HRW aponta crime de guerra em ataque a prédio que matou 40 civis em Izium

por Lusa
Não foi encontrada justificação para o ataque ao prédio residencial Sergiy Kozlov-Epa

Quarenta e quatro civis morreram em março de 2022 num ataque contra um prédio de apartamentos em Izium, no leste da Ucrânia, tratando-se de um crime de guerra, denunciou a Human Rights Watch (HRW) num novo relatório.

O relatório "Mil Explosões nos Meus Ouvidos", divulgado esta quarta-feira, tenta reconstituir os acontecimentos de 9 de março do ano passado, poucas semanas após o início da invasão russa da Ucrânia, "para mostrar os efeitos devastadores do ataque ao prédio na rua Pershotravneva, 2, em Izium", na província de Kharkiv, "um dos mais mortais para civis" desde o começo da guerra.

Segundo a investigação da HRW, o edifício encontrava-se perto das linhas da frente e as suas caves serviam de abrigo para dezenas de civis, mas não foram encontradas provas de que as forças ucranianas estivessem a usar o prédio para fins militares.

"Não encontrámos nenhuma prova para justificar tratar o prédio de apartamentos como um alvo militar legítimo, ou que as forças russas tentaram evitar ou minimizar a destruição de tantas vidas civis", afirmou Richard Weir, investigador chefe de crises e conflitos da HWR, apontando que "várias famílias ficaram soterradas nos abrigos".

A organização não-governamental (ONG) recorda que antes de 9 de março houve hostilidades contínuas na área do prédio de cinco andares, no distrito central da cidade, junto do rio Donets e de uma ponte pedonal estratégica.

A cidade caiu no final do mês e só seria recuperada pelas forças ucranianas em setembro. Entre estes dois momentos, "fora de Izium, pouco se sabia sobre o ataque que destruiu a rua Pershotravneva, 2", de acordo com a ONG.

Para produzir este relatório, entre o final de setembro e meados de março de 2023, a HRW entrevistou 21 pessoas de Izium, incluindo sobreviventes e testemunhas, familiares das vítimas e equipas de emergência, além de ter procurado provas físicas, analisado imagens de satélite, fotos e vídeos, inclusive de `drones` (aparelhos aéreos não tripulados).

 

 

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