"Irritantes". Exercícios militares russos na África do Sul motivam críticas da diplomacia europeia

por Andreia Martins - RTP
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, durante uma visita a Pretória esta semana, onde esteve reunido com a homóloga sul-africana, Naledi Pandor. Kim Ludbrook - EPA

A partir de Pretória, onde participou no Diálogo Ministerial entre África do Sul e a União Europeia, o chefe da diplomacia europeia destacou a "trajetória positiva" das relações e parceria estratégica, mas reconheceu "os irritantes existentes". Josep Borrell defendeu que os países devem "influenciar a Rússia a parar com a guerra ilegal de agressão" contra a Ucrânia.

Desde o início do conflito que a África do Sul se tem recusado a condenar a invasão russa da Ucrânia, com o continente africano a tornar-se novamente num campo de disputa de influências.

No caso de Pretória, as tensões são ainda mais elevadas, já que as autoridades sul-africanas deverão levar a cabo um exercício militar conjunto com a Rússia e a China entre os dias 17 e 27 de fevereiro.

Para o responsável da diplomacia europeia, Josep Borrell, estes exercícios conjuntos não são uma boa notícia, também pelo timing em que ocorrem: “A coincidência entre o início da guerra e estes exercícios militares não é a melhor coisa para nós”, sublinhou.

“A parceria estratégica segue uma trajetória positiva, apesar dos irritantes existentes”, reconheceu.


Perante o nível de instabilidade global “sem precedentes”, a União Europeia e a África do Sul devem “trabalhar em conjunto na defesa da Carta das Nações Unidas e da lei internacional – o que inclui influenciar a Rússia a parar com a guerra ilegal de agressão contra a Ucrânia”, acrescentou Borrell numa mensagem publicada no Twitter.

Ao lado da ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros, Naledi Pandor, o representante europeu disse que compreende a aproximação de alguns países à Rússia.

A União Europeia “não está a pedir à África do Sul que escolha o seu lado”, mas apenas que Pretória faça uso das boas relações com Moscovo para tentar acabar com a guerra.

Dias antes, a MNE sul-africana tinha recebido o homólogo russo, Sergei Lavrov. Ao lado do ministro russo, defendeu os exercícios conjuntos, acrescentando que todos os países encetam este tipo de treinos com os seus “amigos”.

Alvo de criticas por parte de vários países, o ministério sul-africano da Defesa lembrou que o país também já acolheu exercícios militares conjuntos de França, Estados Unidos e outros países da NATO.

Os exercícios conjuntos com a Rússia e a China decorrem em fevereiro na cidade portuária de Durban e em Richards Bay.
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