Inteligência Artificial. China quer maior controlo interno contra "tempestades perigosas"

por Carla Quirino - RTP
Florence Lo - Reuters

O presidente chinês, Xi Jinping, pediu medidas de segurança nacional mais reforçadas para lidar com os riscos que os avanços na Inteligência Artificial representam. Na declaração emitida após uma reunião na terça-feira, Jinping alerta para os danos de tais tecnologias e descreve-as como "tempestades perigosas".

A administração de Xi Jinping e dirigentes do Partido Comunista Chinês concordaram em pedir maior supervisão estatal sobre a Inteligência Artificial para combater as “tempestades perigosas” que o país enfrenta.

A “complexidade e gravidade dos problemas de segurança nacional enfrentados pelo nosso país aumentaram dramaticamente”, acentuou Xi.

Durante uma reunião em Pequim, foi discutida a necessidade de “esforços dedicados para salvaguardar a segurança política e melhorar a gestão na segurança de dados da Internet e Inteligência Artificial”, de acordo com a agência oficial de notícias Xinhua.

“A frente de segurança nacional deve desenvolver autoconfiança estratégica, ter confiança suficiente para garantir a vitória e estar ciente das suas próprias forças e vantagens”, difundiu a agência.

“Devemos estar preparados para os piores cenários e cenários extremos e prontos para resistir ao grande teste de ventos fortes, águas agitadas e até mesmo tempestades perigosas”.

A China precisa de um “novo padrão de desenvolvimento com uma nova arquitetura de segurança”, rematou Xi.
Contradição
A China alertou em 2018 para a necessidade de regular a IA, mas, mesmo assim, financiou uma ampla expansão na área para aproveitar as tecnologias de ponta.

Ao anunciar planos para se tornar um líder global em IA até 2030, o grupo de consultoria McKinsey estimou que o sector poderia acrescentar cerca de 600 mil milhões dólares por ano ao produto interno bruto da China até então.

Todavia, esta reunião governativa deixa clara a tensão entre a determinação da China em assumir a liderança global em tecnologias de ponta e as preocupações sobre os possíveis danos sociais e políticos de tais tecnologias.

Aumentar o controlo estatal faz parte da estratégia chinesa para combater qualquer que seja a “tempestade perigosa” que se avizinhe.

E por isso Pequim definiu um projeto de lei, divulgado no mês passado, que exige que todos os produtos de IA passem por uma avaliação de segurança antes de serem libertados.

Os produtos de IA serão obrigados a refletir “valores socialistas centrais”, afirma o projeto de lei, e não devem “conter conteúdo sobre a subversão do poder do Estado”.

O Governo de Xi afirmou que os deepfakes – falsas imagens e gravações de áudio geradas por IA que podem tomar contornos demasiado realistas – também representam um “perigo para a segurança nacional e a estabilidade social”.

Para diminuir as "ameaças à segurança nacional", a China também restringiu o acesso a dados, investigou firmas de consultoria estrangeiras e fortaleceu as leis de contra-espionagem.

A perspetiva da China surge logo após a divulgação da mais recente reflexão sobre os sistemas de Inteligência Artificial que superam os humanos ou até mesmo poderem infligir a extinção humana.

Os signatários deste alerta são centenas de cientistas, analistas e representantes das gigantes da indústria de tecnologia nos EUA, como a Microsoft e a Google.
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