Indiciada por corrupção e fraude. Federica Mogherini garante "colaboração total" às autoridades

A ex-chefe da diplomacia da União Europeia está indiciada dos crimes de corrupção, fraude, conflito de interesse e violação de segredo profissional, segundo a Procuradoria Europeia.

Lusa /
Foto: David Zorrakino - Europa Press via Reuters Connect

A reitora do Colégio da Europa e ex-chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, disse hoje que vai "oferecer colaboração total às autoridades" que investigam alegações de corrupção e fraude.

"Vou continuar a oferecer a minha colaboração total às autoridades", disse Federica Mogherini numa declaração escrita enviada pelo Colégio da Europa.

Federica Mogherini, ex-vice-presidente da Comissão Europeia, acrescentou ter "toda a confiança de que será comprovada a retidão das ações do Colégio da Europa".

"Clarifiquei a minha posição aos investigadores que estão a atuar em nome da Procuradoria Europeia", comentou a reitora daquela instituição académica, sustentando que, "na sua longa tradição, o Colégio da Europa aplicou sempre os maiores padrões de justiça e integridade e vai continuar a atuar assim".

"Ao longo de três anos, a Academia Diplomática da União Europeia providenciou instrução da mais elevada qualidade e práticas aos seus integrantes", advogou.

Federica Mogherini foi indiciada pelos crimes de corrupção, fraude, conflito de interesse e violação de segredo profissional, revelou a Procuradoria Europeia.

Federica Mogherini, ex-alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança durante a presidência da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker (2014-2019), foi detida na terça-feira, na sequência de buscas feitas às instalações do Colégio da Europa.

Foi depois interrogada durante cerca de 10 horas, até depois da meia-noite.

A ex-chefe da diplomacia do bloco comunitário europeu é reitora daquela instituição académica, na cidade belga de Bruges desde setembro de 2020.

Em causa está o alegado favorecimento de uma candidatura para um projeto para instrução de jovens diplomatas que recebeu financiamento da UE.

De acordo com a Procuradoria Europeia, o projeto vencedor teve acesso a informação confidencial que o beneficiou.

O diplomata italiano Stefano Sannino, atual diretor-geral do departamento da Comissão Europeia para o Médio Oriente, Norte de África e Golfo, também está indiciado pelos mesmos crimes e foi um dos três detidos.

Sannino foi secretário-geral executivo do Serviço Europeu de Ação Externa.

A Procuradoria Europeia também fez buscas nas instalações do Serviço de Ação Externa da UE, em Bruxelas, que coordena a diplomacia comunitária e hoje é tutelado por Kaja Kallas, atual alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, funções que Federica Mogherini desempenhou entre 2014 e 2019.

Além da ex-vice-presidente da Comissão Europeia e do diplomata italiano, um funcionário do Colégio da Europa também foi detido e enfrenta as mesmas acusações.

Os três foram libertados, uma vez que a Procuradoria Europeia diz que não há perigo de fuga.

O Colégio da Europa é conhecido como a instituição académica da elite europeia e é uma escola de renome para a formação de diplomatas.

O Presidente de França, Emmanuel Macron, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, frequentaram a instituição, assim como os antigos presidentes da Comissão Europeia Jacques Delors e Jean-Claude Juncker, e o primeiro-ministro polaco e antigo presidente do Conselho Europeu Donald Tusk.

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