Irão garante que ataque ao consulado em Damasco "não ficará sem resposta"

por Cristina Sambado - RTP
Firas Makdesi - Reuters

O alegado ataque de Israel ao consulado do Irão em Damasco, capital da Síria, na segunda-feira, "não ficará sem resposta", afirmou esta terça-feira o presidente iraniano, Ebrahim Raisi. O ataque aéreo provocou 11 mortos: oito iranianos, dois sírios e um libanês.

"Dia após dia, assistimos ao reforço da frente de resistência e à repulsa e ao ódio das nações livres contra a natureza ilegítima" de Israel "e este crime cobarde não ficará sem resposta", acrescentou o presidente iraniano em comunicado.
Teerão prometeu retaliar por este ataque sem precedentes a um edifício diplomático iraniano na Síria, onde o Irão e os seus aliados apoiam o governo do presidente Bashar al-Assad.
Ebrahim Raisi condenou um "ato de invasão desumano, agressivo e desprezível que constitui uma violação flagrante das regras internacionais".

Para Raissi, Israel "inscreveu os assassinatos indiscriminados na sua agenda" depois de ter sofrido "repetidas derrotas e fracassos contra a fé e a vontade dos combatentes da Frente de Resistência", mas "deve saber que nunca conseguirá atingir os seus objetivos sinistros com meios tão desumanos".

O Corpo de Guardas da Revolução Islâmica do Irão declarou num comunicado que sete conselheiros militares iranianos morreram no ataque, incluindo Mohammad Reza Zahedi, um comandante sénior da sua Força Quds, que é um braço de elite de espionagem e paramilitar.

"O inimigo israelita lançou ataques aéreos a partir do Golan sírio ocupado, visando o consulado iraniano em Damasco", disse o Ministério da Defesa da Síria.

Já o ministro sírio dos Negócios Estrangeiros, Faisal Mekdad, que esteve no local juntamente com o ministro do Interior, condenou “veementemente este atroz ataque terrorista que teve como alvo o edifício do consulado iraniano em Damasco e matou um inocentes".
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Hossein Amir-Abdollahian, convocou o encarregado de negócios da Suíça em Teerão, que representa os interesses dos Estados Unidos no país.O embaixador do Irão na Síria revelou que o ataque atingiu um edifício consular no complexo da embaixada e que a sua residência ficava nos dois últimos andares.

"Uma mensagem importante foi enviada ao governo norte-americano, uma vez que apoia a entidade sionista [expressão usada para Israel]. A América deve assumir as suas responsabilidades", sublinhou o ministro, citado pela agência de notícias iraniana Irna, apelando ainda "à comunidade internacional" para que dê "uma resposta séria" aos ataques israelitas.

O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se esta segunda-feira para discutir o ataque, revelou o embaixador da Rússia junto da ONU, Dmitry Polyansky, pedido já aceite, escreveu o diplomata na rede social X (antigo Twitter).

Há muito que Israel tem como alvo as instalações militares do Irão na Síria e as dos seus representantes, mas no ataque de segunda-feira foi a primeira vez que Israel atingiu o vasto complexo da embaixada.
Questionado na noite de segunda-feira sobre o ataque durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do exército de Israel, contra-almirante Daniel Hagari, respondeu que "não comenta informações da imprensa estrangeira".
Israel intensificou esses ataques em paralelo com a campanha contra o movimento radical Hamas, apoiado pelo Irão, que desencadeou a guerra de Gaza com um ataque a Israel a 7 de outubro, que matou cerca de 1.200 pessoas e fez 253 reféns, de acordo com os dados israelitas.

Desde o início de outubro, as Forças de Defesa de Israel intensificaram os ataques aéreos na Síria contra o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica do Irão e o grupo armado libanês Hezbollah, apoiado pelo Irão, que apoiam o governo do presidente sírio Bashar al-Assad.
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