Nem Teerão nem Telavive reagiram de imediato à revelação de Trump.
O primeiro-ministro do Qatar, o xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, garantiu contudo pouco depois a concordância de Teerão com a proposta dos EUA de cessar-fogo no conflito, após uma chamada telefónica com as autoridades iranianas.
A chamada ocorreu depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter informado o emir do Qatar que Israel tinha concordado com o cessar-fogo e ter pedido a ajuda de Doha para persuadir Teerão a também concordar com o acordo de cessar-fogo, disse a mesma fonte.
O anúncio de Trump foi publicado nas redes sociais.
O início do cessar-fogo está previsto para as 4h00 GMT (05h00, hora portuguesa) de terça-feira e deverá conduzir ao "fim oficial" da guerra.
"PARABÉNS A TODOS! Foi plenamente acordado entre Israel e o Irão que haverá um CESSAR-FOGO completo e total (daqui a aproximadamente 6 horas, quando Israel e o Irão tiverem acalmado e concluído as suas missões finais em curso!), durante 12 horas, altura em que a guerra será considerada TERMINADA!", referiu na sua rede Truth Social.
Oficialmente, adiantou ainda, o Irão "iniciará o CESSAR-FOGO e, à 12ª hora, Israel iniciará o CESSAR-FOGO"; à "24ª hora, o FIM Oficial da GUERRA DE 12 DIAS será saudado pelo mundo".
"Partindo do princípio que tudo funcionará como deve ser, o que funcionará, gostaria de felicitar ambos os países, Israel e Irão, por terem a Resistência, a Coragem e a Inteligência para pôr fim ao que deveria ser chamado `A GUERRA DE 12 DIAS`", antecipou o presidente norte-americano. Os mercados reagiram de imediato de forma positiva às revelações quanto ao acordo feitas pelo presidente dos Estados Unidos.
O anúncio de Donald Trump surgiu poucos momentos depois de se registarem diversas explosões em Teerão, a capital iraniana, após Israel ter lançado um apelo para a população abandonar uma área no centro da cidade.
Também o Irão emitiu um alerta de evacuação da população israelita em Ramat Gan, perto de Telavive. Um eventual ataque iraniano não chegou a concretizar-se no imediato.
Esta segunda-feira tinha já ficado marcada pela retaliação iraniana ao bombardeamento pelos Estados Unidos de três centrais nucleares. Teerão lançou seis mísseis contra a maior base militar norte-americana no Médio Oriente, situada no Qatar.
O regime iraniano avisou contudo os Estados Unidos e o Qatar da sua resposta, permitindo o encerramento do espaço aéreo catari e a evacuação da base. A defesa aérea do Qatar terá abatido todos os mísseis iranianos.
O presidente norte-americano agradeceu o aviso de Teerão, o qual permitiu "que nenhuma vida fosse perdida".
Trump considerou contudo "fraca" a retaliação iraniana, mas esta, simbólica, permitiu a Teerão salvar a face sem escalar tensões e poderá ter contribuído para o desanuviamento diplomático agora anunciado pelo presidente norte-americano.
Irão "incapaz" de construir arma nuclear
O anúncio de Trump coincidiu com palavras do seu vice-presidente, JD
Vance, que afirmou que o Irão já não era capaz de construir uma arma
nuclear depois de os ataques americanos terem destruído as suas
infraestruturas.
"O Irão esteve muito perto de ter uma arma nuclear", disse Vance em
entrevista ao programa "Special Report with Bret Baier", da Fox News.
"Agora, o Irão é incapaz de construir uma arma nuclear com o equipamento que possui, porque nós destruímo-lo", disse Vance.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão afirmou entretanto que o país está "pronto para voltar a responder" com força a qualquer novo ataque dos Estados Unidos, após ter atacado a base norte-americana no Qatar. "Os ataques com mísseis do Irão contra a base [norte-americana] de Al-Udeid foram uma resposta à agressão flagrante dos Estados Unidos" contra o território iraniano, declarou Abbas Araghchi.
"Em caso de novas ações dos Estados Unidos, [o Irão] está pronto para voltar a responder", disse Araghchi, em nota divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Foram declarações feitas antes do presidente norte-americano, ter anunciado o acordo para um "cessar-fogo completo e total".