Irão acusado. Petroleiros sauditas alvo de alegada sabotagem

por Joana Raposo Santos - RTP
O alegado ataque não levou ao derramamento de petróleo nem provocou feridos ou mortos Adri Schouten - Reuters

Dois petroleiros sauditas sofreram danos naquele que poderá ter sido um ataque de sabotagem na costa dos Emirados Árabes Unidos. A informação foi avançada esta segunda-feira pelo ministro da Energia da Arábia Saudita, poucos dias depois de os Estados Unidos terem alertado que o Irão poderia ter como alvo navios comerciais e infraestruturas petrolíferas na região.

De acordo com o ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih, num anúncio divulgado pela agência de notícias do reino, “a estrutura dos dois petroleiros sofreu danos significativos”, mas não terá havido derramamento de “petróleo ou químicos nocivos” nem feridos ou mortos.

Khalid al-Falih considerou o ataque como “uma tentativa de enfraquecer a liberdade da navegação marítima e a segurança do fornecimento de petróleo aos consumidores de todo o mundo”.

Um dos dois navios sauditas atacados estava a preparar-se para ser abastecido no porto da cidade de Ras Tanura, na Arábida Saudita, com petróleo que seria depois entregue a clientes nos Estados Unidos.
Irão lamenta incidentes
No domingo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita afirmou que quatro navios comerciais sauditas estavam a ser alvo de futuras “operações de sabotagem” na costa leste do país, mas não forneceu mais detalhes sobre o possível ataque ou sobre os seus responsáveis.

Depois de a alegada sabotagem ter acontecido, o Ministério assegurou que as autoridades já se encontram a trabalhar com entidades locais e internacionais para investigar o incidente, descrito como “um desenvolvimento perigoso”.

“A comunidade internacional tem de assumir as suas responsabilidades para impedir quem quer que tente prejudicar a segurança e a proteção do tráfego marítimo”, apelou o Ministério.

O Irão já reagiu aos acontecimentos, com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país a lamentar os “alarmantes e lamentáveis” incidentes e a pedir mais informações sobre a alegada sabotagem.

O porta-voz alertou ainda para “enredos criados por pessoas mal-intencionadas para perturbar a segurança nacional” e pediu uma maior “vigilância dos Estados [dos Emirados Árabes Unidos] face a qualquer ação por elementos estrangeiros”.
Tensão Irão-EUA
Na quinta-feira, a Administração Marítima norte-americana tinha alertado para a possibilidade de “o Irão ou os seus representantes” terem como alvo “navios comerciais, incluindo petroleiros, ou navios militares no Mar Vermelho, no Estreito de Bab-el-Mandeb ou no Golfo Pérsico”.
As relações entre o Irão e os Estados Unidos têm-se deteriorado desde que, há um ano, Donald Tump decidiu a retirada unilateral do acordo nuclear de 2015.

“Desde o início de maio existe uma crescente possibilidade de que o Irão e/ou os seus representantes regionais tomem medidas contra os interesses dos Estados Unidos e dos seus parceiros (…) depois de recentemente [o Irão] ter ameaçado fechar o Estreito de Ormuz”, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo consumido a nível global, avisaram os EUA.

No início deste mês, a Administração Trump destacou um porta-aviões e bombardeiros para o Médio Oriente de modo a “passar uma mensagem” ao Irão e impedir eventuais ataques por parte do país contra as forças norte-americanas na região.

Na passada quarta-feira, o Irão anunciou a retirada parcial do acordo nuclear que os EUA tinham já abandonado e o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, ameaçou retomar o enriquecimento de urânio caso os cinco países signatários do acordo de 2015 - Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia – recusem cumprir com a promessa de proteger os setores petrolífero e bancário do país do Médio Oriente.
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