões de euros pelo governo israelita para prosseguir com a construção de colónias na Cisjordânia, uma vez que "a colonização compromete a solução de dois Estados".
Os enviados especiais Paulo Jerónimo e José Pinto Dias estão em reportagem a partir de Telavive.
In accordance with the terms of the 6th day of the humanitarian pause agreement, 30 Palestinians, will be released today in exchange for the release of 10 hostages in Gaza. In addition, to 2 Russian citizens & 4 Thai citizens outside the framework of the agreement were handed…
— ?. ???? ???? ???????? Dr. Majed Al Ansari (@majedalansari) November 29, 2023
Foto: José Pinto Dias - RTP
Idan estava no festival de música no sul de Israel quando foi raptado pelo Hamas a 7 de outubro. O irmão conseguiu escapar e falou com os enviados especiais da RTP.
Foto: Justin Lane - EPA
António Guterres disse que a catástrofe humanitária é épica e sem precedentes.
A Cruz Vermelha jé recebeu os 10 reféns libertados pelo Hamas. Em troca Israel libertou 30 presos palestinianos. A hipótese de um novo prolongamento do cessar-fogo continua em cima da mesa, mas Israel rejeitou que a trégua se torne definitiva.
Centenas de pessoas formaram hoje no centro de Lisboa um amplo quadrado numa manifestação de solidariedade com a Palestina que incluiu representação, música, discursos e palavras de ordem, na presença dos dirigentes do PCP e do BE.
No Martim Moniz, como já sucedeu noutros pontos do país, cumpriu-se mais uma jornada da Semana de Solidariedade com o Povo Palestiniano, sob o lema "Paz no Médio Oriente. Palestina independente".
Já com a noite instalada, chuva pouco intensa, camioneta-palco, luzes e altifalantes, um vídeo, dezenas de pessoas aceitaram o desafio e deitaram-se ou sentaram-se num amplo espaço coberto com plástico, muitas com lençóis brancos salpicados de vermelho, numa alusão às "vítimas do genocídio" na Faixa de Gaza.
No grande quadrado em redor, quem ficou de pé exibia faixas, bandeiras palestinianas, cartazes. "Fim à agressão. Paz no Médio Oriente": "Reconhecer os direitos nacionais da Palestina", com a marca da Juventude Comunista Portuguesa, a juventude do Partido Comunista Português (PCP); "Palestina vencerá", ou uma frase mais arrojada "Não ao nazi-sionismo, 75 anos de genocídio. Palestina Livre".
Na concentração, pessoas de todas as idades, mas com predominância acima dos 50 anos, muitos e muitas com lenços palestinianos, que acorreram à convocatória das organizações promotoras: CGTP- Intersindical Nacional, Comité Português para a Paz e Cooperação (CPPC), Movimento pelos direitos do povo palestiniano e pela paz no Médio Oriente (MPPM) e Projeto Ruído -- Associação juvenil.
Ao som de música palestiniana, ecoa a primeira palavra de ordem "Palestina vencerá!", pouco antes da chegada de Mariana Mortágua e Paulo Raimundo, líderes do Bloco de Esquerda e do PCP, que decidiram juntar-se ao acontecimento.
Uma palestiniana com um vestido tradicional de noiva discursa em inglês e dessa forma homenageia uma amiga que diz ter sido morta no dia do casamento pelos bombardeamentos israelitas em Gaza, iniciados um dia após o ataque surpresa do movimento islamita Hamas em 07 de outubro e que se prolongaram até 24 de novembro. Tudo antes do início da mobilizadora "ação artística", como foi depois anunciado.
Reuters
À medida que surgem apelos para o prolongamento de tréguas na Faixa de Gaza, são conhecidos os relatos de alguns reféns libertados pelo Hamas.
O Exército israelita informou hoje ao início da noite que o Hamas começou a libertar mais 12 reféns na Faixa de Gaza, no âmbito do acordo entre as duas partes que hoje entrou no sexto dia e expira na quinta-feira.
O Exército indicou, segundo a agência Associated Press, que os dois primeiros reféns foram transferidos para o Egito na noite de hoje e que os outros dez seriam libertados em breve.
Em troca, Israel deverá libertar 30 prisioneiros palestinianos, 15 mulheres e 15 crianças.
O Hamas anunciou hoje à tarde a libertação de duas mulheres reféns russas, mas fora do quadro do acordo de trégua negociado com mediação do Qatar, dos Estados Unidos e do Egito.
