Dois altos responsáveis do grupo palestiniano confirmaram à Agência France Presse que foi decidido parar as negociações pelo cessar-fogo em Gaza, que estavam a decorrer, denunciando a "falta de seriedade" e os "massacres" israelitas "contra civis desarmados".
A decisão segue-se ao bombardeamento de um campo de deslocados de al-Mawasi, em Khan Younis no sul da Faixa de Gaza, o qual, de acordo com o Hamas, causou 92 mortos. Outro ataque israelita fez por sua vez 20 mortos no campo de al-Chati, na Cidade de Gaza.
Israel disse que o ataque a Khan Younis visava dois altos dirigentes do grupo palestiniano, Mohammed Deif e Rafa Salama, respetivamente chefe do braço armado do grupo e comandante do Hamas em Khan Younis, considerados como "dois cérebros do massacre de 7 de outubro", data do ataque do movimento islamita a Israel, que desencadeou a guerra dos últimos meses em Gaza.
"O ataque realizou-se numa zona fechada gerida pelo Hamas onde, de acordo com as nossas informações" não se encontrava qualquer civil, garantiu por seu lado o exército israelita, estimando que "a maior parte das vítimas eram terroristas".
Os representantes do Hamas garantiram à AFP que o seu líder militar não morreu.
Mohammed Deif, "está bem e suprevisiona diretamente as operações das Brigadas al-Qassam [o braço armado do Hamas] e da resistência", referiram sob anonimato.
Paragem nas negociações
As mesmas fontes afirmaram que a decisão de parar as negociações veio do chefe do gabinete político do grupo, Ismaïl Haniyeh, que "informou desta decisão os mediadores e os intervenientes regionais numa série de telefonemas". A decisão é um duro golpe para as conversações que tentam há meses encontrar uma solução que permita o regresso da paz, através dos esforços dos mediadores, Qatar, Egito e Estados Unidos.
A maratona negocial tinha recomeçado na semana passada após o Hamas ter aceitado negociar a libertação de reféns raptados a 7 de outubro e de prisioneiros palestinainos, apesar da falta de um acordo de cessar-fogo com Israel.
Sábado à noite, depois do ataque a Khan Younis, Haniyeh acusou em comunicado oficial o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que procurar bloquear um processo através de "massacres hediondos".
"A posição israelita", considerou, "consiste em colocar obstáculos que impedem a obtenção de um acordo", denunciou o líder islamita, destacando que, pelo contrário, os palestinianos mantêm "uma resposta positiva e responsável".
Durante a madrugada de domingo, novos bombardeamentos israelitas fizeram 27 mortos em Gaza.
A Arábia Saudita condenou este domingo os "massacres genocidas" contínuos em Gaza, pela "máquina de guerra israelita".