Hamas lamenta que decisão do tribunal de Haia se fique por Rafah

por Lusa

O Hamas saudou hoje a decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) de ordenar a Israel a suspensão da ofensiva militar em Rafah, mas lamentou que a medida não abranja toda a Faixa de Gaza.

O Hamas espera que o TIJ "tome uma decisão que ponha termo à agressão e ao genocídio contra o nosso povo em toda a Faixa de Gaza, e não apenas em Rafah", disse num comunicado.

O grupo islamista palestiniano argumentou que "o que se passa em Jabalia e noutras zonas não é menos criminoso e perigoso do que o que se passa em Rafah", segundo a agência francesa AFP.

Apelou ainda "à comunidade internacional e às Nações Unidas para que pressionem a ocupação [Israel] a cumprir imediatamente a decisão" do TIJ, afirmando que têm a "responsabilidade histórica de defender o princípio da justiça internacional".

As decisões do TIJ, o principal órgão judiciário da ONU, são juridicamente vinculativas, mas o tribunal não tem meios para as fazer cumprir.

Na decisão divulgada hoje na sede do TIJ, em Haia, nos Países Baixos, o tribunal apelou para a libertação imediata das pessoas feitas reféns durante o ataque de 07 de outubro de 2023 contra Israel.

O TIJ "considera profundamente preocupante que muitos destes reféns permaneçam em cativeiro e reitera o apelo à sua libertação imediata e incondicional", afirmou o tribunal.

Durante o ataque de 07 de outubro, os militantes do grupo extremista mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Cerca de metade desses reféns foram entretanto libertados, a maioria no quadro do processo de troca de prisioneiros palestinianos detidos por Israel durante um cessar-fogo de uma semana em novembro do ano passado.

Israel afirma que cerca de uma centena de reféns ainda estão presos em Gaza, além de se encontrarem no enclave os corpos de cerca de 30 sequestrados.

O exército israelita anunciou hoje que recuperou os corpos de três pessoas que foram mortas em 07 de outubro, poucos dias depois de ter encontrado outros três corpos de reféns.

Além da suspensão das operações militares em Rafah, o TIJ disse que Israel deve manter aberta a passagem existente nesta cidade do sul da Faixa de Gaza para permitir a entrada de ajuda humanitária sem restrições.

Israel deve também garantir o acesso de qualquer comissão mandatada pela ONU "para investigar alegações de genocídio" e tem um prazo de 90 dias para apresentar um relatório sobre a aplicação das medidas do TIJ.

O TIJ pronunciou-se sobre a guerra na Faixa de Gaza no âmbito de um processo levantado pela África do Sul contra Israel.

O ataque sem precedentes do Hamas de 07 de outubro desencadeou uma ofensiva israelita na Faixa de Gaza, que as autoridades locais dizem ter causado mais de 35.800 mortos desde então.

O Hamas, considerado por Israel como uma organização terrorista, controla a Faixa de Gaza desde 2007.

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