Com o objetivo de prolongar a trégua, os países mediadores estão a redobrar os seus esforços e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, terá conversações na quinta-feira em Israel e na Cisjordânia.
"Gostaríamos que esta pausa fosse prolongada", disse Blinken antes da sua partida, em Bruxelas. Esta extensão "significa mais reféns a voltar para casa e mais ajuda" para a Faixa de Gaza.
Após uma extensão inicial da trégua até quinta-feira às 07:00 locais (05:00 em Lisboa), uma fonte próxima do Hamas adiantou à agência France-Presse que o grupo concordou em estendê-la por mais quatro dias e libertar novos reféns israelitas, "sob o atual acordo e nas mesmas condições", mas nenhum entendimento foi ainda confirmado.
Até agora, no âmbito do acordo, o Hamas libertou 81 reféns -- 61 israelitas e 20 estrangeiros -- enquanto Israel entregou 180 palestinianos, todos mulheres e crianças.
A guerra começou em 07 de outubro, quando o grupo islamita Hamas, considerado terrorista por União Europeia e Estados Unidos, atacou de surpresa Israel, matando mais de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas, fazendo também mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou guerra ao Hamas e passou a bombardear diariamente a Faixa de Gaza, onde desencadeou entretanto uma invasão terrestre, além de bloquear a entrada de bens essenciais como água, combustível e medicamentos.
Até ao início da trégua, os ataques do exército israelita na Faixa de Gaza tinham matado mais de 14 mil pessoas, segundo o Hamas.
Recep Tayyip Erdogan defende que "os crimes de Israel" devem ser julgados à luz da lei internacional.
O professor José Filipe Pinto, investigador do CICPRIS, lembra dois promenores acerca dos estrangeiros a viver na Faixa de Gaza: o Hamas vai libertar todos os russos em particular favor a Vladimir Putin e a China dispensou os arranjos da comunidade internacional para retirar todos os seus cidadãos que viviam no território palestiniano cercado por Israel.
Israel opôs-se hoje a um cessar-fogo permanente em Gaza, argumentando que servirá apenas para sustentar o "reinado de terror do Hamas", nas palavras do seu embaixador nas Nações Unidas (ONU), Gilad Erdan.
Numa nova sessão do Conselho de Segurança dedicada à guerra de Gaza, e na presença de vários ministros dos Negócios Estrangeiros árabes, além do chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi - todos eles a favor de um cessar-fogo permanente -, Erdan argumentou que "pedir um cessar-fogo e a paz é um paradoxo".
"Quem apoia um cessar-fogo está basicamente a apoiar a continuação do reinado de terror do Hamas em Gaza", avaliou o diplomata.
Num momento em que está em negociação precisamente a extensão da trégua com o Hamas, primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, alertou hoje que Israel regressará à guerra quando terminar a atual fase de libertação de reféns na Faixa de Gaza, uma vez que "não há forma" de parar a sua ofensiva militar no enclave.
Apesar das suas palavras sobre o cessar-fogo, o embaixador Erdan afirmou que "os valores de Israel para preservar a vida (humana) podem ser vistos no terreno neste momento em Gaza".
"Israel demonstrou uma clara vontade de trabalhar com qualquer organização internacional para melhorar a situação", defendeu.
No entanto, lamentou que a ONU tivesse preferido "cooptar aqueles que não têm interesse real numa solução" e acusou novamente a organização de "transformar cada uma das suas agências numa arma contra Israel".
Momentos antes, o secretário-geral da ONU, António Guterres, havia denunciado uma "catástrofe humanitária épica" em curso em Gaza e salientou que o nível de ajuda que entra no enclave continua "completamente inadequado".
O líder da ONU observou ainda que estão a decorrer negociações intensas para prolongar as tréguas em Gaza, movimento que "saudou vivamente", mas reiterou os apelos por um "verdadeiro cessar-fogo humanitário".
Israel admite que vai analisar todas as propostas que façam com que mais reféns sejam libertados. O porta-voz do governo israelita disse esta manhã em conferência de imprensa que há ainda 161 reféns que não foram libertados.
EPA
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, diz que a Faixa de Gaza está no meio de uma catástrofe humanitária épica, e diz que o mundo: "Não pode desviar o olhar".
Entre imagens das casas bombardeadas e das ruas devastadas de Gaza, há algumas que se destacam pelo horror: bebés abandonados e ensanguentados.
