Homicídio de físico. PJ colabora com FBI na investigação a suspeito português encontrado morto

Foi identificado na última madrugada o suspeito do assassinato do físico Nuno Loureiro e do ataque na Universidade Brown. Cláudio Neves Valente, português, vivia há mais de 20 anos nos Estados Unidos. Foi encontrado morto.

Inês Moreira Santos, Carlos Santos Neves - RTP /
CJ Gunther - Reuters

A Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária está envolvida na investigação encabeçada pelo norte-americano FBI ao ataque na Universidade Brown e ao homicídio do físico português Nuno Loureiro. O objetivo passa agora por reconstituir o percurso de Cláudio Valente, identificado como suspeito, ao longo dos últimos 25 anos.

Cláudio Neves Valente, português, vivia há mais de duas décadas nos Estados Unidos. Foi encontrado morto, após aparente suicídio.

“Face às inúmeras solicitações da comunicação social, isto a propósito das notícias que dão conta do envolvimento de um cidadão português em investigações por parte das autoridades dos Estados Unidos da América, aos factos relacionados com o homicídio do físico Nuno Loureiro e de estudantes da Universidade de Brown, a Polícia Judiciária informa que foi ontem contactada e se encontra a prestar colaboração e apoio às autoridades daquele país, desde o momento inicial em que o suspeito se tornou, para aquelas, alvo de interesse”, indica em comunicado a polícia portuguesa de investigação criminal.
Jornal da Tarde | 19 de dezembro de 2025

As autoridades norte-americanas anunciaram na madrugada desta sexta-feira ter identificado o suspeito do assassinato do físico Nuno Loureiro e também do ataque na Universidade Brown.O suspeito foi encontrado morto na noite de quinta-feira, após cometer, aparentemente, suicídio, num armazém em Salem, em New Hampshire, a cerca de 20 quilómetros da baixa da cidade de Boston.

Por agora, Neves Valente é o único suspeito do tiroteio na Universidade Brown, assim como do homicídio do cientista português, embora os motivos não sejam ainda conhecidos.

Antigo aluno da Brown, foi encontrado morto com um ferimento de bala que terá sido autoinfligido, anunciou o chefe de polícia de Providence, no Estado norte-americano de Rhode Island, Oscar Perez.
Jornal da Tarde | 19 de dezembro de 2025

Segundo a investigação, o suspeito terá agido sozinho.

Os investigadores acreditam que o homem é responsável pelo ataque na Universidade Brown, no sábado, e pelo assassínio do professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, morto a tiro em casa, em Brookline, na segunda-feira, de acordo com a procuradora federal de Massachusetts, Leah B. Foley.Duas pessoas morreram e nove ficaram feridas no ataque a tiro na universidade.

Valente e Loureiro frequentaram o mesmo programa académico numa universidade em Portugal, entre 1995 e 2000, acrescentou Foley. Loureiro, que cresceu em Viseu, formou-se e fez investigação no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

O português obteve o estatuto de residente permanente legal nos Estados Unidos em 2017. O programa de vistos disponibiliza anualmente até 50 mil vistos, através de sorteio, a pessoas de países pouco representados nos Estados Unidos, muitos deles em África.O Governo português veio esta sexta-feira exprimir "grande tristeza e consternação" pela confirmação da nacionalidade portuguesa do suspeito. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse ainda respeitar a decisão, por parte da Administração Trump, de suspender o programa de vistos que permitiu a entrada nos Estados Unidos de Cláudio Neves Valente.


O secretário de Estado das Comunidades afirmou, por sua vez, desconhecer, por ora, as motivações do crime. Emídio Sousa revelou apenas que Cláudio Valente se mudara há um mês para a região de Boston onde o crime foi perpetrado.
Há muito que Trump se opõe a este programa e ao sorteio, que foi criado pelo Congresso norte-americano. Quase 20 milhões de pessoas inscreveram-se no sorteio de 2025, tendo sido selecionadas mais de 131 mil, incluindo cônjuges.

Após serem sorteados, devem passar por uma verificação para poderem entrar nos Estados Unidos, que inclui uma entrevista em consulados e os mesmo requisitos que os restantes candidatos a vistos.

Os cidadãos portugueses ganharam apenas 38 vagas no ano passado.

c/ Lusa
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