Israel. Ministro da Comunicação propõe sanções contra jornal por "propaganda falsa"

O ministro israelita da Comunicação, Shlomo Karhi, propôs esta quinta-feira uma resolução governamental para suspender qualquer publicidade, assinaturas ou outros laços comerciais com o jornal de esquerda "Haaretz", devido à sua cobertura do conflito na Faixa de Gaza, acusando o diário de ser o "porta-voz dos inimigos de Israel" e de veicular "propaganda derrotista e falsa" contra o Estado de Israel.

Rachel Mestre Mesquita - RTP /
Amir Cohen - Reuters

Numa carta dirigida ao gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o ministro da Comunicação de Israel denuncia a posição editorial do jornal Haaretz na sua cobertura da guerra, propondo cortar todas as relações comerciais com a publicação, nomeadamente suspender a publicidade estatal paga e bloquear quaisquer pagamentos pendentes.

"À luz da distribuição consistente de "propaganda derrotista e falsa, e incitamento contra o Estado de Israel durante a guerra" no jornal Haaretz, apresentei agora ao governo uma proposta de resolução para parar o financiamento do jornal", anunciou Shlomo Karhi numa publicação na rede social X, antigo Twitter, na quinta-feira. 


“Desde o início da guerra, o meu gabinete tem recebido inúmeras queixas de que o jornal Haaretz tem adotado uma linha prejudicial que prejudica os objetivos da guerra e enfraquece o esforço militar e a resistência da sociedade", escreveu Shlomo Karhi na sua carta, segundo o jornal israelita The Times of Israel.

O ministro acrescentou que  "é inconcebível que, numa altura em que estamos a tomar medidas contra canais estrangeiros, um jornal israelita possa continuar a receber uma parte significativa do seu financiamento do povo israelita, servindo de porta-voz inflamado dos inimigos de Israel", de acordo com o jornal francês Libération."Se o governo quer fechar o Haaretz, agora é a altura certa para ler o Haaretz", reagiu o diretor do Haaretz, Amos Schocken.

Desde o início do conflito entre o Hamas e Israel, a 7 de outubro, que o ministério da Comunicação tem agido para silenciar aqueles que considera estarem contra os interesses de Israel, tendo conseguido suspender a emissão do canal de notícias libanês Al Mayadeen, associado ao Hezbollah, alegadamente por prejudicar a segurança nacional, conta o Libération. 

Apesar de ter tentado igualmente suspender a emissão do canal Al Jazeera, com sede em Doha, a proposta foi recusada pelo Governo de Netanyahu devido aos esforços diplomáticos do Catar na libertação de reféns no conflito.


Numa publicação na rede social X, o diário israelita de esquerda escreveu"enquanto o Governo de Netanyahu tenta sufocar a imprensa livre em Israel, o Haaretz continua empenhado em informar sem medo ou favor".

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