Vistas milhões de vezes `on-line` desde o início da guerra, estas imagens são `deepfake`, criadas com recurso à Inteligência Artificial (IA). Olhando com atenção, é possível ver pistas: dedos que se mexem de forma estranha ou olhos que brilham com uma luz não natural -- tudo sinais reveladores de fraude digital.
Contudo, a indignação que estas imagens pretendem criar é muito real.
As imagens da guerra entre Israel e o Hamas ilustraram de forma viva e dolorosa o potencial da IA como ferramenta de propaganda, usada para criar imagens de uma carnificina. Desde o início da guerra, as imagens alteradas digitalmente e divulgadas nas redes sociais têm sido utilizadas para enganar as pessoas sobre atrocidades que nunca aconteceram ou lançar falsas alegações sobre a responsabilidade das mortes.
Apesar de a maior parte dessas falsas alegações que circulam na Internet sobre a guerra não necessitarem de IA para serem criadas e terem origem em fontes mais convencionais, os avanços tecnológicos estão a surgir com uma frequência cada vez maior e com pouco controlo. Isso fez com que o potencial da IA se tornasse uma nova arma, dando uma ideia do que está para vir em futuros conflitos, eleições e outros grandes acontecimentos.
"Isto vai piorar -- e piorar muito -- antes de melhorar", disse Jean-Claude Goldenstein, diretor executivo da CREOpoint, empresa tecnológica com sede em São Francisco e Paris que utiliza a IA para avaliar a validade de algumas reivindicações `online´. A empresa criou uma base de dados das `deepfakes` mais virais sobre Gaza. "Imagens, vídeo e áudio: com a IA generativa, vai ser uma escalada nunca vista".
Em alguns casos, fotografias de outros conflitos e catástrofes foram reaproveitadas e divulgadas como se fossem novas. Noutros, foram utilizados programas de IA generativa para criar imagens de raiz, como a de um bebé a chorar no meio de destroços de um bombardeamento que se tornou viral nos primeiros dias do conflito.
Outros exemplos de imagens geradas por IA incluem vídeos que mostram supostos ataques de mísseis israelitas ou tanques a passar por bairros em ruínas, ou ainda famílias a vasculhar os escombros em busca de sobreviventes.
Em muitos casos, as falsificações parecem ter sido concebidas para evocar uma forte reação emocional ao incluir os corpos de bebés, crianças ou famílias. Nos primeiros sangrentos dias da guerra, os apoiantes de Israel e do Hamas alegaram que o outro lado tinha matado crianças e bebés. Imagens `deepfake` de bebés a chorar foram apresentadas como "prova" fotográfica.
Os propagandistas que criam estas imagens são hábeis em apelar aos impulsos e ansiedades mais profundas das pessoas, disse Imran Ahmed, diretor executivo do Center for Countering Digital Hate, uma organização sem fins lucrativos que tem acompanhado a desinformação sobre a guerra. Quer se trate da imagem de um bebé `deepfake` ou de uma imagem real de uma criança de outro conflito, o impacto emocional para quem vê é o mesmo.
Quanto mais horrível for a imagem, maior é a possibilidade de uma pessoa se lembrar dela, partilhá-la, espalhando involuntariamente desinformação.
"Estão a dizer, olhem para esta fotografia de um bebé. A desinformação é concebida para nos fazer participar nela", disse Ahmed.
Conteúdos enganadores gerados por IA começaram a espalhar-se depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022. Um vídeo adulterado parecia mostrar o presidente, Volodymyr Zelensky, a pedir aos ucranianos que se rendessem. Estas afirmações voltaram a circular há uma semana, o que mostra como a desinformação pode ser persistente, mesmo quando é facilmente desmontada.
Cada novo conflito, ou época de eleições, oferece novas oportunidades para quem espalha a desinformação mostrar os últimos avanços da IA. Especialistas em IA e cientistas políticos alertam para os riscos em eleições no próximo ano, incluindo nos Estados Unidos, Índia, Paquistão, Ucrânia, Taiwan, Indonésia e México.
O risco de a IA e as redes sociais poderem ser usadas para espalhar mentiras aos eleitores americanos alarmou democratas e republicanos em Washington. Numa audiência recente sobre os perigos da tecnologia `deepfake`, o deputado Jerry Connolly, democrata da Virginia, afirmou que os Estados Unidos devem investir no financiamento do desenvolvimento de ferramentas de IA concebidas para contrariar a Inteligência Artificial.
