Há 10 anos Acordo de Paris foi assinalado com palmas, abraços e lágrimas

O Acordo de Paris, adotado há 10 anos, foi assinalado com palmas, abraços e até lágrimas, mas foram os elogios em todo o mundo que mais o marcaram.

Lusa /

Faz na sexta-feira 10 anos que após ser anunciada a adoção do Acordo, o Presidente francês, François Hollande, e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, se abraçaram e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, chorou de emoção.

Os 195 países presentes na 21.ª conferência da ONU sobre o clima, a COP21, em Paris, tinham acabado de se comprometer com o primeiro acordo universal e vinculativo de luta contra as alterações climáticas e aquecimento global.

"O Acordo de Paris para o clima foi adotado", anunciou então o presidente da COP21 e ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, suscitando um longo e unânime aplauso das delegações presentes.

O Acordo contém medidas para conseguir limitar a subida da temperatura a dois graus no final do século, e de preferência que não vá além de 1,5ºC em relação à época pré-industrial, para evitar impactos catastróficos do aquecimento global, provocado pelas emissões de gases com efeito de estufa.

A 12 de dezembro, mal foi anunciada a adoção do Acordo de Paris, as reações foram imediatas, uma delas a do então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que considerou o feito "enorme", um "acordo forte" capaz de representar "uma viragem" na luta contra as alterações climáticas.

Um "enorme passo para assegurar o futuro do planeta", acrescentou o então primeiro-ministro britânico David Cameron.

As instituições europeias também comemoraram a assinatura do Acordo, considerado um marco "histórico" que dá "esperança e futuro", segundo a Comissão e o Parlamento.

E o secretário-geral da ONU na altura, Ban Ki-moon, haveria de classificar o Acordo como uma "decisão histórica", uma "apólice de seguro para o planeta", que "pode beneficiar toda a humanidade nas futuras gerações".

O enviado especial para as Alterações Climáticas da China, Xie Zhenhua, afirmou, felicitando os países, que o acordo de luta contra o aquecimento global era "justo, ambicioso e equitativo".

"Acabámos de escolher o caminho certo para o bem das gerações futuras", concluiu o representante do país que já era então o maior emissor de gases com efeito de estufa.

Os aplausos dos responsáveis políticos foram secundados pelos das organizações ambientalistas, que consideraram o Acordo uma oportunidade histórica que tornava irreversível a transição de uma economia com menos carbono. Mas salientaram que o trabalho estava longe de ter terminado, que era preciso pressionar os governos para cumprirem os compromissos e elevar a ambição.

A organização ambientalista Greenpeace dizia que fixar o aquecimento em 1,5ºC até 2100 era uma ferramenta para uma transição para uma economia com menos carbono e abandono dos combustíveis fósseis (uma década depois a última conferência da ONU não se falou ainda do abandono dos combustíveis fósseis), e a WWF considerava o acordo uma boa base, mas eram necessárias "mais medidas imediatas".

Climatólogos ouvidos na altura saudaram também o acordo, mas alertaram para a ausência de um roteiro na redução de gases com efeito de estufa.

E entre louvores e avisos ficaram ainda frases que marcaram a 21.ª conferência da ONU.

"Se salvarmos Tuvalu, salvaremos o mundo!", disse Enele Sosene Sopoaga, primeiro-ministro de Tuvalu, na mesma altura que Ban Ki-moon alertava: "A catástrofe ambiental paira sobre nós".

O então príncipe Carlos, hoje o rei Carlos III do Reino Unido, deixou também um alerta: "Modificando o clima, tornamo-nos arquitetos da nossa própria destruição". E um representante das ilhas Barbados disse quase o mesmo por outras palavras: "Se esta situação continua como está, serão os arqueólogos a debruçar-se sobre as questões do clima em vez dos cientistas...".

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