Em todo o mundo, várias empresas tecnológicas estão a trabalhar em novos programas que podem detetar falsificações profundas, colocar marcas de água para provar a sua origem ou digitalizar um texto para verificar quaisquer informações enganadoras ou erradas que possam ter sido inseridas pela IA.
"A próxima vaga de IA será: como é que podemos verificar o conteúdo que existe. Como se pode detetar a desinformação? Como se pode analisar um texto para determinar se é fidedigno?", afirmou Maria Amelie, cofundadora da Factiverse, uma empresa norueguesa que criou um programa de IA que pode analisar o conteúdo em busca de imprecisões ou distorções introduzidos por outros programas de IA.
Esses programas seriam de interesse imediato para educadores, jornalistas, analistas financeiros e outros interessados em detetar falsidades, plágios e fraudes. Estão a ser concebidos programas semelhantes para detetar fotografias e vídeos adulterados.
Embora esta tecnologia seja promissora, quem utiliza a IA para mentir está muitas vezes um passo à frente, de acordo com David Doermann, um cientista informático que liderou um esforço na agência norte-americana de projetos de investigação avançada na Defesa para responder às ameaças à segurança nacional colocadas pelas imagens manipuladas por Inteligência Artificial.
Doermann, que agora é professor na Universidade de Buffalo, disse que para responder eficazmente aos desafios políticos e sociais colocadas pela desinformação da IA serão necessárias melhores tecnologias e melhores regulamentações, normas da indústria e investimentos em programas de literacia mediática para ajudar os utilizadores da Internet a descobrir formas de distinguir a verdade da ilusão.
"Sempre que lançamos uma ferramenta que deteta isto, os nossos adversários podem utilizar a IA para encobrir essas provas", disse Doermann. "A deteção e a tentativa de eliminar estas coisas já não são a solução. Precisamos de uma solução muito maior", acrescentou.
Há expectativa relativamente às negociações em curso, até porque a extensão de 48 horas da pausa humanitária em Gaza termina esta quarta-feira.
במבצע משותף של צה"ל, שב״כ ומג"ב במחנה הפליטים ג׳נין חוסלו על ידי לוחמי הימ״מ שני מחבלים בכירים, בהם מפקד המחנה מוחמד זביידי שביצע פיגועי ירי בגזרה והיה מעורב בשילוח מחבלים לפיגועים.
— צבא ההגנה לישראל (@idfonline) November 29, 2023
לכל הפרטים: https://t.co/F6J5Y6lccX pic.twitter.com/rAZzo4BORo
🚨Israeli occupation forces prevent PRCS paramedics 🚑from reaching a besieged neighbourhood in Jenin Refugee Camp, despite the presence of injured persons who need help and whose life is threatened.#Jenin #NotATarget#IHL pic.twitter.com/ATCVDmBKHD
— PRCS (@PalestineRCS) November 29, 2023
Os enviados especiais da RTP ao Médio Oriente, Paulo Jerónimo e José Pinto Dias, estão a seguir os desenvolvimentos do processo negocial que poderá desembocar em novo alargamento do cessar-fogo em Gaza.
As tréguas temporárias entre Hamas e Israel que permitiram a libertação de reféns criaram a expectativa de uma solução mais duradoura para o conflito em Gaza, mas estão por criar condições para tal, alertam analistas.
"O complexo acordo de libertação de reféns é bem-vindo, mas deixa muitas questões por responder", sublinha Bar-Yaacov, analista israelita e bolseira associada do Programa de Segurança da Chatham House, a propósito do entendimento alcançado pela mediação internacional e que expira na próxima madrugada, podendo ainda ser prolongado por alguns dias caso Israel e Hamas concordem.
"Para garantir que o acordo estabelece um marco importante no desanuviamento do conflito, ajudando a abrir caminho à estabilidade, à segurança e, em última análise, à paz, os mediadores [Qatar, Egito e EUA] têm de continuar a trabalhar para atingir objetivos fundamentais para garantir que todos os reféns são libertados e que existem planos para a população deslocada de Gaza, bem como para a reconstrução das instituições e infraestruturas governamentais de Gaza", adiantou a analista num novo artigo.
Nesse sentido, prossegue, serão necessários "acordos claros" entre a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) e todos os principais atores internacionais, para que, no dia em que a guerra terminar, se assegure uma transição suave para uma situação que proporcione estabilidade e segurança à Palestina e a Israel, tendo como meta a paz.
E a "única forma de avançar" é "oferecer garantias de segurança" tanto para a Palestina como para Israel, a par da implementação da Iniciativa Árabe de Paz, um plano saudita de 2002 que foi mais tarde adotado pela Liga Árabe e que apela à criação de um Estado palestiniano soberano a par de um Estado israelita soberano baseado nas fronteiras de 1967, em troca de acordos de paz entre Israel e todos os países árabes.
Os ataques israelitas em Gaza prosseguiram incessantemente desde 07 de outubro, em resposta ao ataque do Hamas contra Israel, e a trégua em vigor desde a última sexta-feira, que permitiu a troca de reféns e prisioneiros, trouxe a primeira interrupção ao conflito.
"Um cessar-fogo prolongado poderia facilitar o regresso de mais reféns israelitas e reduzir o risco de agravar a catástrofe humanitária entre os civis de Gaza. Poderia também ajudar a acalmar as tensões na Cisjordânia e reduzir o risco de uma escalada da guerra, atraindo atores externos, como o grupo militante libanês Hezbollah e o seu patrono, o Irão", escrevem Matthew Duss e Nancy Okail, do Centro de Política Internacional para os Negócios Estrangeiros.
Numa análise publicada no diário Haaretz, o jornalista israelita Anshel Pfeffer defendeu que o Governo de Telavive terá de lidar com três grandes dilemas nos próximos dias: quando acabar com as tréguas, quando e como atacar o sul de Gaza e quando começar a permitir e a apoiar a ajuda a entrar em Gaza através do território israelita.
Do lado palestiniano, a questão põe-se de outra forma, pois a Faixa de Gaza e a Cisjordânia são governadas por fações rivais palestinianas, com o enclave dominado pelo Hamas e no outro território ocupado a Fatah, maioritária na ANP.
"Quando a guerra terminar, os líderes palestinianos devem estar prontos para negociar uma solução política e representar o seu povo tanto em Gaza como na Cisjordânia", defendeu Neil Quilliam, membro associado do Programa para o Médio Oriente e Norte de África do International Crisis Group (ICG), lembrando que há anos que os dirigentes israelitas afirmam que não têm um parceiro palestiniano com quem possam negociar a paz.
"Os sucessivos governos de Benjamin Netanyahu têm efetivamente apoiado o Hamas, minando a Autoridade Palestiniana, mais moderada. O resultado é que o próprio Israel não tem sido um parceiro para a paz nas últimas duas décadas, e a sua narrativa venceu e persuadiu os decisores políticos ocidentais de que o problema é a liderança palestiniana ineficaz", sustenta Quilliam.
Para o analista do ICG, é "fundamental" que, quando a guerra entre o Hamas e Israel cessar, os líderes palestinianos não só estejam dispostos a negociar uma solução política -- "e tem de haver uma solução política" -- como também representem os palestinianos tanto na Cisjordânia como em Gaza.
"Isto não é tarefa fácil, dada a escassez de líderes nacionais populares e os elevados níveis de desilusão e desconfiança dos palestinianos em relação à ANP, à Fatah e ao Hamas. Além disso, os atuais dirigentes palestinianos ou estão distantes da sua população, tanto metafórica como fisicamente (têm a sede em Doha) - ou estão na clandestinidade", relembra.
Mas, para enveredar pelo caminho da paz, refere Bar-Yaacov, é necessário elaborar planos para a reconstrução de Gaza e dar respostas à população palestiniana deslocada, em paralelo com as negociações sobre os reféns.
"E, para isso, é vital o empenho contínuo do Qatar, Egito e EUA. Depois, quando a guerra terminar, a ANP precisará de todo o apoio possível para governar na Cisjordânia e em Gaza. Não é do interesse de ninguém que Israel permaneça em Gaza durante uma fase de transição. As preocupações de segurança de Israel terão de ser abordadas pelos mediadores no processo", afirma a analista da Chatham House.
Foto: Mohammed Salem - Reuters
O Catar acredita que o cessar-fogo entre Israel e Hamas poderá voltar a ser prolongado. No quinto dia de tréguas, o Hamas libertou mais 12 reféns - dez israelitas e dois estrangeiros. Israel libertou 30 prisioneiros palestinianos.
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros revelou que este grupo de reféns portugueses não cumpre contudo os critérios que os torna prioritários para a libertação imediata.